Este é o relatório exclusivo enviado por José Mendo Mizael de Souza, colunista da revista Minerios & Minerales, que participou do PDAC 2010 realizado , em Toronto, Canadá.

A mineração mundial vem de se encontrar no PDAC 2010 – em Toronto, no Canadá: o Brasil marcou presença no citado evento com o "Brasil Pavillion", concretizado pela ADIMB, IBRAM e Empresas patrocinadoras, com o apoio do Governo Federal – MME, SGM, DNPM e CPRM, – bem como com a realização de dois eventos "Brazil-Canada at PDAC 2010Brazilian Mining Day", todos bastante prestigiados.

Os dois eventos "Brazilian Mining Day" foram organizadas pela BCCC (Brazil-Canada Chamber of Commerce), Governo do Canadá (Foreign Affairs and International Trade Canada), ACMinas (Associação Comercial de Minas), TMX (Toronto Stock Exchange), TSX, Heenan Blaikie LLP, PMR (Pinheiro, Mourão e Raso Advogados), FFA (Legal & Support for Mining Companies), Trade Commission of Brazil in Canada e J.Mendo Consultoria Ltda: apoiaram os referidos eventos a Vale, a Heenan Blaikie, a TMX, a Rio Novo Gold Inc, a TSX, a Veirano Advogados e a Pinheiro, Mourão e Raso Advogados (Gold Sponsors); a MBAC Fertilizer Corp e a Troy Resources NL (Silver Sponsors); a Cone Mine Exploration, a EDC (Export Development Canada), a SNC – LAVALIN e a Brazilian Gold Corporation (Bronze Sponsors).

Os macro-temas abordados no PDAC 2010 foram "Commodities e perspectiva de mercado"; "Investimentos em exploração está em alta, mas o número de descobertas não acompanha. Porque?"; "Ajustando-se a nova normalidade-Fatores que vão influenciar a exploração mineral na proxima década"; "Diamantes-A volta das profundezas"; "Parcerias estratégicas em financiamento de projetos"; "Desenvolvimentos globais em minério de ferro"; "Depósitos de ouro no mundo"; "Casos de engajamento das comunidades – no Canadá e no Exterior"; "Metais industriais e raros", dentro outros.

Tiveram lugar, também, no PDAC 2010 os eventos "Investors and Exchange Forum Presentation", "PDAC/CAMESE Exhibitors Innovation Forum" e "Presentation/Country Rooms", este último tendo contemplado exposições do Brasil {"Brazil-Canada at PDAC 2010: Project Presentations and Networking Event". Os patrocinadores foram: TMX (Toronto Stock Exchange), TSX Venture Exchange, PMR (Pinheiro, Mourão e Raso Advogados), Heenan Blaikie LLP, Vale, Veirano Advogados, Rio Novo Gold Inc, MBAC Fertilizer Corporation, Troy Resources NL, Cone Mine Exploration, EDC (Export Development Canada), SNC-LAVALIN e Brazilian Gold Corporation}, Colômbia, Rússia, Peru, India, Nigéria e Papua – Nova Guiné.

Considerando que a informação corrente no Evento foi de que cerca de 24.000 participantes se inscreveram no PDAC 2010 e tendo em vista, também, a grande quantidade de apresentações simultâneas, evidentemente que é praticamente impossível apresentar uma síntese do minimamente abrangente: mas alguns aspectos valem ser destacados.

Canadenses acreditam que a mineração é importante

Entre estes, há, por exemplo, a informação do Presidente do PDAC, Jon Baird, de que alguns meses atrás a entidade contratou a realização, por empresa especializada, de uma pesquisa na qual 2500 canadenses foram solicitados a dizer quais eram suas opiniões sobre a Indústria Mineral, sendo que 96% disseram ser a Mineração importante ou muito importante para a economia canadense: "Com base nestas respostas", concluiu Jon, verifica-se que "apesar de não compreenderem (ou conhecerem) muitos dos detalhes relativos à Mineração, os canadenses compreendem muito bem a importância econômica da Indústria Mineral". Vale lembrar que a Indústria Mineral representa cerca de 4,5% do PIB do Canadá, embora, como todos sabemos, o impacto econômico da indústria de mineração na economia canadense é muito maior que o percentual acima.

As 10 prioridades que as mineradoras vão enfrentar

Por sua vez, a Deloitte apresentou o que chamou de "As 10 prioridades que as mineradoras vão enfrentar", a saber: A demanda dos países emergentes é sustentável?

Commodities, moedas e custos. A montanha russa continua; Retomando a produção após a crise e a importância do gerenciamento da demanda; Sustentabilidade ampliada-ganhar uma licença social para operar exige uma abordagem integrada; O custo do dinheiro – O custo do capital retarda o crescimento; Mudanças climáticas – os riscos da indústria mineral está crescendo; Mineração extrema – A busca da nova fronteira da mineração; O abismo da valoração – A necessidade de fusão existe, mas o desejo não! Big brother – o impacto da maior intervenção governamental; Não há ponte para cruzar-o custo da infraestrutura está em alta

Exploração – após o recorde de 2008, uma nova queda

Teve intensa repercussão o relató

rio especial do Metals Economic Group (MEG), que destacou, dentre outros, que: os orçamentos de exploração dos "Top Ten Countries em 2009" – que representaram 67% de um orçamento total de 2009 de US$ 7.32 bilhões relativos a 1846 empresas e orçamentos para exploração de minérios (excluindo o minério de ferro) – registraram uma queda expressiva com relação ao orçamento total recorde de 2008 de US$ 12.6 bilhões, o maior declínio das últimas duas décadas. Se neste montante for incluído o urânio, o mesmo atingirá US$ 8.4 bilhões e 1998 empresas.

Quanto aos países destinatários dos recursos, a distribuição foi Canadá 16%, Austrália 13%, Peru 7%, Estados Unidos 6%, Rússia 5%, México 5%, Chile 5%, China 4%, Brasil 3% e África do Sul 3% e outros 33%. Quanto aos bens minerais pesquisados, o Ouro representou 48%, Cobre 22%, Níquel 9%, Zinco 5%, (os base Metals totalizando, assim 36%), Diamante 5%, Grupo da Platina (PGM) 2% e outros 9%. Quanto à destinação (1846 empresas – US$ 7.32 bilhões), o MEG informou a seguinte distribuição – Grassroots 32%, estágio avançado 41% e no sítio da mina 27%. Sua conclusão foi "Esperamos que a maioria das empresas mantenham estas tendências e prevemos que 2010 registrará um aumento saudável nos investimentos alocados para exploração mineral", segundo Jason Goulden, vice-presidente de pesquisas do Metals Economics Group.

Brasil discute novo marco regulatório e CFEM

No que respeita ao Brasil, foi-nos possível observar uma preocupação quanto ao "Novo Marco Regulatório" e a mudança da CFEM, valendo salientar no primeiro caso as preocupações específicas quanto à licitação (áreas especiais) – pelo que resultariam em bloquear áreas livres para a pesquisa -, se a cessão de áreas seria mantida sem maiores entraves burocráticos e/ou financeiras e a instituição do "contrato".

Quanto a este aspecto – o "contrato" – a visão foi de que ele não significaria maior segurança jurídica, bem como que, de uma maneira geral, "contratos" são aplicáveis a países que não tem instituições que funcionam, o que não é o caso do Brasil – em outros palavras, a mudança proposta é considerada um retrocesso.

Presentes nos dois eventos relativos ao Brasil, acima citados – o "Brazilian Mining Day" e o "Brazil-Canada at PDAC 2010" -, as autoridades do Governo brasileiro, especialmente o Geólogo Carlos Nogueira da Costa Junior, Secretário-Adjunto de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do MME, o Engº de Minas Miguel Antônio Cedraz Nery, Diretor Geral do DNPM, e o Advogado Walter Baere de Araujo Filho, da Consultoria Jurídica (Conjur) do MME, que esclareceram aos participantes as razões e os objetivos do Ministério de Minas e Energia ao propor o "Novo Marco Regulatório" e responderam às indagações. Esforçaram-se, positivamente, no sentido de tranqüilizar os empresários e investidores quanto ao novo marco regulatório da atividade de mineração no Brasil, inclusive enfatizando a preocupação do Governo Brasileiro de assegurar condições favoráveis aos investimentos, nacionais e estrangeiros, no setor de mineração do País.

Fonte: Padrão