Com três unidades na região amazônica (mineração de bauxita em Paragominas e
refinaria de alumina e fundição de alumínio em Barcarena, Pará), a Hydro anunciou
uma nova iniciativa em busca da descarbonização, e assim minimizar os impactos
ambientais de suas operações. Além da substituição de combustíveis fósseis por
gás natural, realizada recentemente, e ainda a adoção de caldeiras elétricas, a
mineradora está realizando um estudo para substituir carvão por biomassa a partir
do caroço do açaí. A meta, segundo a mineradora, é reduzir em até 70% suas
emissões até 2030, e zerá-las até 2050.


A companhia divulgou o projeto, juntamente com outras ações de descarbonização,
durante o Encontro com a Imprensa – 2024, com a presença do Instituto de
Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), IMAZON e Instituto Brasileiro de
Mineração (IBRAM). Da Hydro, além do CEO Norsk Hydro Brasil, Anderson
Baranov, estiveram presentes o diretor de Sustentabilidade e Impacto Social,
Eduardo Figueiredo, e o vice- presidente de Operações de Bauxita e Alumínio da
Hydro, Carlos Neves.


“Existe uma aposta no futuro de modelo de negócios, e o carbono é um grande
exemplo disso. Estamos fazendo um investimento alto na descarbonização das
nossas operações porque o mercado lá na frente, ou ele vai pagar mais para quem
tem um alumínio de baixo carbono ou só vão comprar um alumínio que tem baixo
carbono. Então, estamos nessa transição para ter uma vantagem competitiva. Além
disso, outro motivo fundamental, é que existem as estratégias de biodiversidade no
mundo todo, então precisamos operar na Amazônia provando que no final ela terá
uma biodiversidade igual ou melhor do que a gente encontrou. Sendo assim, nossa
missão é entregar uma qualidade de biodiversidade melhor do que estava quando a
gente entrou para minerar”, explicou o diretor de Sustentabilidade e Impacto Social,
Eduardo Figueiredo.


“Nosso intuito é que a Hydro, através da mineração e suas outras atividades,
contribua para que esses municípios onde ela atua consigam ter melhor condição
social, desenvolvimento econômico e redução das emissões. A diferença é que a
Amazônia é um laboratório, um experimento, não existe fórmula e nem modelo de
outro lugar para pegarmos emprestado e executar. Então, nós é que iremos
construir um caminho para seguir”, enfatizou Figueiredo.


Programas de descarbonização


O vice-presidente de Operações de Bauxita e Alumínio da Hydro, Carlos Neves,
apresentou as ações da mineradora em busca da descarbonização e os novos
projetos ainda em andamento.

Com uma cadeia verticalizada em alumínio, a Hydro extrai bauxita em Paragominas
PA), que é processada e bombeada por um mineroduto até a refinaria de Alunorte,
situada em Barcarena (PA), onde é refinada e transformada em alumina. Segundo a
mineradora, a média de emissão das indústrias hoje é de 1,33 toneladas de CO2
por tonelada de alumínio, e a Hydro registra 0,66 toneladas de CO2, representando
50% a menos que as outras. A meta até final de 2024, é reduzir mais 32%. “Apesar
de emitir metade que a média, buscamos reduzir mais com melhorias nas
operações, que tiveram uma redução de emissão já de 15%, e outras iniciativas
para chegar nos 32%, que são: as caldeiras elétricas, instalamos uma como piloto
em 2023, e ao final de 2024, teremos mais duas caldeiras elétricas que estão em
fase de construção e estarão em operação até dezembro deste ano. Essas três
caldeiras elétricas vão reduzir 550 mil toneladas de carbono por ano”, contou Neves.


A caldeira piloto foi comprada da Parat, fabricante norueguesa, e esta única já
representa um grande projeto de eletrificação com 60MW e é considerada a maior
caldeira elétrica do mundo. “Inclusive, por meio do braço de energia da companhia,
a Hydro Rein, dois projetos vão fornecer energia para a refinaria da Hydro Alunorte:
um é o Ventos de São Zacarias (eólica e solar), que está localizado na Serra do
Arari entre Piauí e Pernambuco, que está em construção e entra em operação em
novembro deste ano. E o outro projeto se chama Mendubim (solar), situado no Rio
Grande do Norte, concluído em abril deste ano, em parceria com a Scatec e Equinor
ASA. Os dois projetos, Zacarias e Mendubim, juntos, vão fornecer energia para
nossas operações”, acrescentou.


Além da eletrificação, Neves falou da introdução do gás natural como substituição
do óleo BPF, que contou com um investimento de R$ 1,3 bilhão e tem previsão de
atingir 100% da substituição até o final de 2024. “O gás reduz 700 mil toneladas de
CO2, e em complemento com as caldeiras elétricas, já soma 1,3 milhões de
toneladas de CO2 a menos nas nossas operações até o final deste ano”, destacou o
vice-presidente.


Sobre a troca pelo gás, segundo Carlos Neves, como não tinha gás disponível no
Pará, a Hydro contratou a New Fortress Energy, que instalou uma estação com um
navio ancorado na Vila do Conde, na região de Barcarena, onde ficará por 25 anos
com uma unidade industrial de regaseificação para fornecer o gás importado para
abastecer as caldeiras da mineradora. “O navio chegou em Barcarena no dia 08 de
abril deste ano, e desde então iniciamos a conversão de nossos equipamentos.
Hoje já temos quase toda a operação que utilizava o óleo BPF funcionando a gás.
Até julho, oito fornos foram convertidos, em agosto estamos com um em processo
de conversão, e entre setembro e dezembro deste ano pretendemos converter mais
quatro”, explicou, se referindo à geração de vapor da Alunorte que não utilizará mais
óleo BPF.


Substituição do carvão por caroço de açaí

Além da troca do combustível pelo gás natural e as caldeiras elétricas, a Hydro
apresentou um projeto de pesquisa em parceria com a Universidade Federal do
Pará (UFPA), que estuda desde 2022 a opção de utilizar caroço de açaí como
alternativa de combustível. Atualmente, a pesquisa está testando misturas de
caroços de açaí e carvão em caldeiras.


“Começamos misturando 5%, hoje estou em 20% e até agora esse processo com o
caroço de açaí está respondendo bem, estamos testando por etapa. Neste ano, por
exemplo, estamos consumindo 70 mil toneladas do caroço de açaí, para expandir
ano que vem para 120 mil toneladas, a meta é chegar a 300 mil toneladas de caroço
de açaí para efetivar os resultados. E nós adquirimos esse material de cooperativas
locais, ou seja, ajudando a promover a economia circular. Então, se der certo esse
projeto, o açaí realmente irá substituir o carvão”, afirmou Neves.


Além deste estudo, a Hydro Alunorte está desenvolvendo um projeto com a
Havrand, sobre a viabilidade da substituição do gás natural por hidrogênio
renovável. “Nós queremos continuar trabalhando desenvolvendo mais caldeiras
elétricas, biomassa para substituir carvão, desenvolver biogás e outros, para que
em 2030 a gente tenha uma redução de 70% de nossas emissões”