As indústrias mineiras de ligas de alumínio reciclado, que produzem o insumo a partir do reaproveitamento de sucata, ameaçam interromper o seu fornecimento para indústria de autopeças, caso o governo do estado não reduza os impostos da atividade. O movimento é liderado pela maior delas, a Alcicla, indústria que reutiliza cinco mil toneladas mensais de alumínio e se constitui numa das maiores empresas do ramo no país. O seu presidente, Francisco Macedo Neto, reclama que o alumínio reciclado é produzido a partir da reutilização de latas de bebidas ou esquadrias de alumínio, entre outros produtos jogados no lixo e que já foram tributadas anteriormente.
O industrial lembra que, a cada 15 dias, em média, as latinhas de cerveja ou refrigerantes que consumimos voltam à nossas mãos , numa intensa atividade de reciclagem sem similar no mundo e que representa um reaproveitamento de 98% dessas embalagens no País. No entanto, a despeito de usar sempre a mesma mercadoria, que entra e sai muitas vezes na sua fábrica, as ligas de alumínio são tributadas como se fossem produzidas pela primeira vez.
Uma das empresas que poderá ser prejudicada será a Nemak, a antiga Teksid, que produz componentes para automóveis a partir do alumínio como cabeçotes e monoblocos de motores. A empresa recebe quatro mil toneladas mensais de alumínio da Alcicla, que ameaça interromper o fornecimento, sob a alegação de prejuízos na competição com as grandes metalúrgicas que produzem o alumínio primário. “Estamos pagando para trabalhar. Caso interrompamos o fornecimento, em 48 horas a indústria automobilística mineira ficará sem automóveis para entregar ou terá que pagar muito mais pelo produto”, advertiu Macedo Neto.
O industrial lembra que o problema parecia resolvido em meados do ano passado, quando a Assembléia Legislativa de Minas deu liberdade total ao governo estadual para modificar a legislação tributária do estado. Uma das medidas foi isenção do imposto sobre a sucata que passou a recair apenas sobre a agregação de valor sobre essa matéria prima. Assim, tanto as indústrias de ligas de alumínio reciclado quanto as autopeças, nada pagariam de tributos sobre a sucata adquirida dos catadores de latas ou dos depósitos. A medida seria um incentivo à reutilização de resíduos sólidos, favorecendo, também a competição do produto mineiro com os fabricantes de alumínio primário. A lei foi assinada pelo governador Aécio Neves mas ainda não foi regulamentada.
O industrial afirma que fornece o alumínio reciclado a preço inferior ao do alumínio primário e na forma líquida, pronto para ser despejado nas formas das indústrias de autopeças. A liga segue em caminhões que são verdadeiros altos fornos sobre rodas, trafegando pelas estradas em panelas com temperaturas acima de 900 graus centígrados. Caso as indústrias, como a Alcicla, suspendam o fornecimento do alumínio reciclado, seus clientes terão de comprar o alumínio primário, que é mais caro e a essa despesa deve se acrescentar os custos para transformá-lo em líquido.
Fonte: Padrão
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