Estudo produzido em 90 dias envolveu diversos órgãos, empresas e entidades e visitou mais de 30 empresas de mineração

O grupo de trabalho (GT) de Barragens de Mineração e Transformação Mineral, criado pelo Governo do Estado de São Paulo e coordenado pela Secretaria de Energia e Mineração, entregou em 29 de fevereiro o relatório com as recomendações para empresas e órgãos públicos visando a adequação das estruturas, adoção de novas tecnologias e a mitigação de riscos, conforme as leis vigentes.

“Queremos mostrar que as empresas podem vir ao Estado e investir em mineração, porque estamos equipados e preparados para todo e qualquer empreendimento que queira gerar emprego e renda em São Paulo”, destacou o secretário de Energia e Mineração, João Carlos Meirelles.

O estudo, que durou 90 dias, concluiu que não há possibilidade de ocorrer um acidente com as proporções do que aconteceu na cidade de Mariana, em Minas Gerais. “Não temos nenhuma barragem com o volume e o tamanho da existente em Mariana, mas temos que nos antecipar para evitar problemas que possam causar interrupções de vias e restrição no abastecimento de água”, explica o coordenador do GT e subsecretário de Mineração, José Jaime Sznelwar.

O grupo, formado por técnicos de diversas áreas e setores, visitou mais de 30 empresas no Estado de São Paulo, que contam com barragens. “O caráter multidisciplinar desse grupo de trabalho mostra a importância que o Governo do Estado dá a esse tema”, disse a secretária de Meio Ambiente, Patrícia Iglesias.

Ao todo, 27 recomendações foram feitas e serão endereçadas aos órgãos gestores e fiscalizadores e também para as empresas de mineração. “Temos que avançar nesse setor com mecanismos de alerta e segurança de forma a reduzir os riscos de desastres”, comenta o secretário da Casa Militar e chefe da Defesa Civil, José Roberto Rodrigues de Oliveira.

Entre as principais sugestões estão melhoria e eficiência da fiscalização; incentivo a novas tecnologias para substituir o uso de barragens; garantir que os empreendimentos tenham assistência técnica de engenheiros de minas e de geotecnia; incentivo a novas formas de monitoramento; inserção do conceito de mineração responsável nos planos diretores dos municípios; formação de mão de obra técnica e superior em geotecnia e barragem; melhoria do sistema de sirenes e alarme; realização periódica de simulados; melhoria e unificação de normatização pelos órgãos gestores e fiscalizadores; adoção do APELL Mineração – Sistema criado pela ONU de Alerta e Preparação de Comunidades para Emergências Locais e; inserção do tema mineração e barragem junto à população que convive com o setor.

“São Paulo mostra seu planejamento e que se antecipa a potenciais problemas com o acompanhamento permanente da questão das barragens”, comenta o secretário de Saneamento e Recursos Hídricos, Benedito Braga.

Além das mineradoras, o GT realizou reuniões com fabricantes de equipamentos, soluções tecnológicas e banco de fomento. “É importante destacar o compromisso que São Paulo está assumindo, principalmente em um estado em que a pequena mineração é marcante e precisa ser regulada”, destaca o representante da Escola Politécnica da USP, Giorgio Di Tomi.

Em janeiro, a Secretaria de Energia e Mineração realizou um seminário com os maiores especialistas do Brasil em mineração, barragens, recuperação de água, eliminação de rejeitos e prevenção de acidentes.

O relatório será enviado para o DNPM e para o Ministério de Minas e Energia. “É fundamental que esse estudo de São Paulo chegue a Brasília. Contribuirá enormemente com o trabalho que está sendo desenvolvido em âmbito nacional”, disse o superintendente do DNPM em São Paulo, Ricardo Moraes.

Mineração em São Paulo
Com a recriação da Secretaria de Energia, em 2011, o Governo do Estado vem acompanhando de perto a situação da exploração mineral em São Paulo. Entre as ações realizadas estão a implantação da Subsecretaria de Mineração, o mapeamento da produção mineral no Estado, a produção de OTGMs – Ordenamento Territorial Geomineiro e o incentivo ao setor com a redução do ICMS da areia de 12% para 8%.

Estão cadastradas na política nacional de segurança de barragens do DNPM, 21 barragens de mineração. São barragens de pequeno porte, sendo a maioria de produção de areia e brita. Confira abaixo:

Altura Barramento
(metros)
Volume do Reservatório (m³) Substância Principal Município
72 5.482.139 Apatita Cajati
39,5 3.600.000 Turfa Cajati
75 5.955.022,4 Turfa Cajati
95 7.000.000 Turfa Cajati
16 1.140.224 Areia de fundição Descalvado
15 412.539 Não informado Descalvado
20 614.400 Areia de fundição Guararema
15 825.000 Areia Itapetininga
15 1.125.000 Areia Itapetininga
27 447.372 Granito p/ brita Mogi das Cruzes
15,9 131.746 Caulim Mogi das Cruzes
15 300.000 Não informado Ribeirão Branco
15 231.000 Areia Salto de Pirapora
15 84.000 Areia Salto de Pirapora
5 80.000 Não informado Santa Isabel
5 42.500 Granito p/ brita Santa Isabel
5 85.000 Granito p/ brita Santa Isabel
0 0 Não informado São Lourenço da Serra
49 4.578.888,88 Granito p/ brita São Paulo
25 500.000 Não informado São Paulo
15 337.500 Areia Sarapuí

São Paulo é o terceiro maior produtor de bens minerais do país e o maior consumidor de insumos da cadeia de construção. O Estado também é o maior produtor de equipamentos e insumos para a indústria mineral, empregando mais de 200 mil trabalhadores.

O Estado possui mais de 2.800 minas em operação, com 95% de produção em areia, brita, calcário e argila. Só a Região Metropolitana de São Paulo recebe, diariamente, mais de 9 mil carretas de areia e brita. Diferentemente de outros Estados, predominantemente exportadores, São Paulo é o destinatário final destes insumos, gerando riqueza e renda local.

Fonte: Redação MM