A Mineração Vale Verde desenvolveu estudo para aplicação da metodologia Lean Six Sigma na recuperação da disponibilidade física dos caminhões basculantes, com objetivo de garantir da performance da operação na mina Serrote, localizada em Craíbas (AL). Esse tipo de metodologia é recomendada, segundo a empresa, devido à sua capacidade de abranger os mais variados escopos de trabalho e ferramentas aplicáveis.

Na mineração, as operações de carregamento e transporte são os principais processos de produção, tendo a finalidade de retirar o material desmontado da frente de lavra e carregado em um sistema de transporte e levar o material para o destino adequado, podendo ser britador ou estoques. Sendo assim, a manutenção de equipamentos que atuam diretamente com a operação da mina é um constante desafio para as empresas que atuam no ramo. Tais equipamentos são constantemente expostos a intempéries e às atividades de mineração, como poeira, acessos irregulares, mal uso, entre outros fatores que podem acelerar o processo de falha deles. Por esse motivo, se faz necessário garantir a qualidade da manutenção, tendo controles adequados e boa gestão dos indicadores.

 A agregação das metodologias Lean – aplicação de estratégias que buscam eliminar desperdícios – e Six Sigma – busca pela redução de variabilidade dos processos – é importante no alcance da excelência operacional. Isso permite a busca por atingir zero defeitos e entrega a baixo custo, sendo também eficaz para identificar e mitigar as causas-raiz dos problemas do processo por meio do uso de ferramentas como a metodologia DMAIC, que integra uma sequência de ações de melhoria.

A Mina Serrote atua com beneficiamento do minério de cobre. No local onde ocorreu a aplicação do projeto de melhoria há uma frota terceirizada de 29 caminhões basculantes (CB), com porte rodoviário e capacidade média de transportar 34 toneladas por viagem. Buscando abranger o maior número possível de causas-raiz que pudessem impactar direta e indiretamente na disponibilidade física da frota, foram definidas três grandes frentes de trabalho: suprimentos, operação e manutenção de mina.

A metodologia DMAIC foi aplicada individualmente em cada uma das frentes citadas, permitindo maior visibilidade aos processos da mina. Como objetivo inicial do projeto foi definida meta de recuperar 23% da disponibilidade física dos caminhões, tendo como referência o mês de junho de 2023.

Assim, buscando garantir melhor performance, controle e aderência aos custos da operação de mina, definiu-se cinco principais indicadores para guiar o desenvolvimento do projeto. Sendo eles: disponibilidade física (%) – tempo de equipamento disponível para operação; MTTR (h) – tempo médio de reparo do equipamento; MTBF (h) – tempo médio entre falhas do equipamento; PDT (t/h) – produtividade, massa movimentada por período; e reposição de peças para manutenção (dias). Baseando-se nos cinco indicadores citados acima, foi possível realizar uma análise mais aprofundada sobre a performance da manutenção e definir os passos a se seguir em busca do objetivo do projeto.

Segundo a empresa, fez-se necessária a implementação rápida de ações de organização e reestruturação, buscando a imediata recuperação da disponibilidade física dos caminhões visto o cenário de impacto gerado no mês de junho. Com isso, tornou-se possível a priorização das causas a serem tratadas, bem como a definição robusta de planos de ação visando a recuperação do indicador chave do projeto.

Observou-se aumento significativo para o indicador de MTBF, com variação máxima de 37% a mais em outubro de 2023 se comparado a junho do mesmo ano. Bem como a estabilidade no processo após a implementação de ações essenciais como reestruturação das equipes de manutenção e almoxarifado e dos procedimentos realizados. Já a média de disponibilidade física alcançada para o segundo semestre foi de 9% acima do que foi definido inicialmente para o projeto, atingindo a média de 74% nos dois últimos meses do ano.

 A melhoria apresentada representa o aumento na capacidade produtiva diária da frota de CBs em 11 mil toneladas movimentadas, cerca de 4 milhões de toneladas por ano na capacidade produtiva Com isso, o processo que estava classificado anteriormente com mais de 400 mil defeitos/milhão, progrediu para aproximadamente um nível com pouco mais de 100 mil defeitos/milhão, garantindo, assim, melhoria expressiva no processo.

AUTORES: Júlia Cecília F Barbosa – Analista de Planejamento Integrado da Vale Verde, Isabela Eurides C dos Santos – Analista de Processos e Negócios da Vale Verde, Hugo Cliger S Nadler – Gerente de Mina da Vale Verde, José Victor S Silva – Analista Administrativo da Vale Verde e Carlos Eduardo L Nascimento – Analista de PMO da Vale Verde