Por José Bartolomeu Ferreira Fontes, Orjana Carvalho Alcantara Silva e Mathias Schlosser*
Utilizadas para acumular água ou decantar rejeitos, as barragens causam impacto desde a sua construção. Dependendo do tamanho e do volume a ser represado, uma grande área de vegetação precisa ser suprimida ou simplesmente alagada, muitos habitats acabam sendo destruídos pela inundação e em alguns casos cidades e propriedades precisam ser realocados para tal.
Várias são as causas de acidentes envolvendo barragens, dentre elas projetos mal elaborados (incluindo o local escolhido), barragens construídas com materiais impróprios, falta de monitoramento apropriado, rupturas ocasionadas por falta de manutenção, acúmulo de material sobrecarregando a estrutura, etc.
A GeoTag Engenharia utiliza metodologias integradas que permitem o monitoramento contínuo da segurança da barragem. Para tal, devem ser executadas inspeções regulares nas estruturas das mesmas, controle da descarga nos drenos e vertedouros, levantamentos batimétricos para medir a variação da profundidade da coluna d’água bem como o volume de água retido pela barragem, variação do volume de material sedimentar retido no sistema, identificação de deslocamentos, falhas estruturais visíveis submersas e emersas, etc. Além disso, utilizando sensoriamento remoto (imagem de satélite) e receptores GNSS, pode-se detectar movimentação da estrutura.
Outro método bastante eficiente realizado pela GeoTag, são os sonares de varredura lateral (figura ao lado), que possibilitam realizar uma “ultrassonografia” do fundo e do talude da estrutura submersa da barragem, mostrando se há fendas ou materiais que comprometam a sua estabilidade e segurança. Com levantamentos do fundo das barragens, pode-se ter um controle dos volumes e perfis dos materiais acumulados e com isso comparar, ao longo do tempo, a tendência de deslocamento e registrar o histórico do avanço do material em direção do barramento. Com esta sequência de dados é possível estabelecer gráficos e modelos de tendências para as simulações e gerenciamento de riscos.
Nesses monitoramentos, determinar a quantidade de sedimentos já dentro do sistema da barragem e a quantidade que vem sendo descarregada dentro dele é fundamental. Uma vez detectada que a capacidade máxima de sedimentos está sendo alcançada, três medidas podem ser tomadas: aumentar a barragem (o que envolve na maioria dos casos uma perda de área e de vegetação nas margens), dragar o rejeito para um novo processo de extração, ou desativar a unidade canalizando para outro reservatório o material que seria descarregado na mesma.
Tendo como exemplo uma das mais importantes reservas minerais brasileiras, detentora das maiores jazidas minerais, além de outros depósitos importantes e economicamente valiosos, citamos seis barragens utilizadas para diversos fins. Sendo quatro para sedimentos, uma para o ajustamento de água e uma para a recuperação de minério. Todas estas barragens possuem um sistema de gestão de barragem, em que é executada uma série de frequentes observações por piezômetros, linígrafos, levantamentos batimétricos, geodésicos, inspeções periódicas e controle da descarga dos drenos e vertedouros.
Ao longo de onze anos de experiência com o monitoramento e consultorias de barragens e operação de dragagem, a GeoTag Engenharia acompanha a segurança e o resultado das dragagens com levantamentos frequentes e monitoramentos em tempo real na execução dos trabalhos. O processo de dragagem dos reservatórios normalmente visa ao aprofundamento do reservatório das barragens e por vezes alcançar as condições originais da mesma, ocasionando o menor impacto ambiental possível, uma vez que com a dragagem não há necessidade do aumento do barramento e, por conseguinte, a extensão da área alagada. Dependendo do teor do material ainda existente no rejeito, é possível que este seja aproveitado para nova extração de minerais com valor comercial. É difícil calcular precisamente o tamanho de danos que podem ocorrer ao meio ambiente em casos de acidentes. Na Lei Nº 12.334, de 20 de Setembro de 2010, que estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragem, (PNSB) e cria o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB) o plano de gestão é bastante abrangente e completo. Os estudos anteriormente citados são complementares ao plano de gestão, mas, já adotados em várias barragens nacionais. A conclusão dos estudos disponibiliza um histórico de levantamentos onde providencias necessárias possam ser tomadas para que sejam evitadas tragédias como as que tem ocorrido no Brasil.
Todos os esforços em termos de investigações científicas, de manutenção e investimentos financeiros são válidos e extremamente necessários para manter a segurança em micro e macro escala. Principalmente quando envolve uma atividade que pode oferecer risco, mas em contrapartida é de extrema importância econômica, social e ambiental. Todos os dispositivos tecnológicos disponíveis devem ser utilizados.
(*) José Bartolomeu Ferreira Fontes, diretor presidente; Orjana Carvalho Alcantara Silva, diretora; e Mathias Schlosser, supervisor; todos da GeoTag Engenharia.
Fonte: Revista Minérios & Minerales
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