Por José Mendo Mizael de Souza*

mendodesouza@jmendo.com.br

“No começo era a febre amarela. Depois veio a dengue. Mais recentemente, a chikungunya, e, logo depois, o zika. Entre especialistas em epidemias, o pensamento é um só: sabe-se lá o que mais pode vir daqui para frente”, destaca Giovana Girardi, em matéria publicada no Estado de S. Paulo. E ela acrescenta: “Em comum, todas as doenças compartilham o mesmo vetor de transmissão, o mosquito Aedes aegypti. Sabe-se na literatura médica que pelo menos mais 17 outros vírus podem ser carregados pelo mesmo mosquito, mas ninguém se arrisca a dizer se algum deles pode se mover nem qual poderia ser o próximo a chegar ao Brasil”.

Por seu turno, o infectologista Artur Timerman, segundo Adriana Dias Lopes, nas “Páginas Amarelas” da Veja, ao responder à pergunta “Não é inconcebível que um mosquito cujo potencial de transmitir doenças que se conhece há pelo menos 100 anos ainda desafie a ciência?”, destaca: “O papel da ciência não é acabar com o Aedes. É impossível acabar com o mosquito. O Aedes tem uma capacidade de adaptação biológica sofisticada, superior à de qualquer inseto. Há menos de dez anos, ele se reproduzia apenas em poças grandes, de meio litro, constituídas de água limpa. Hoje, basta uma quantidade equivalente a uma tampinha de água – limpa ou suja. O Aedes sempre teve um comportamento diurno, atraído pela luz do sol, e já o vemos durante a noite, em torno de luz artificial. Suas larvas sobreviviam por três meses. Agora, o tempo é quatro vezes maior. Seu voo atingia a distância de 10 metros. São 50 metros atualmente. Essa capacidade extraordinária de sobrevivência sempre driblará qualquer tecnologia”.

E alerta Artur Timerman, nesta mesma entrevista: “Não costumo ser pessimista, mas nesse caso terei de dizer: é praticamente impossível eliminá-lo. O problema está lá atrás, com a urbanização caótica das grandes cidades, sobretudo nos Países da América Latina, erguidas sobre asfaltos impermeáveis, com pouquíssima vegetação e repletas de lixo e esgoto a céu aberto. O papel da ciência é importante, mas paliativo. Ela servirá para eliminar ou evitar as consequências trazidas pelo mosquito. As medidas podem ser válidas, mas apenas reduzirão os danos”.

Considerando a comprovada responsabilidade social das Empresas de Mineração comprometidas com as comunidades em que atuam – em especial com aquelas que se situam nas proximidades das minas – vale aqui destacar que a gravidade da questão do Aedes aegypti e a necessidade de seu combate dia-a-dia é um desafio e uma responsabilidade de todos, pelo que nós da Mineração brasileira deveremos, cada vez mais, nos engajar no combate ao mosquito e nos esclarecimentos permanentes à todos os nossos stakeholders.

Vale destacar aqui que é ainda o infectologista Artur Timerman, também na matéria de Veja acima citada, quem, ao responder à pergunta “O que o senhor tem dito para suas pacientes sobre o zika? Quais medidas elas devem tomar?”, enfatizou: ‘Há muitos anos, desde os tempos da aids, eu não vivia uma situação tão angustiante no meu dia a dia profissional. A cada semana, recebo em meu consultório pelo menos uma dezena de mulheres angustiadas. Infelizmente, só posso responder às questões delas de forma monossilábica. ‘Se eu engravidar agora, corro o risco de ter zika?’. Sim. ‘Corro o risco de transmitir o vírus para o feto?’ Sim. ‘Se isso acontecer, ele pode ter microcefalia?’ Sim. Desaconselho veementemente uma gestação, até que consigamos conhecer um pouco mais esse vírus. Fiz isso em minha própria casa. Minha filha mais nova queria engravidar agora de seu primeiro filho. Desaconselhei. E fui ouvido’.

Vamos, pois, todos nós da Mineração – e todos nós brasileiros! – mergulhar de corpo e alma nesta urgente tarefa de combater o Aedes aegypti, lembrando, sempre, Bertolt Brecht: “Não basta ter sido bom quando se deixa o mundo. É preciso deixar um mundo melhor”.Vamos lá!!

Fonte: Revista Minérios & Minerales