O CEO da Vale, Fabio Schvartsman, ao dar entrevista coletiva de imprensa, apresentou plano de segurança de barragens em reação à tragédia de Brumadinho.

A companhia anunciou o descomissionamento de todas as 10 barragens de rejeitos a montante que ainda permanecem em suas operações. A Vale possui 133 barragens, das quais 10 são do tipo a montante, mesmo método construtivo das barragens de Brumadinho e Mariana. Desde o incidente da Samarco em Mariana, outras 9 barragens deste tipo já haviam sido descomissionadas pela Vale.

O plano de segurança terá investimento de R$5 bi e levará a redução na produção anual da Vale de minério de ferro em 40 mt e de pelotas em 11 mt durante o período de descomissionamento (10% da produção de minério). O plano será submetido aos órgãos ambientais para licenciamento dentro dos próximos 45 dias. Uma vez recebidas as licenças, as operações de mineração serão desligadas dentro do prazo de aproximadamente 2 meses. O processo de descomissionamento leva entre 1 e 3 anos a depender da barragem. Após este período, a produção será normalizada.

O foco da Vale, assim como das autoridades, está em socorrer e assistir a todos os atingidos, sem medir recursos. Com este anúncio, a empresa busca eliminar o risco de futuros eventos semelhantes aos de Brumadinho e Mariana. Nossas orações estão com as vítimas, suas famílias e a população de Minas Gerais.

Nos relatórios publicados ao longo dos últimos dias, destacamos que as duas principais incertezas no campo do impacto financeiro estavam no:

(1) Impacto na produção de curto e médio prazo e (2) Potenciais processos judiciais decorrentes do evento.

O anúncio de hoje ajuda a mitigar a preocupação em relação à primeira incerteza mencionada acima, a produção. Revisamos o nosso modelo para incorporar tais medidas, conservadoramente assumindo queda de 40 mt/ano no período de 2019-22 (assim como 11 mt/ano a menos de pelota), e o investimento de R$ 5bi.

Conservadoramente, mantivemos nosso preço de minério de ferro estável em US$ 65/t para os anos em referência. Entretanto, acreditamos que a redução de 40 mt/ano na oferta global de minério pode sustentar os preços em níveis superiores a este. Como referência, o preço se encontra atualmente em US$79/t.

Ainda permanece a incerteza em relação aos potenciais processos judiciais. Por ora, R$ 400 milhões em multas foram confirmados (já incorporados no nosso modelo), enquanto que a justiça solicitou o bloqueio de R$ 12 bi em bens da Vale (R$6,8 bi já foram confirmados pela justiça). Como referência, R$ 5bi em multas equivaleriam a uma queda do nosso preço alvo em R$ 1,1/ação.

A queda de aproximadamente 24% ao longo dos últimos dois dias, com perda de quase R$ 70bi em valor de mercado, parece já refletir parte relevante dos riscos. Portanto, mantemos nossa recomendação inalterada em compra, com preço alvo de R$ 66/ação, já incorporando as medidas acima mencionadas. No curto prazo, uma série de incertezas ainda permanecem, e sugerimos cautela.

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