Posicionado como o terceiro maior complexo de minério de ferro operado pela Vale, o Vargem Grande ainda apresenta desafios visto a qualidade do minério e as licenças ambientais e sociais necessárias para expansão das cavas. Por isso, a companhia tem pesquisado iniciativas que adicionem valor ao negócio, desde Geologia à Logística. No contexto das operações da Vale no Brasil, existem três corredores estratégicos: Norte, Sudeste e Sul.

Dentro desse panorama, o Corredor Sul se destaca como uma peça essencial do processo, abrangendo o Complexo Paraopeba e o Complexo Vargem Grande, ambos localizados em Minas Gerais, além do sistema Portos Sul, no estado do Rio de Janeiro. O Complexo Vargem Grande se estende pelas regiões de Itabirito, Nova Lima e Rio Acima, em Minas Gerais. Compreendido por seis minas a céu aberto – Tamanduá, Horizontes, Abóboras, Pico, Galinheiro e Sapecado.

Ele desdobra-se em nove plantas, divididas entre três unidades a úmido – VGR-2, ITM-D e ITM-A1 – e seis plantas à umidade natural – ABO1, ABO2, ITM-B, ITM-I, ITM-A2 e VGR-1 –, além de uma usina de pelotização. A partir destas instalações, a Vale almeja atingir 50 milhões de toneladas de minério por ano a partir de 2027, gerando produtos, como Sínter Feed, Pellet Feed e Granulados. Destaca-se que o Pellet Feed se destina à Usina de Pelotização, impulsionando a cadeia produtiva do setor.

A gestão de rejeitos é uma área crítica e complexa, onde se destaca a barragem de Maravilhas 3 em operação, uma em descaracterização, além de 7 pilhas de estéril. Além desta questão, o Complexo Vargem Grande possui outras particularidades, e assim como os demais do Corredor Sul, tem o desafio da rentabilidade devido à complexidade operacional e as restrições relacionadas a rejeitos, descaracterização de barragens e licenças, posicionando-o num cenário mais desafiador em relação aos demais corredores.

 Desta forma, a companhia buscava um direcionamento para o aumento na produção e participação dos produtos com maior margem.

A METODOLOGIA: ESTRATÉGIA E VALORIZAÇÃO

O Projeto P2V (Pathway to Value) foi a metodologia utilizada, como um direcionador de equipes-chave que englobou operações, engenharia, planejamento, FP&A (Planejamento Financeiro e Análise), e a Cadeia Estendida de forma abrangente.

 Esta ferramenta estratégica visava reorientar para a maximização do valor. Os principais elementos do Projeto foram: Integração Multidisciplinar, equipes de diversas disciplinas, desde operações até planejamento estratégico; Maximização do Valor, que não se limitou apenas à produção e operações, mas estendeu-se às áreas financeiras, estratégicas e logísticas; Otimização Operacional e Estratégica, como um guia para a tomada de decisões entre outras ações.

Ao delinear os desafios operacionais do Complexo Vargem Grande, foi crucial conduzir uma análise criteriosa dos gargalos que impactam diretamente a eficiência e a produtividade do empreendimento. Um dos principais gargalos identificados, por exemplo, residia na qualidade e variabilidade dos produtos, especialmente no Eixo Pico. A análise aprofundada, sobretudo nas operações relacionadas a este eixo, foi fundamental para aprimorar a consistência e a qualidade dos produtos gerados, garantindo padrões elevados e atendendo às demandas do mercado.

A confiabilidade operacional na usina de Vargem Grande 2 também teve um papel central no mapeamento de gargalos, visto que essa usina é responsável pela maior produção de Pellet Feed no Complexo. Sendo assim, constatou-se que investir em ações que assegurem a confiabilidade desses ativos é imperativo para manter a consistência na produção. Outro gargalo encontrado foi a obtenção das licenças ambientais, essencial para a estratégia operacional.

 A gestão eficaz desse processo é vital para garantir a conformidade ambiental, a sustentabilidade operacional e a aderência aos padrões regulatórios. Enfim, a metodologia P2V funcionou como uma ferramenta para trazer à tona os principais gargalos e através de uma equipe multidisciplinar viabilizar projetos estratégicos capazes de contribuir com o intuito de elevar o patamar do complexo em adição de valor na cadeia. As iniciativas foram então distribuídas em 5 áreas de atuação: Geologia e Exploração, Capacidade de Reserva Mineral, Métodos e Rotas, Transporte e Logística, e Gerenciamento.

Por fim, a identificação dos gargalos favorece a construção e o direcionamento dos esforços para mitigação ou ganhos de produção. O Complexo Vargem traz um árduo caminho para geração de valor visto a qualidade do minério disponível nas minas e as restrições de desmonte e ambientais relacionados. Iniciativas como a “Moagem em Série” ou “Revamp de VGR I” convergem para projetos com investimento, mas com produtos de maior margem como o Pellet Feed através de concentração. Sendo assim, a aplicação da metodologia do P2V juntamente com uma revisão dos ativos, propiciam o desenvolvimento de um Plano Diretor do negócio com uma estratégia clara e objetiva, com caminho para criar valor ao longo dos anos de operação.

AUTORES: Heitor B. B. de Sá – Coordenador de Confiabilidade Operacional da Vale, Haline C. S. Paiva – Gerente Geral de Operação Complexo Vargem Grande da Vale, Theo B. Horsth – Gerente Geral de Manutenção Industrial Complexo Vargem Grande da Vale, Wendell Machado – Gerente de Man. Equip. Móveis Complexo Vargem Grande da Vale, Jefferson C. Guimarães. – Diretor de Operação do Complexo Vargem Grande da Vale, Diogo A. Costa. – Diretor Corredor Sul da Vale, Jakscelle D. Silva. – Engenheiro de Processos Sênior da Vale, Maurício C. N. Barros. – Engenheiro de Processos Pleno da Vale, Arthur G. C. M. Santana. – Trainee da Vale, Luciana A. Freitas. – Trainee da Vale, Leandro A. S. Bastos. – Engenheiro de Minas Sênior da Vale e Mateus R. S. Fonseca. – Engenheiro de Minas Pleno da Vale