Um dos destaques do segundo e último dia do 14º Workshop Opex de mineração foi o painel “Mulheres na Mineração: Avanços e Desafios”, que reuniu executivas, técnicas e lideranças femininas do setor, na Fundação Dom Cabral, em Nova Lima, na quarta-feira, 24.
O debate foi aberto pela diretora do Woman in Mining (WIM) Brasil, Cláudia Villa Diniz, que explicou como esse movimento voluntário global pode ajudar as empresas a romper com a cultura do machismo e entrar definitivamente na era da diversidade de gênero.
“Por que esse movimento existe? Para construir um novo olhar para o setor mineral brasileiro, uma olhar de respeito às mulheres, de estímulo ao ambiente de trabalho diverso e também à participação com expertise técnica e excelência operacional. Por isso ficamos honradas pelo convite da revista Minérios e Minerales, de participar desse painel”, disse. Para tanto é fundamental, afirmou ela, a participação masculina no debate. E um bom sinal foi que o auditório 2 da Fundação estava com presença expressiva de homens atentos às palestras.
Com 40 mineradoras signatárias, o WIM Brasil aposta em dois “produtos” básicos para inicializar as empresas nessa agenda: um plano de ação com oito estratégias sistêmicas e também o relatório WIM Brasil em Foco, que faz um diagnóstico da situação na firma. Segundo Cláudia, que é cofundadora do movimento, 34 das 40 empresas já responderam uma pesquisa, e cada uma recebeu seu relatório individual de diagnóstico. “É um trabalho maravilhoso, voluntário, mas escondido. Convoco vocês a se juntarem como membros e como empresas patrocinadoras”.
“Eu ficava vendo meus colegas homens – são muito objetivos – partirem do ponto A para chegar ao ponto B. E eu ficava pensando que, para chegar ao ponto B, muitas vezes é preciso passar antes pelo ponto C, uma visão de sistema. Por muito tempo eu achei que o problema era comigo, depois entendi que minha visão feminina permite um olhar mais sistêmico, e as empresas ainda não valorizam isso como poderiam”, afirmou Vânia Andrade, conselheira da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM).
Ela é taxativa ao defender que as mineradoras entrem na causa da diversidade de gênero efetivamente. “Se não for por convicção, que seja por inteligência, pois o sucesso do mundo dos negócios hoje passa por uma visão sistêmica”, disse ela, que trabalhou 39 anos na Vale.
Para Rayssa Garcia de Sousa, gerente de Meio Ambiente e Segurança do Trabalho da Jaguar Mining, essa temática é uma questão de dignidade e respeito. “Trazer as mulheres para a mineração nada mais é do que trazer dignidade e respeito para que elas possam trabalhar onde quiserem, podendo exercer sua qualidades técnicas em um ambiente amigável”, disse Rayssa, que também falou no painel. “Na Jaguar a mulher tem lugar de fala”, garantiu.
“Hoje mais da metade da população brasileira é de mulheres. nas universidades também. Então por que isso não se reflete na mineração?”, questionou Maria Clara Duarte, da Pan American Silver Corp, em sua palestra. Ela citou a mineração Jacobina como case: são 1.497 funcionários com apenas 183 mulheres, alto em torno de 10%. “É pouco, almejamos mais. Mas era 105 quando entrei, em 2020. Então temos um crescimento de 80%”, avalia.
Priscilla Aranha, coordenadora de Pessoas da Horizonte Minerals, também participou do painel Mulheres na Mineração. Ela falou das metas da empresa e como a questão das diversidade de gênero é tratada. “Temos uma oportunidade de desenvolver mais na questão de liderança, a empresa enxerga isso. Temos indicadores de avaliação de clima a ações para proteger a força de trabalho feminina contra discriminação, assédio e bullying. Auditamos nossas práticas. “O caminho é longo, mas esse é um primeiro passo”.