Mobilizada pelos acidentes recentes no Brasil e no Canadá, a comunidade geotécnica envolvida na construção e operação dessas barragens está propondo uma ampla revisão nos procedimentos técnicos e de gestão.

Para evitar que novos acidentes produzam tragédias como a de Mariana (MG), os especialistas elaboraram uma carta aberta propondo seis medidas práticas para aumentar a segurança das barragens de rejeitos. A primeira delas é justamente a elevação dos padrões de segurança ao nível do observado na construção e operação de outras estruturas, como as barragens de hidrelétricas.

“Muitas das barragens de rejeitos estão hoje próximas a centros urbanos e áreas de proteção ambiental”, explica André Assis, presidente da ABMS (Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica), que assina a carta aberta em nome da comunidade geotécnica. “Uma eventual ruptura causa prejuízos de proporções monumentais, que levam à perda de vidas humanas, produzem danos ao meio ambiente e podem conduzir ao fechamento da própria empresa responsável pela barragem”.

As 6 propostas da Carta Aberta da ABMS são as seguintes:

• As especificações técnicas das barragens de disposição de rejeitos devem ser as mesmas utilizadas para outros barramentos civis

• Os responsáveis pela segurança das barragens de disposição de rejeitos devem se reportar diretamente à mais alta direção executiva da empresa

• Aplicação de Governança robusta aos processos de engenharia

• A complexidade da engenharia aplicada às barragens de rejeitos e sua inserção social e ambiental exige rigorosa gestão de riscos

• Barragens de Rejeitos Alteadas por Montante podem ser estruturas seguras em ambientes de baixa sismicidade

• Normas e guias com diretrizes e recomendações são úteis para disciplinar os processos de engenharia