Superligas para lâminas de turbina

Silício para painel solar fotovoltáico

Ferrovanádio para aço estrutural

Tântalo funciona como um capacitor

Na medida em que analistas colocam a recuperação do mercado de commodities para 2017, parece ser uma boa hora para se pensar quais serão os minerais do futuro. Os minerais tradicionais já sofreram diversas ameaças nas décadas recentes que não se materializaram. O advento da fibra ótica “acabaria” com a mineração de cobre — mas o metal vermelho nem se abalou. A chegada dos automóveis elétricos encerraria a hegemonia do motor a explosão, consumidor voraz de uma série de metais — esse sonho dos ambientalistas ainda tem muitos quilômetros pela frente para se concretizar.

A redução da demanda por minerais e metais em tempos recentes na China é um inimigo formidável da indústria de mineração — a sorte dela é que matematicamente a demanda reprimida no gigante asiático se sobrepõe a esses fenômenos cíclicos de ajuste da economia local, e garante literalmente um sólido mercado comprador no futuro. O PIB do país, mesmo avançando no patamar de 6% a 6,5% ao ano, ainda bate de longe o resto do mundo.

A China consome uma cesta diversificada de minerais e metais para atender as suas vastas e variadas indústrias — que ainda constituem uma “usina global” cuja competitividade encontra pouquíssimos rivais. O noticiário econômico recente na imprensa mundial é dominado pelo minério de ferro, ouro, cobre — fora o mergulho dos preços do petróleo, dando uma falsa impressão de que a mineração global se resume a esses minerais.

Fizemos uma pesquisa aleatória na internet sobre metais especiais e deparamos com a AMG holandesa, que produz cinco metais críticos de acordo com estudo da União Européia: nióbio, antimônio, grafite, crômio e silício metálico. Embora a empresa tenha sido incorporada em 2006, sua origem na produção de metais especiais remonta a 1870, com a mineração de grafite na Alemanha. Estas ligas têm aplicações específicas que tornam os metais comuns e seus produtos finais mais eficientes, além de reduzir a emissão de gases poluentes como CO2.

O silício metálico com pureza acima de 99% é a matéria-prima dos silicones usados em material de construção; o polisilício se encontra nos wafers dos painéis solares e semicondutores, além de atuar como agente de liga do alumínio. O subproduto microsílica se aproveita na fabricação do cimento, cerâmicas e refratários.

O grafite natural de alta pureza é conhecido por suas propriedades de condutividade, lubrificação, resistência ao calor e como ligante. Daí a sua aplicação em isolante térmico, lubrificantes, materiais à prova de fogo, baterias recarregáveis e componentes como escovas de carbono.

O trióxido de antimônio tem característica de retardar as chamas e tornou-se componente essencial de borracha, tecidos e polímeros usados como proteção contra o fogo. Funciona ainda como catalisador na produção do PET.

AMG possui plantas e minas em diversos países, inclusive no Brasil. A mina conhecida como Mibra, originária da antiga Cia.Estanho Minas Brasil e depois absorvida pela CIF – Cia. Industrial Fluminense, extrai do seu depósito polimetálico tantalita, nióbio, feldspato, estanho, lítio e caulim, que são processados na sua planta química, via tecnologias proprietárias, para obter produtos químicos de alto teor. A empresa aperfeiçoou os processos de reciclagem de rejeitos, obteve recuperação substancial de tântalo e aproveitamento de 90% do material como feldspato, passando a abastecer 80% da demanda da indústria cerâmica no País. Em 2009, ao concluir uma expansão para processar 50 mil t/mês de pegmatito, tornou-se um dos principais produtores globais de tântalo.

Esse exemplo singelo mostra doses de pioneirismo em tecnologia, visão mercadológica e intuição por nichos de mercado de alto valor agregado. Que sirva de inspiração às mineradoras brasileiras que pretendam deixar de produzir apenas produtos primários, de menor valor, e partir para as etapas secundária e terciária de industrialização do elemento mineral, obtendo melhores preços e demanda em nichos de mercado.

Fonte: Revista Minérios & Minerales