A Rio Tinto colocou para funcionar a primeira rede ferroviária automatizada e autônoma de longa distância na Austrália para atender sua mina e planta no interior daquele país. A mineradora já havia se destacado no setor por usar largamente veículos autônomos em suas operações de minério de ferro também naquele país, incluindo caminhões e perfuratrizes. Mas o caminho foi longo e bem estudado para a realização deste ousado projeto.

Lançado em 2008, o programa Mina do Futuro da Rio Tinto visava implementar soluções avançadas para as operações da mineradora. O programa se dividia em várias ações, que foram introduzidas ao longo do período.

Centro de operações

O estabelecimento de Centro de Operações em Perth é um deles. A cidade portuária é uma das maiores da Austrália, estratégica em termos logísticos e localizada na região de Pilbara onde ocorrem as principais operações da Rio Tinto. Dali, com sistemas de última geração, o centro possibilita que todas as minas, portos e sistemas ferroviários sejam operados a partir de um único local, aumentando significativamente as oportunidades de experiência compartilhada e melhoria geral da rede.
O centro incorpora ainda ferramentas de visualização e colaboração para fornecer informações em tempo real em toda a cadeia de demanda e permite otimizar as atividades de mineração, manutenção e logística na região de exploração e beneficiamento da empresa.

Caminhões

Já os sistemas de transporte autônomo (AHS) da mineradora, que é o maior do mundo, é composto por mais de 80 caminhões driverless em operação em diversos locais de Pilbara, com planos para aumentar esse número para mais de 140 até o final de 2019. Os caminhões autônomos da Rio Tinto já transportaram mais de 1 bilhão de t de material em Pilbara, dez anos depois de iniciar testes de seu sistema autônomo de veículos.

Recentemente, a Rio Tinto, juntamente com a Mitsui e a Nippon Steel & Sumitomo Metal, aprovou um investimento de US$ 1,55 bilhão para dois projetos que fazem parte da joint venture de Robe River, na região de Pilbara. Uma vez operacionais, os dois projetos contarão com 34 caminhões de transporte que serão adaptados com a tecnologia autônoma.

A implementação de transporte autônomo significou material mineral movido com mais eficiência e segurança, criando um aumento direto na produtividade. Caminhões de transporte autônomos são operados por um sistema de supervisão e um controlador central, em vez de um motorista.

Esses veículos usam cursos de GPS pré-definidos para navegar automaticamente por estradas de transporte e cruzamentos e para saber localizações reais, velocidades e direções de outros veículos em todos os momentos.

caminhão autônomo

Perfuratrizes

Há ainda o sistema automatizado de perfuração (ADS). O primeiro teste bem-sucedido comprovou sua viabilidade na mina de West Angeles em 2008. Em 2018, o ADS já havia perfurado mais de 5 mil km.

O sistema automatizado de perfuração permite que um operador use um console único em um local distante da máquina, para operar vários equipamentos de perfuração de diferentes fabricantes.
Todas as perfuratrizes são monitoradas pelo Centro de Operações da Rio Tinto em Perth. A automação da perfuração aumentou a produtividade devido ao maior número de horas de operação da máquina e o alcance das brocas por hora.

Quatro perfuratrizes, adaptadas com tecnologia de Sistema Autônomo de Perfuração, foram recentemente implantadas na mina Yandicoogina da Rio Tinto em Pilbara, somando–se às sete já existentes na mina de West Angelas. Outras nove perfuratrizes estavam previstas de serem implementadas até o final de 2018 em outras unidades da mineradora na região, elevando a frota total para 20.

Trens

trens

O AutoHaul, que também faz parte do programa de Mina do Futuro da Rio Tinto, é voltado para a automação de trens para o transporte do minério de ferro para as instalações portuárias da companhia. Os trens começaram a funcionar em modo autônomo no primeiro trimestre de 2017 e, no final do ano passado, o projeto foi totalmente concluído com um motorista a bordo apenas para supervisão.

A primeira corrida completa do chamado AutoHaul ocorreu em julho do ano passado. Esse primeiro trem autônomo, composto por três locomotivas e transportando cerca de 28.000 t de minério de ferro, viajou mais de 280 km das operações de mineração da Rio Tinto em Tom Price, Pilbara, até o porto de Cape Lambert. Ele foi monitorado remotamente por operadores do Centro de Operações da Rio Tinto em Perth, a mais de 1.500 km de distância.

De lá para cá a Rio Tinto foi ampliando o número de viagens autônomas em suas operações de minério de ferro no oeste da Austrália de uma maneira controlada e segura, até que o projeto foi dado como todo operacional.

O programa específico de AutoHaul consumiu US$ 940 milhões. O foco foi a automação de trens que transportam minério de ferro para as instalações portuárias da Rio Tinto.

Atualmente, são cerca de 200 locomotivas em operação em mais de 1.700 km de trilhos em Pilbara, transportando minério de 16 minas para quatro terminais portuários – tudo no modo autônomo.

A distância média de retorno desses trens é de cerca de 800 km com o ciclo médio de viagem, incluindo carga e descarga, levando aproximadamente 40 horas. As locomotivas são equipadas
com câmeras on-board, permitindo o monitoramento constante do Centro de Operações em Perth. Todos os cruzamentos ferroviários públicos na rede são equipados com câmeras de CFTV e foram atualizados para altos padrões de segurança.

Stacker

Rio tinto

Uma das minas da Rio Tinto em Pilbara, na Austrália