Gisele Nunes, de 39 anos é uma desbravadora da chamada bioinformática, setor que une pessoas, biologia e alta tecnologia para geração de conhecimento sobre a natureza. Ela é bióloga de formação e atua na equipe de pesquisa de genômica ambiental, no Instituto Tecnológico Vale (ITV), em Belém.
A equipe que Gisele atua é responsável pelo trabalho de caracterização da biodiversidade de Carajás (fauna, flora e microrganismos). Com mestrado e doutorado em microbiologia agrícola pela USP e Pós-doutorado em bioinformática na Fiocruz -RJ, a pesquisa entrou na vida de Gisele ainda na graduação, durante o projeto de iniciação científica. “Sempre atuei em pesquisa, relacionada a área ambiental e a genética ambiental. Tive a oportunidade de trabalhar nos primeiros projetos sobre genoma, que é o mapeamento do código genético, no Brasil. E desde o início desse trabalho até hoje, tive a oportunidade de vivenciar a evolução da ciência”, comenta.
O dia a dia de Gisele, no laboratório, é manusear equipamentos supermodernos como o Illumina e Pacbio, conhecidos como sequenciadores de nova geração, e interpretar dados moleculares, gerando conhecimento científico. “A bioinformática possibilitou a integração do pessoal da biologia e da informática para processar esses dados. Nós conseguimos produzir milhares de dados genéticos por dia processados e armazenados, utilizando ferramentas computacionais sofisticadas combinadas com computação de alto desempenho”, explica.
Enquanto Gisele gera conhecimento científico, a jovem Gabrielly Oliveira está em Canaã dos Carajás operando um equipamento de última geração no Complexo S11D, unidade de mineração de ferro da Vale. O britador móvel que Gabrielly comanda, por meio de joysticks, lembra os robôs espaciais da série Tranformers. Esse gigante de aço equivale a um prédio de 5 andares, com 15,4m de altura. “Entrei na Vale com 18 anos, como jovem aprendiz. Era tudo muito novo, muito grande. E cheguei a me questionar se daria realmente conta disso tudo. Mas quando você foca em algo, se determina. Quando se estabelece um objetivo, você consegue. Eu vou fazer cinco anos na empresa e tenho um trabalho de grande responsabilidade, que faço com muita dedicação. Amo muito o que eu faço e é extraordinário saber que eu consigo, que posso fazer. Quando eu estou operando o britador, eu me sinto uma mulher poderosa”, brinca.
A Gabrielly está na soma dos dados apontados pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), que sinalizam ampliação da participação de mulheres trabalhando formalmente na mineração, entre 2006 e 2014, esse número mais que dobrou, passando de um pouco mais de 10 mil para em torno de 21 mil.
DESAFIO
A técnica de projeto Paula Oliveira Brondani, de 23 anos, também vem ocupando espaços. Na mina de Carajás, ela atua na perfuração do solo, um trabalho que exige técnica e planejamento. Ela considera a função desafiadora, mas bastante dinâmica. “É preciso ter vivência de escritório, elaborando projetos e acompanhando o processo, mas também em campo”, ressalta. Gisele, Gabrielly e Paula são algumas dessas profissionais que acreditaram e mostram como um setor, como a mineração, tradicionalmente masculino, está cada vez mais sendo ocupado por elas em todos os níveis de operação. O próprio setor também tem investido em iniciativas para expandir essa diversidade em suas operações.
Recentemente, a Vale iniciou, em Parauapebas, turma de capacitação com o maior grupo de mulheres da história da mina de Carajás, que começou a ser operada em 1985. A empresa, líder mundial na produção de minério de ferro, está capacitando 252 mulheres, que ingressam de uma só vez, para atuar nas áreas de operação e manutenção. O Programa de Formação Profissional (PFP) é um dos programas Porta de Entrada da companhia e tem como objetivo preparar profissionais para o mercado de trabalho. O grupo foi classificado entre mais de 15 mil inscritos. Agora em dezembro, elas devem iniciar a fase da formação atuando dentro das operações.
DOBRO
No início deste mês, a empresa também apresentou a meta de dobrar a quantidade de mulheres em suas operações até 2030. “Nós queremos ampliar a presença das mulheres nas nossas operações e, principalmente, dar a oportunidade para descoberta de potencial de cada uma, promover desenvolvimento e crescimento profissional, e que elas tenham carreira vencedoras, vitoriosas e bem-sucedidas”, destaca o diretor do Corredor Norte da Vale, Antonio Padovezi.
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