Novos investimentos em infraestrutura devem impulsionar indústria de agregados
Governo federal e as administrações estaduais devem anunciar medidas que visama acelerar os investimentos em infraestrutura e seguir com os programas de moradia popular

Passadas as eleições, o governo federal e as administrações estaduais devem dar continuidade, com maior dinamismo, aos investimentos em infraestrutura e habitação. Neste cenário, a perspectiva é positiva para os produtores de pedra e areia nos próximos anos, já que esses insumos, denominados agregados minerais, são fortemente consumidos pelo setor de construção civil.

Na última década, por exemplo, o consumo per capita de agregados apresentou taxa de crescimento média anual de 6% e o de cimento cresceu 4%, de acordo com dados da Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção Civil (Anepac),

Fernando Valverde, presidente da Anepac, ressalta que há espaço para uma maior alavancagem do segmento. Ele afirma, que enquanto o consumo brasileiro per capita de agregados gira em torno de 4 t por ano, em outros países desenvolvidos este indicador apresenta valor médio de 7 a 8 t por habitante.

“Diferentemente das commodities (como o minério de ferro, por exemplo), os agregados para construção experimentaram uma crescente demanda desde 2002 e prevemos que assim será mantida. O reduzido valor unitário é em função de sua relativa abundância em determinados mercados, porém com margens suficientes para sustentar novos investimentos”, destaca Valverde.

“Os agregados para construção civil experimentaram uma crescente demanda desde 2002 e prevemos que assim será
mantida”, Fernando Valverde, presidente da Anepac

Valverde prevê que o setor deve fechar o ano com uma produção estável, em torno de 750 milhões t (areia e brita). Para os próximos anos, a expectativa de crescimento é de cerca de 3% a 4% anual. Sendo assim, o setor está investindo para o aumento de capacidade, visando a suprir à elevação do consumo – a capacidade instalada anual dos produtores de areia e brita é de 870 milhões t.

“O segmento se prepara para o desafio de atender o aumento de demanda que será de duas a três vezes o consumo unitário per capita anual – nível verificado hoje nos países mais desenvolvidos. Nesse sentido, existem projetos de novas unidades produtoras de brita no Rio de Janeiro, São Paulo, Amazonas e em alguns estados do Nordeste”, ressalta Valverde.

Areia e pedra britada situam-se em 1° e 2° lugar, respectivamente, no ranking da produção mineral brasileira. Este mercado é atendido por uma ampla e diversificada gama de produtores, envolvendo cerca de 3.100 empresas: 600 de produção de brita e 2.500 de extração de areia.

A mesma pulverização é sentida no setor mineral brasileiro como um todo. De acordo com dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), mais de 70% das minas brasileiras, com produção superior a 10.000 t anuais, são empreendimentos de pequeno porte.

No primeiro semestre deste ano, a produção nacional da indústria extrativista mineral registrou expansão de 9,57% em comparação com o mesmo período do ano passado. De janeiro a junho, a atividade que mais gerou emprego na mineração foi a de extração de pedra, areia e argila, com 1.765 novos postos de trabalho, de acordo com levantamento do DNPM.

Além das boas perspectivas para o setor de agregados, novos investimentos devem elevar as produções de potássio e fosfato nos próximos anos. Anualmente, o País consome em torno de 32 milhões t de fertilizantes (produtos feitos a partir de bens minerais como fosfato, potássio e enxofre), sendo que mais de 90% desse volume é adquirido no mercado externo. A demanda interna cresce anualmente cerca de 4%, o dobro da média mundial.

Segundo geólogos do DNPM, o Brasil tem muitas reservas de fosfato e a abertura de minas ligadas à produção de fertilizantes devem reduzir o déficit da balança comercial desses produtos. Para efeitos de comparação, nos Estados Unidos o consumo per capita médio anual de minerais usados em fertilizantes é em torno de 300 kg, aproximadamente três vezes mais do que o consumo médio brasileiro.