Os grandes investimentos em mineração e desafios no Brasil foram temas de painel na Exposibram 2024 que contou com a participação de representantes de grandes players do setor. Eles analisaram o descompasso entre os setores mineral e financeiro no Brasil, o custo e a decisão de algumas empresas de não abrirem capital, além da insegurança jurídica na mineração. A expectativa do setor para superar os obstáculos que travam investimentos também foi discutida.
Participaram do painel o diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, do CEO da Eurochem, Gustavo Bastide Horbach; do COO da Hochschild Mining PLC, Rodrigo Augusto Nunes; e do diretor de operações da Vale Metais Básicos, Vinícius Assis.
De acordo com dados apresentados pelo Ibram, a mineração contribua com 32% do saldo comercial do país e tenha gerado R$ 320 bilhões em faturamento em 2021, os investimentos do setor financeiro na mineração representam apenas 0,9% de um total de R$ 2,1 trilhões. Raul Jungmann indagou aos painelistas qual era a avaliação deles a respeito do descompasso entre os setores mineral e financeiro no Brasil e quais as possíveis soluções para que o país possa contar com um volume maior de investimentos na mineração.
Representante de uma das líderes globais em fertilizantes, Gustavo Horbach sugeriu que a indústria da mineração aprenda com o agronegócio e que consiga adaptar ferramentas do setor.
“A indústria de fertilizantes, por definição, tem a mineração como sua base produtiva. Acredito que tudo que nos cerca foi plantado ou minerado. E assim como o agro fez com que o país se orgulhasse de sua atividade, percebo que o Ibram está fazendo o mesmo para que a indústria da mineração seja vista com a mesma relevância. Acredito que podemos aprender com o agronegócio, já que algumas ferramentas desse setor podem ser adaptadas para a mineração, pois a base de ambas é muito parecida”, avaliou.
Rodrigo Augusto Nunes citou o custo de capital. “Cabe a nós, mostrarmos que os investimentos em mineração no Brasil são lucrativos e podem ser uma boa opção. Nós, da Hochschild Mining, somos listados na bolsa de Londres desde 2008, e desde quando começamos a investir no Brasil ficamos fascinados com a estrutura institucional e social do país. Por isso, continuo a acreditar muito no potencial de mineração do Brasil, e cabe a nós continuarmos buscando capital estrangeiro e conscientizando nossos investidores locais para que esses investimentos se concretizem no país”, sugeriu.
Indagado pelo diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann, sobre como quebrar o ciclo de empresas que, mesmo com condições de abrir seu capital, não o fazem, o representante da Eurochem destacou a necessidade de o pequeno investidor ser valorizado na Bolsa.
“É uma situação multifatorial. Temos muitas empresas sólidas e familiares que em breve vão passar por um processo de modernização para o mercado de capitais. Mas também temos um número considerável de empresas menores e familiares que não veem a profissionalização como uma opção. Essas empresas, provavelmente, irão passar por um processo de aglutinação. Outro ponto importante é que nossa bolsa não privilegia a participação do pequeno investidor. Mas a educação financeira, que cresceu nos últimos anos, vai levar mais empresas para a bolsa. E a mineração, sendo um negócio tão atraente, com certeza também terá papéis atrativos para isso. Esse ciclo será quebrado quando isso acontecer”, apontou.
Vinícius Assis detalhou a origem da holding do negócio de metais, criada em 2023 para transição energética da Vale, e que, destacou, tem investimentos na casa de R$ 36 bilhões para os próximos dez anos.
“A empresa nasceu para intensificar e destravar o valor do negócio. Nós temos excelentes potenciais dos nossos ativos atuais, principalmente se tratando de cobre e de níquel. Para se ter uma ideia, temos a intenção de dobrar a produção de níquel e triplicar a produção de cobre em dez anos”, disse Vinícius.