Remodelação do método de lavra incrementa produção em Córrego do Sítio,
complexo de minas da AngloGold Ashanti
Este processo iniciou-se com um estudo comparativo entre diferentes opções de layout do painel de lavra, passando por uma mudança na metodologia de definição da viabilidade econômica das áreas de lavra, e chegando até a mudança na sequência de lavra do painel. A otimização do plano de lavra representa um incremento significativo no fluxo de caixa de Córrego do Sítio, com uma grande melhoria na margem de lucro da operação.
O complexo operacional de Córrego do Sítio (CdS) do grupo AngloGold Ashanti é composto por três operações mineiras distintas: a mina a céu aberto (minério oxidado), mina subterrânea CdS I e mina subterrânea CdS II, ambas para minério sulfetado.
O método de lavra aplicado em CdS I (minaCórrego do SitioI) é o sublevel stoping (realces em subníveis). Em 1998 iniciou-se a primeira avaliação geológica potencial do minério sulfetado em CdS I, em 2002 teve início o desenvolvimento subterrâneo para fins exploratórios e em 2007 concluído o estudo de pré-viabilidade. Dando continuidade aos trabalhos de pesquisa foi possível finalizar o estudo de viabilidade do projeto em 2010, com resultado positivo. A implantação do projeto aconteceu de 2010 a 2011, entrando em operação propriamente dita em 2012.
De 2012 a 2014 o processo de planejamento de mina longo prazo passou por uma grande evolução no que diz respeito a layout, metodologia aplicada para definir a viabilidade econômica de novas áreas e também no sequenciamento dos painéis de lavra.
No estudo comparativo entre os quatro diferentes layouts para os painéis de lavra pôde-se concluir que o Layout 3 proporciona um melhor resultado financeiro quando comparado aos demais, com um ganho de US$ 33,5 Mi no Net Cash Flow Life off Mine (LOM) em relação ao Layout 2012, um aumento de 13%.
O Layout 3 apresenta o melhor Cash Cost entre as opções avaliadas, chegando a um custo de US$ 777 para produzir uma onça de ouro (US$777/Oz), com uma melhoria significativa nos indicadores de produtividade, atingindo 14 onças de ouro por metro de desenvolvimento secundário (14Oz/m) e 76 t de stope por metro de desenvolvimento secundário (76t/m). Com a nova metodologia aplicada para avaliação de viabilidade econômica de áreas o Net Cash Flow teve um aumento de US$19,0 Mi no LOM, um aumento de 12%, reduzindo a reserva mineral em 34.743 Oz de ouro, 5% a menos, correspondente a regiões que não apresentavam viabilidade econômica, destruíam valor do negócio, e que foram retiradas da reserva.
Como consequência da nova metodologia aplicada para avaliação econômica detalhada das áreas no plano de lavra houve uma melhoria no Cash Cost, chegando a um custo de US$ 771 para produzir uma onça de ouro (US$771/Oz), otimizando os indicadores de produtividade, atingindo 22 onças de ouro por metro de desenvolvimento secundário (22Oz/m) e 94 t de stope por metro de desenvolvimento secundário (94t/m).
A mudança de sequência de lavra do painel de ascendente (Bottom Up) para descendente (Top Down) proporciona maior flexibilidade de lavra e antecipa a produção, não alterando os indicadores físicos da mina (Oz/m, ton/m, etc.), porém melhora o Valor Presente Líquido (VPL) do fluxo de caixa, uma vez que antecipa a produção dos stopes. Ao mudar a sequência de Bottom Up para Top Down, o NPV foi incrementado de 19%.
O Layout 3 apresenta um melhor Net Cash Flow (US$284,2 Mi) quando comparado com as demais opções, e inclusive quando comparado ao Layout 2012 (Layout original de CdS). Sendo assim, o Layout 3 foi selecionado para CdS, com um ganho de US$ 33,5 Mi no Net Cash Flow no Life off Mine em relação ao Layout 2012, um aumento de 13%.
O corpo mineralizado em CdS I tem uma espessura média de 1,5 m. As galerias de desenvolvimento secundário dos níveis e subníveis têm uma largura de 4,0 m, e para os stopes adota-se uma espessura mínima de 2 m, devido a limitações operacionais de perfuração e desmonte. Sendo assim, o minério gerado no desenvolvimento apresenta uma diluição planejada média de 2,5m (4,0-1,5=2,5m), o que representa em média 63% de diluição planejada (2,5/4,0), consequentemente reduzindo significativamente o teor.
Já nos stopes (lavra) o minério apresenta uma diluição planejada de 0,5m (2,0-1,5=0,5m), o que representa 25% de diluição planejada (0,5/2,0), uma diluição significativamente menor do que no desenvolvimento. Em resumo, quanto mais minério de lavra e menos minério de desenvolvimento melhor será o teor médio do painel.
Importante esclarecer que o fato de aumentar a diluição planejada implica na redução do teor devido a uma maior quantidade de estéril embutida/diluída na extração do minério, mas não significa que está se gerando menos ouro. 1 onça (Oz) de ouro corresponde a 31,1035 gramas (g). Com uma maior diluição planejada as onças de ouro geradas continuam as mesmas, porém dentro de uma maior massa extraída da mina, consequentemente aumentando os custos de produção.
Inicialmente a definição da viabilidade econômica das áreas era através somente da aplicação do Cut Off Grade (COG), ou seja, todas áreas acima faziam parte do plano de lavra e eram declaradas como reserva aproveitável. Em 2013 foi implementada a metodologia que aplica uma avaliação econômica detalhada para definição da viabilidade das áreas a comporem o plano de lavra. Após a etapa de aplicação do COG, a metodologia ainda leva em consideração o custo de desenvolvimento primário e secundário necessário para a lavra da área em avaliação, os custos de lavra e de beneficiamento, bem como a receita gerada p
elo ouro recuperado na planta referente à produção daquela determinada área, considerando-se um valor coorporativo para preço do metal.
Custo de Desenvolvimento Primário – US$2.653 por metro
Custo de Desenvolvimento Secundário – US$2.336 por metro
Custo de Lavra – US$55 por tonelada lavrada
Custo de Planta – US$45 por tonelada processada
Recuperação Metalúrgica – 88% de recuperação global na planta
Preço do Ouro – US$1.100 por Onça de Au (guidline coorporativa 2014)
Através do resultado operacional para cada área de lavra independente define-se o que fará parte do plano e comporá a reserva. Somente áreas com resultado operacional positivo poderão compor o plano de lavra, e as áreas com resultado negativo são definidas como inviáveis economicamente. O grande diferencial da nova metodologia em relação ao aplicado inicialmente em 2012 é que esta nova forma considera o desenvolvimento necessário para se chegar às áreas de lavra, sendo que anteriormente este fato não era considerado.
Com a nova metodologia aplicada para avaliação de viabilidade econômica de áreas o Net Cash Flow é otimizado em US$19 milhões, um aumento de 12%, reduzindo a reserva mineral em 34.743 Oz de ouro, 5% a menos, correspondente a regiões que não apresentavam viabilidade econômica, destruíam valor do negócio, e que foram retiradas da reserva. As Figuras 4.2.1 e 4.2.2 ilustram os mesmos subníveis avaliados com o critério somente do COG e com o critério da avaliação econômica por área, respectivamente. Podem-se notar regiões que apesar de estarem com teor acima do COG (circuladas em amarelo) não mostraram viabilidade econômica ao considerar o custo com o desenvolvimento a ser feito.
Importante salientar que neste trabalho a mudança da sequencia de lavra não impacta na avaliação econômica das áreas, ou seja, a reserva total não é alterada em função da sequencia. O resultado financeiro do empreendimento é impactado positivamente quando considerado o fator tempo no fluxo de caixa, otimizando neste caso o Valor Presente Líquido (VPL).
Para mostrar o impacto positivo no VPL resultante da mudança de sequencia da lavra, foram tomados dois painéis como exemplo, sendo estes sequenciados de forma ascendente e depois descendente.
Pela sequência Bottom Up, os painéis de lavra foram exauridos em 65 meses, com a necessidade de enchimento com estéril, enquanto na sequência Top Down os mesmos painéis foram exauridos em 41 meses. Ao mudar a sequência de Bottom Up para Top Down, em apenas esses painéis do exemplo, o NPV foi incrementado de US$ 7,7Mi para US$9,2Mi, uma melhoria de 19%.
Conclusões
No estudo comparativo entre os quatro diferentes layouts para os painéis de lavra pôde-se concluir que o Layout 3 proporciona um melhor resultado financeiro quando comparado aos demais, com um ganho de US$ 33,5 milhões no Net Cash Flow Life off Mine (LOM) em relação ao Layout 2012, um aumento de 13%. O Layout 3 apresenta o melhor Cash Cost entre as opções avaliadas, chegando a um custo de US$ 777 para produzir uma onça de ouro (US$777/Oz), com uma melhoria significativa nos indicadores de produtividade, atingindo 14 onças de ouro por metro de desenvolvimento secundário (14Oz/m) e 76 t de stope por metro de desenvolvimento secundário (76t/m).
Com a nova metodologia aplicada para avaliação de viabilidade econômica de áreas o Net Cash Flow teve um aumento de US$19,0 milhões no LOM, um aumento de 12%, reduzindo a reserva mineral em 34.743 Oz de ouro, 5% a menos, correspondente a regiões que não apresentavam viabilidade econômica, destruíam valor do negócio, e que foram retiradas da reserva.
Como consequência da nova metodologia aplicada para avaliação econômica detalhada das áreas no plano de lavra houve uma melhoria no Cash Cost, chegando a um custo de US$7 71 para produzir uma onça de ouro (US$771/Oz), otimizando os indicadores de produtividade, atingindo 22 onças de ouro por metro de desenvolvimento secundário (22Oz/m) e 94 toneladas de stope por metro de desenvolvimento secundário (94ton/m).
A mudança de sequencia lavra do painel de ascendente (Bottom Up) para descendente (Top Down) proporciona maior flexibilidade de lavra e antecipa a produção, não alterando os indicadores físicos da mina (Oz/m, ton/m, etc.), porém melhora o Valor Presente Líquido (VPL) do fluxo de caixa, uma vez que antecipa a produção dos stopes. Ao mudar a sequência de Bottom Up para Top Down, o NPV foi incrementado de 19%.
Conheça os autores do projeto
Rodolfo Flávio Neri dos Reis, Engenheiro de Minas Pleno. Engenheiro de Minas formado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Está há três anos na AngloGold Ashanti.
Cristóvão Teófilo dos Santos, Gerente de Mineração. Engenheiro de Minas formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com pós-graduação em Gestão Industrial na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Está há três anos na AngloGold Ashanti.
Roberto Santos Lima, Chefe da Área de Planejamento. Engenheiro de Minas, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), como pós-graduação em Escavação de Túneis pela UFBA e MBA em Gestão Industrial em Mineração e Metalurgia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Está há dois anos na AngloGold Ashanti.
Leia a íntegra do trabalho “Otimização do Planejamento de Mina Longo Prazo em Córrego do Sítio”.
Fonte: Revista Minérios & Minerales
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