A Vale anunciou a criação da Vale Base Metals, que pode se tornar uma das dez maiores mineradoras do mundo a médio prazo, dado o interesse manifestado por investidores e parceiras potenciais. A divulgação foi feita durante o Vale Day 2022, encontro anual realizado no início de dezembro e de forma presencial, reunindo investidores e analistas do mercado de capitais na Bolsa de Nova York. Durante o evento, a empresa anunciou, também, a conclusão da expansão de Salobo III – uma das maiores minas de cobre do mundo – e apresentou as perspectivas dos seus negócios para os próximos anos, com investimentos previstos na ordem de US$ 6 bilhões para 2023.
A Vale prevê produzir entre 310 milhões e 320 milhões de toneladas de minério de ferro em 2023 – praticamente em linha com a estimativa para o encerramento de 2022. A companhia prevê investimentos de US$ 6 bilhões em 2023, contra US$ 5,5 bilhões este ano—na média projetada até 2027.
O presidente Eduardo Bartolomeo fez a abertura do evento, apresentando os avanços da agenda estratégica, baseada nos pilares de redução de risco, remodelação da empresa, melhorar a avaliação pelo mercado e disciplina na alocação de capital. Além dele, os vice-presidentes executivos Marcello Spinelli, de Ferrosos, Deshnee Naidoo, de Metais Básicos, e Gustavo Pimenta, de Finanças e Relações com Investidores também participaram do evento e mostraram as oportunidades da Vale nos materiais de transição energética, o posicionamento como uma empresa que oferece soluções para a indústria siderúrgica e a necessidade de disciplina operacional e controle de custos.
Salobo III
A vice-presidente executiva de metais básicos da Vale, Deshnee Naidoo, apresentou o projeto de expansão de Salobo, a maior operação de cobre da Vale, no Pará. A previsão é que Salobo III esteja operando com capacidade total no quarto trimestre de 2024.
A iniciativa possui investimento na ordem de US$ 1,1 bilhão e consiste na implantação da terceira linha de beneficiamento com capacidade de 12 Mtpa, aumentando a produção de cobre entre 30 e 40 mil toneladas por ano. E o projeto ainda está em linha com a meta de dobrar a quantidade de mulheres em nossas operações até 2025, pois mais de 40% da força de trabalho da nova planta é feminina.
A nova Vale Base Metals estima investir US$ 20 bilhões
Em relação à nova empresa, a Vale já recebeu ofertas não vinculantes e está perto de vender em torno de 10% do seu negócio de metais, responsável pela extração de cobre e níquel– os metais da transição energética e dos carros elétricos — que podem levar a nova unidade a valer US$ 40 bilhões em certo horizonte de tempo.
“Não há um negócio dessa escala no mundo hoje combinando níquel e cobre”, disse o diretor financeiro da Vale, Gustavo Pimenta, durante o Vale Day. O presidente Eduardo Bartolomeo acredita que a nova empresa pode ficar do tamanho da própria Vale. A empresa estima precisar de investimentos de US$ 20 bilhões em novos negócios e promete revelar o nome dos novos sócios até o fim do primeiro semestre de 2023. Segundo a imprensa, Arcelor Mitall teria manifestado interesse na transação.
Soluções para a siderurgia incluem mega hubs no Oriente Médio
O vice-presidente executivo de Ferrosos, Marcello Spinelli, falou sobre as transformações no mercado siderúrgico e destacou as soluções oferecidas pela Vale. Ressaltou que o uso de produtos aglomerados como as pelotas e os briquetes verdes produzidos pela empresa são considerados essenciais para que se alcance o compromisso de reduzir 15% das emissões líquidas de escopo 3 até 2035.
Ele informou que a Vale assinou, este ano, três acordos com autoridades e clientes locais para o desenvolvimento de “mega hubs” na Arábia Saudita, nos Emirados Árabes Unidos e em Omã, onde irá concentrar minério de ferro e produzir briquetes verdes, que serão utilizados na produção de HBI (ferro-esponja de alta qualidade) e outros produtos siderúrgicos.
São soluções que, salientou Spinelli, contribuem com a redução significativa das emissões de CO2 em toda a cadeia e criarão um valor substancial para os clientes, sociedade e acionistas. “Nós sabemos dos nossos problemas, estamos lidando com eles, temos um plano realista para resolvê-los. Mas o que gostaria de destacar é que estamos nos transformando em uma empresa de soluções para a siderurgia”, afirmou Spinelli.
Estratégia futura inclui o 2º forno em Onça Puma
A vice-presidente executiva de Metais Básicos, Deshnee Naidoo, apresentou um panorama sobre as oportunidades do mercado de cobre e níquel, impulsionados pela descarbonização e pela transição energética. Deshnee também falou sobre os diferenciais competitivos da Vale, como produtos de classe mundial e de baixo carbono, acordos comerciais estratégicos com empresas como Tesla, Northvolt e GM, e dos avanços em inovação e tecnologia para melhoria de segurança e desempenho – como a inauguração do Centro Integrado de Operações Remotas (iROC) em Sudbury (Canadá).
Ela também abordou outros avanços em performance e a estratégia para o futuro, como a recente aprovação do projeto de construção do 2º forno em Onça Puma, no Pará, e o avanço dos projetos Bahodopi e Pomalaa, na Indonésia, que permitirão elevar a produção de níquel.
“Esse é o momento certo para o níquel e para o cobre e nós temos um negócio diferenciado em termos dos recursos que temos. Temos acesso às áreas geográficas certas, lideramos uma agenda de baixo carbono e estamos trabalhando em ações pontuais para estabilizar as nossas operações atuais e crescer a partir delas, assim como temos vários projetos que estamos implementando o mais rápido possível”, reforçou Deshnee Naidoo.
Progresso nas reparações em Brumadinho e Mariana
O presidente da Vale também destacou pontos como os avanços na reparação de Brumadinho e Mariana, a busca por oportunidades de crescimento, a eficiência de custos e a segurança das barragens e operações. Bartolomeo também reforçou a contribuição da Vale para o desenvolvimento social e econômico e consolidar a ambição em ser líder em mineração sustentável, com foco na redução da emissão de CO² e nas medidas para mitigar as mudanças climáticas.
“Nós queremos descarbonizar o mundo. Você vê as mudanças climáticas acontecendo agora no Brasil com um clima cada vez mais estranho e ocorrência de fortes chuvas neste ano e também em 2020. As mudanças climáticas já estão aí e as pessoas precisam se conscientizar disso, porque se nada for feito todo mundo vai sentir o impacto e não só no minério, mas em todos os sentidos. Por isso estamos falamos de revolução energética. E por isso que não estamos apenas falando da boca para fora, estamos atuando para reduzir as emissões de carbono de nosso negócio”, afirmou.
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