Ao contrário do que se espera sobre a implantação de um projeto de mineração, um movimento de 12 mil indígenas do povo Mura, representando 36 aldeias, mostrou-se a favor do Projeto Potássio Autazes da empresa Potássio do Brasil. A manifestação antagônica aconteceu durante uma reunião entre as lideranças indígenas e o governador Wilson Lima, que recebeu uma ata e relatório apresentando decisão favorável do povo do município de Autazes ao projeto.
Orçado em US$ 2,5 bilhões e com capacidade de produzir 2,2 milhões de toneladas de potássio por ano, diante de uma demanda de 13 milhões de toneladas no país, o projeto Potássio aguarda o destrave do licenciamento suspenso em agosto, pela juíza Jaiza Maria Fraxe, da Justiça Federal no Amazonas. As articulações para tentativa do retorno da licença e o encontro dos indígenas com o governador Wilson Lima foram noticiadas no jornal A Folha de São Paulo nesta semana, conforme matéria aqui.
A reunião das lideranças indígenas com o governador aconteceu no dia 25 de setembro, com a presença de autoridades e a própria Potássio do Brasil. “Esse é um passo fundamental que é o processo de consulta ao povo Mura sobre essa atividade da exploração do potássio no município de Autazes”, destacou Wilson Lima. “A gente está falando de uma outra matriz econômica no estado do Amazonas. Nós temos a Zona Franca, nós não abrimos mão dela, temos a questão do gás natural, que a gente já conseguiu avançar muito, e o próximo passo agora é a questão do potássio”, completou.
Representando o povo Mura, José Cláudio dos Santos Pereira, coordenador geral do Conselho Indígena Mura (CIM) entregou ao governador a ata e relatório da Assembleia Geral ocorrida nos dias 21 e 22 de setembro na aldeia Terra Preta da Josefa, entre lideranças indígenas aceitando a implantação do projeto. “Para nós, é muito importante porque isso representa o futuro, o avanço econômico de Autazes e do estado do Amazonas. Mas é importante destacar que o povo mura entende que estamos caminhando juntos com a Justiça Federal e não queremos afrontá-la, entendemos que o Ipaam é o órgão licenciador e que deve dar segmento ao processo”, disse.
O presidente da Potássio Brasil, Adriano Espeschit, lembrou que o potássio produzido no mundo é um importante fertilizante e que o Brasil é dependente de importação deste elemento. “A segurança alimentar depende dos fertilizantes para o agronegócio, para alimentar pessoas e eliminar a fome. E como disse o presidente Lula, na abertura da Assembleia da ONU, mais de 750 milhões de pessoas estão passando fome. Esse é um projeto estratégico para acabar com a fome no mundo. Vamos trabalhar com os próximos passos para que possamos avançar no licenciamento e iniciar a instalação do empreendimento em Autazes”, explicou.
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