Há dois anos a Scania lançava no mercado o Heavy Tipper, um caminhão off road voltado à mineração, para ocupar o nicho de mercado de veículos pesados na faixa anterior aos da linha amarela, que tem capacidade acima de 70 t. Na época, a empresa reforçava o pós-venda como diferencial para conquistar espaço no setor.
Hoje, com aperfeiçoamentos nos veículos e nos serviços, a empresa foca na disponibilidade para avançar em operações de mineração que trabalham com veículos de 40 a 50 t de carga líquida.
A nova linha XT tem essas características de produtividade versus hora trabalhada. A robustez é item essencial nas opções 6×4 e 8×4, as mais demandadas na mina e na planta. O treinamento de operadoras é considerado ponto crucial pela empresa para melhor desempenho do veículos da linha.
Serviços Conectados
A gestão da frota, uma preocupação permanente hoje na mineradora por conta da rentabilidade do negócio, caminha na Scania sobre o nome de Serviços Conectados de avaliação de desempenho remotamente do veículo quando utilizado.
O pacote envolve desde acompanhamento em tempo real do consumo de combustível aos desgastes de componentes. As situações severas e críticas de caminhões na mineração tornam ações de manutenção algo sensível.
De acordo com Fabricio Vieira, gerente da área de off road da companhia, veículos na mineração rodam muitas vezes 24 horas por dia, o que dificulta até a parada para observação in loco no caminhão do que pode ter sido apontado pelos dados captados pelos Serviços Conectados.
Desde 2016, todos os caminhões da Scania vêm com a solução embarcada, com usuário optando em ter ou não plano de acompanhamento das informações geradas de gestão e controle dos custos operacionais.
Da sua frota de 108 mil veículos no país, a empresa informa que há até o momento 24 mil veículos conectados – 22.678 caminhões (94%) e 1.416 ônibus (6%) ativos com o serviço. Em volume, é o maior em Serviços Conectados no mundo da marca.
Mais de 50% dos caminhões tem saído atualmente com planos de manutenção – o que inclui a disponibilização de dados dos Serviços Conectados. A marca cita cerca de 10 mil planos hoje.
O mais recente lançado é o Plano Premium Flexível, baseando o preço por faixa de consumo de combustível, envolvendo manutenção preventiva e corretiva.
Uma outra realidade tem sido uma solução chamada Tailor Made for Aplication (TMA), com a possibilidade de oferecer no caminhão soluções adequadas ao usuário, a partir de análise de aplicação e local da operação antes da aquisição pelo usuário.
Motores a gás
A empresa tem impulsionado o segmento de motores a gás para grupos geradores de energia e testado em caminhões o uso dessa matriz energética, que ocupará espaço do diesel cada vez maior nos próximos anos.
Segundo a marca, os pedidos aumentaram em 40% de geradores movidos a gás. A Scania chegou a desenvolver um motor V8 de 16,4 litros, produzido especificamente para o uso de gás natural e agora a biogás para grupos geradores.
São propulsores que, de acordo com a multinacional, oferecem baixo ruído e menor custo operacional a médio e longo prazo em relação ao diesel.
Com biogás, a redução de emissões de CO2 pode atingir até 90%, segundo Celso Mendonça, gerente de vendas de motores da Scania no Brasil. O motor movido a gás compartilha de muitos componentes do motor V8 a diesel dos caminhões.
Case
A empresa catarinense Koala Energy, aplicou esses motores a gás para grupos geradores de energia. A empresa passou a utilizar os resíduos de sua cadeia produtiva para gerar biomassa (matéria-prima utilizada para abastecer os geradores), mais especificamente para fabricar paletes.
Os V8 movidos a gás natural ofereceram uma redução significativa de 65% do custo operacional em comparação ao diesel. Além da produção de energia elétrica para a fábrica, os gases de escape dos geradores são utilizados como sistema de ventilação dos radiadores, para fazer a secagem da madeira no processo de produção dos paletes.
A Koala entrega 200 contêineres de paletes por mês para vários países.
Testes
A Scania também está desenvolvendo com a ZEG, uma empresa de projetos em energia renovável, caminhão 100% movido a biometano.
O trabalho ocorre em um caminhão fora de estrada nas usinas de açúcar e álcool da São Martinho, utilizando o biometano.
A empresa sueca já investiu no Brasil em desenvolvimento R$ 21 milhões nos veículos movidos com gás natural e/ou biometano. A industrialização desse tipo de veículo está prevista para o início do ano que vem, na unidade industrial de São Bernardo do Campo (SP).
A Scania e a Citrosuco, por meio da transportadora Morada Logística, já realiza testes com um caminhão que pode ser abastecido com gás natural.
Em relação a um modelo diesel, houve uma diminuição de 15% no custo do km rodado com combustível, comprovando a viabilidade do projeto, de acordo com dados da marca.
A rota percorrida por esse veículo movido a gás é entre Matão (sede da Citrosuco) até o Porto de Santos, em São Paulo. O caminhão tem 550 km de autonomia e o abastecimento é feito em posto de gasolina que oferece GNV – o abastecimento leva pouco mais de meia hora.
A Scania tem 3 mil veículos no mundo rodando a GNV e Biometano.
Mercado
A Scania informa ter recebido esse ano mais de 10 mil encomendas de caminhões. Na faixa de mercado em que atua, acima de 16 t (semipesados e pesados; quase a totalidade de pesados, aliás), o volume de vendas poderá chegar a 50% superior a 2018 – ou algo em torno de 15 mil unidades, sendo de 15% a 20% de unidades off road.
A marca menciona 400 caminhões já vendidos esse ano para a mineração.
(Augusto Diniz – Tatuí/SP)