Em parceria com o governo, mineradora abrirá até agosto 7,5 km de linha férrea atrás do monte Kirunavaara

David Petersson, Area Manager da LKAB Sweden

Os desafios para aumentar a extração do minério de ferro e melhorar as condições de trabalho dos mineiros foi o tema central da palestra da LKAB sueca, que exibiu o resultado de 20 anos de trabalho da empresa. Juntas, as minas operadas pela mineradora, Kiruna e Malmberget, são responsáveis por 90 % da produção de minério de ferro da União Europeia. “Há duas décadas, não éramos uma empresa muito lucrativa, então decidimos adotar novas técnicas de perfuração a fim de melhorar os resultados”, explica o gerente de área, David Petersson.

Segundo ele, a distância possível entre os níveis para perfuração, no passado, era de 10 m a 12 m. “O comprimento chegava ao máximo a 28 m, e o desvio, a 15 %, ou seja, não era um furo em linha reta. Acima disso, o risco era extremamente alto, pois o desvio ficava muito grande e não havia como controlar as o desmonte com explosivos”, explica. O alto consumo de energia e custo elevado de produção, no subsolo, e os problemas com o ambiente inadequado para os trabalhadores, além da poluição do ar, também impactavam nos balanços e motivaram, então, a busca por soluções para melhorar estes índices.

A saída pensada e implementada pela empresa foi a técnica de perfuração a água. A nova tecnologia possibilitou que a distância entre os furos aumentasse para 28 m, e o comprimento deles passasse a ser de 60 m, com desvio de 1 %. “Além da redução significativa nos custos e aumento da produção, melhoramos em muito o impacto ambiental. Agora, não há poeira, partículas no ar ou óleo; apenas água, que é reaproveitada. O nível de ruído é bem menor, melhorando as condições de trabalho para os operadores, que fica agora afastado do local, operando as perfuratrizes automatizadas à distância”, frisa Petersson.

O equipamento utilizado, um Wassara W100 com bit de Ø115 mm, com rig da Atlas Copco / Sandvik, tem menor consumo de energia e impacto ambiental.

A pressão da água chega a até 180 bar contra os 30 bar se comparado aos equipamentos propelidos a ar, dando 3600 golpes por minuto (60 Hz), enquanto que um martelo pneumático tem taxa de 2000 a 2700 por minuto (35-45 Hz). O martelo, que necessita de alimentação de cerca de 300 l de água por minuto para operar, elimina a existência de particulados de óleo em suspensão e tem nível baixo de ruído.

Outros benefícios conquistados com a medida foram a redução de deslizamento em 70 %, o aumento de 500 % no volume extraído por metro perfurado, refletindo-se na produção e nas vendas, que passaram a ser de cerca de US$ 4,1 bilhões ao ano. “Hoje, nosso custo por tonelada é de SEK 410, mas queremos baixá-lo para SEK 370, a fim de aumentar nossa competitividade. Abrimos um novo escritório na China com o objetivo de diminuir os gastos com compra de equipamentos e componentes, e também estão previstas várias medidas para atingir este fim, mas as operações das minas são o principal foco para a redução de custos”, afirma.

A tecnologia da perfuratriz movida à água foi crucial no aumento da produção

Atualmente as unidades da LKAB Sweden podem ser resumidas nas minas subterrâneas de Kiruna e Malmberget, as maiores do mundo desse tipo para exploração de ferro e as minas a céu aberto de Svappavaara, que contempla as cavas de Gruvberget, Leveäniemi e Mertainen – que terão investimento de SEK 7,5 bilhões até 2015 para seu desenvolvimento, com 500 postos de trabalho, aumentando a capacidade da LKAB em cerca de 12 milhões t/ano na próxima década. Opera ainda os portos nas cidades de Lulea e Narvik. No momento, os depósitos totais da empresa garantem extração em Kiruna até 2035, em Malmberget até 2023 e Svappavaara as reservas de ferro serão responsáveis pela produção de 37 milhões t em 2015. Contudo, a mineradora tem mais de 70 áreas de prospecção em fase de sondagem.

Com cerca de 4.200 funcionários, a mineradora, que é responsável por produzir 755 pellets de ferro por segundo e tem como principal mercado consumidor a União Europeia (consumidora de 40 % de sua produção de pellets), teve lucro antes dos impostos de SEK 11,023 bilhões em 2012, com suas operações no norte do país, produzindo 26,3 milhões t de ferro e derivados.

Como parte do processo de modernização, a LKAB há dez anos desenvolve um novo nível principal na mina de Malmberget, onde já escavou 47 km de túneis a fim de expor mais reservas de minério de ferro. Em Kiruna, o sistema de túneis será ainda maior, com 90 km e 12 km de trilhos para sistema de trens e vagões controlado remotamente para movimentação do material nesse nível da operação. Além disso, será necessária a construção, no subsolo, de shafts, salas de controle, escritórios, sistemas de elevação e oficinas. Essas duas expansões totalizam investimentos na ordem de SEK 17 bilhões.

Visando às vendas externas em 2012, que totalizaram SEK 24,909 bilhões e representaram 92 % das vendas do grupo, a LKAB investiu cerca de SEK 5 bilhões em terminais, vagões de minério e locomotivas, novo sistema automatizado de descarga e melhorias na instalação de estocagem no porto de Narvik na década do ano 2000. Essas medidas foram responsáveis por aumentar a capacidade de transporte em 60 % e, no futuro, a empresa tem planos de elevar a capacidade de descarga em Narvik de 20 milhões t/ano para 28 milhões t/ano, e a de transporte na estrada de ferro para 40 milhões t/ano em 2015. Junto às expansões das minas, esse incremento nos portos e linhas férreas será responsável pelo aumento no quadro efetivo da empresa em 700 funcionários.

Apesar das dificuldades tanto operacionais quanto de capital para modernizar as operações subterrâneas, a mineradora conseguiu tornar suas minas rentáveis com investimento em técnicas inovadoras no setor, que se beneficiaram também das propriedades do jazimento em si, que propicia minério de magnetita de alta qualidade. Isso faz com que o teor de ferro fique entre 60 % e 70 %, e a presença da magnetita, peculiar da região de Malmfälten, torna o mineral mais apropriado para a produção de p
ellets em relação
à hematita, por ter um átomo de diferença em sua composição. Essa propriedade faz com que a mineradora economize em energia consumindo menos combustíveis fósseis, uma vez que 60 % da energia necessária para a granulação nem da liberação de calor gerada pela magnetita durante sua conversão para hematita, o que dá ao minério da LKAB o título de Green Pellets – pelotas verdes.

A particularidade do minério da empresa também auxilia na redução das emissões totais de dióxido de carbono na produção do aço, e o processo que normalmente libera cerca de 2.000 kg CO2/t, passa a soltar sete vezes menos na sintetização em siderúrgicas e três vezes menos para produção de aço bruto, ou seja, aproximadamente 215 kg CO2/t e 95 kg CO2/t, respectivamente.

Kiruna e Malmberget são as maiores minas subterrâneas de ferro do mundo

Resultados financeiros em 2012

Durante o ano passado, alguns pontos chave foram destacados pela mineradora no seu relatório anual financeiro e de sustentabilidade, como: o acordo de cooperação assinado no início do ano com o município de Gällivare em relação à transformação urbana em Malmberget; perda de produção em maio, devido a uma paralisação na maior usina de pelotização da LKAB, KK4, em Kiruna e entregas interrompidas por uma greve de dez dias feita pelos trabalhadores do setor de despacho ferroviário na linha Ofotbanen no final de maio e início de junho; abertura do novo nível principal de Malmberget, MUJ 1250, com vida útil estimada até 2023; fechamento da mina a céu aberto Gruvberget em junho, devido ao processo de apelo ambiental, e liberação da Corte Sueca de Terras e Meio Ambiente no final do ano para retomar a operação; concessão da permissão para drenar a mina de Leveäniemi em Svappavaara, uma das três minas a céu aberto incluídas na estratégia de crescimento da LKAB; abertura de 7,5 km de linha férrea atrás do monte Kirunavaara no final de agosto pelo governo sueco, em parceria com a LKAB.

Somatório de investimentos da mineradora chegou a mais de R$ 1,9 bilhão

Em relação às vendas e ganhos, o relatório mostrou decréscimo das vendas líquidas do grupo em 13,3 % devido a três fatores – aumento em 2,8 % no volume/mix, queda de 17,5 % no preço do minério e reajuste cambial de 3,4 %. O lucro operacional teve queda de 28 %, ficando em SEK 10,595 bilhões, impactado principalmente pelo menor preço do minério de ferro.

As receitas de itens financeiros atingiram SEK 428 milhões, já o retorno sobre ativos financeiros totalizaram SEK 533 milhões, e dividendos recebidos de ações listadas atingiram o total de SEK 56 milhões. A redução de impostos sobre empresas na Suécia afetou positivamente a LKAB, com ganhos de SEK 719 milhões e, durante o ano passado, o ingresso de dólares com a venda de minério de ferro foi de USD 3,806 bilhões.

O montante de investimentos pela empresa sueca somaram SEK 5,808 bilhões, dos quais SEK 2,176 bilhões foram em relação ao novo nível principal da mina subterrânea de Kiruna. Durante o ano, o investimento em equipamentos de limpeza de gases de combustão foi de pouco mais de SEK 1,500 bilhão para três usinas de pelotização.

Quanto a Malmberget, os investimentos para o novo nível principal de mineração começou em junho de 2012, para serem concluídas as obras no início de 2014. Em Svappavaara, os recursos foram destinados à melhora do ambiente de trabalho e das plantas. As construções em Kiruna também estão em curso e uma nova barragem no lago Luossajärvi vai permitir a drenagem de áreas afetadas pela mineração.

Processo de modernização envolve novo nível principal na mina de Malmberget