Com o objetivo de acelerar o processo de descomissionamento de barragens de rejeitos alteadas a montante e, ao mesmo tempo, permitir que esses resíduos sejam reutilizados para produzir minério de ferro, o governador do Estado de Minas Gerais, Romeu Zema, junto com empresas mineiras e investidores chineses, anunciou R$ 510 milhões para ampliação e implantação de uma tecnologia que irá ajudar as mineradoras nesse processo. A proposta foi anunciada em Pequim, na China, sobre a parceria com as empresas mineiras Gaustec, PST Holding e a chinesa Jingjin Equipment, maior produtora de filtros prensa do mundo. A tecnologia que será financiada permite o empilhamento a seco de rejeitos da mineração de ferro, eliminando a necessidade de barragens.
A parceria cria uma nova empresa que planeja investir, nos próximos cinco anos, R$ 360 milhões na construção de dez módulos de produção em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), gerando cerca de 600 empregos diretos e colocando Minas Gerais como protagonista de uma mineração cada vez mais sustentável.
O restante do investimento, aproximadamente R$ 150 milhões, será destinado à implantação de um centro de montagem e distribuição de equipamentos e peças sobressalentes, sendo um hub de produtos e serviços para atendimento aos setores de mineração, saneamento, indústria química e alimentos.
O governador Romeu Zema afirmou que a iniciativa é de fundamental importância para o estado de Minas Gerais e terá apoio e suporte ativo do Governo do Estado. “No meu primeiro mês de governo enfrentei a tragédia de Brumadinho, e um dos meus primeiros compromissos como governador aos mineiros foi o de que eu faria de tudo pra que nunca mais tivéssemos desastres como os de Mariana e Brumadinho. Por isso determinamos o descomissionamento das barragens, mas esse se mostrou um processo muito mais complicado que o previsto inicialmente. Como não sou de me acomodar com problemas, viemos à China buscar soluções tecnológicas que vão solucionar a questão”, afirmou Romeu Zema.
Ele acredita que essa tecnologia, com DNA mineiro, ajudará a acelerar o processo de descomissionamento e descaracterização de barragens de rejeitos da mineração. “Apesar de ser uma obrigação legal, as mineradoras têm tido dificuldades técnicas de cumprir os prazos legais e essa solução surge como uma excelente alternativa para atingir os objetivos da lei que criamos”, comenta.
Desde que Minas Gerais protagonizou os mais graves desastres com barragens da história brasileira, em Córrego do Feijão (2019) e em Fundão (2015), as mineradoras que operam no estado foram obrigadas, por novas leis, a desativar seus reservatórios de rejeitos à montante. Porém, com dificuldades técnicas, esse processo está atrasado, o que levou as empresas a firmarem um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público.
Tecnologia chinesa e mineradoras brasileiras
A joint venture entre as empresas mineiras, que conta com a tecnologia da empresa chinesa, permitiu o desenvolvimento de uma usina móvel de concentração magnética, uma planta modular que pode ser montada nas proximidades das barragens, onde é feita a transformação dos rejeitos em polpa para posterior reprocessamento na planta de concentração magnética.
No processo industrial, o rejeito depositado na barragem é beneficiado, gerando o concentrado de alto teor, a areia para construção civil e o resíduo filtrado que é empilhado. Com a usina móvel, os rejeitos podem ser beneficiados por concentração magnética na própria área da barragem, com previsão de início de operação em até oito meses. Além disso, existe ganho de tempo e também para o meio ambiente, com a redução das viagens dos veículos a diesel e o reaproveitamento dos rejeitos, que têm de 40% a 50% de teor de ferro – o restante ainda pode ser transformado em areia para a construção civil.
Outro benefício, é que 95% da água drenada nesse processo pode ser reutilizada pela mineradora em seus processos, inserindo essa tecnologia nos principais conceitos da economia circular.
Com a nova tecnologia, que já se encontra em operação em duas barragens de grandes mineradoras no Quadrilátero Ferrífero, a Gaustec, a PST e a Jingjin poderão contribuir para que as empresas possam se adequar mais rapidamente à exigência alinhada aos princípios ESG (Environmental, Social and Governance).
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