Como Norsk Hydro, Yamana e Embu estruturaram suas frotas

Vinícius Costa

As operações de mineração, apesar de terem a mesma premissa, ou seja, a explotação mineral, têm diferentes realidades quanto ao solo, carga, minério, produção, espaço físico disponível e configuração da cava, etc., sendo assim, para se definir o tipo de veículo transportador a ser utilizado, é necessária uma série de estudos de viabilidade econômica em relação à utilização de caminhões fora de estrada, rodoviários, ou até mesmo correias transportadoras.

Se excluída a possibilidade do uso de correias, que demandam de um investimento inicial comparativamente alto em relação aos outros métodos, as mineradoras têm que decidir se utilizarão caminhões fora de estrada ou rodoviários, para isso, três questões chaves podem ser levadas em consideração na aquisição da frota de transporte, são elas: qual modelo comprar, tamanho da frota, e por quanto tempo permanecer com o equipamento e, em suma, os investimentos de capital, custos e ganhos econômicos são o referencial para a tomada de decisão.

Sobre o assunto, a revista Minérios & Minerales ouviu as operações da Embu Engenharia e Comércio, da Mineração Maracá Indústria e Comércio (Yamana) e da Norsk Hydro (Mineração Paragominas), que optaram por utilizar caminhões fora de estrada, ao invés de modelos rodoviários em suas minas.

Devido ao volume produzido, Embu optou por utilizar caminhões fora de estrada

Caminhões de grande porte em aplicação em pedreiras

Localizada em Embu das Artes (SP), a pedreira Embu, da Embu Engenharia e Comércio, faz a extração e britagem de granito para a indústria da construção civil e infraestrutura. Anualmente são movimentados em média 2.700.000 t de minério e, para isso, a empresa utiliza seis caminhões fora de estrada Cat 770 e mais cinco caminhões rodoviários Mercedes-Benz Axor 2831K para a expedição.

Segundo Iuri Bueno, gerente da Unidade Embu, a mineradora nunca trabalhou com o transporte por caminhões rodoviários, contudo, análises serão feitas quanto à possibilidade. “Não temos histórico com o rodoviário, mas vamos testar agora um Mercedes-Benz de 36 t para rodar como teste,. Entretanto, acreditamos que para nossa operação ele deva apresentar problema com manutenção bem mais rápido que o fora de estrada, comprometendo a disponibilidade na mina, que atualmente está em 97 %. Para atingirmos a mesma taxa com o modelo rodoviário necessitaríamos de mais operadores, isso encarece a operação, pois há mais questões trabalhistas envolvidas, mas mesmo assim vamos fazer o teste principalmente pelo menor custo de investimento inicial”, conta.

Em relação à manutenção, a empresa mantém serviço contratado com a Caterpillar, pago por hora de serviço, para alguns tipos de consertos. Apesar disso, a mineradora mantém uma oficina central na Pedreira Embu para atender todas as outras unidades e fazer a manutenção dos demais equipamentos de lavra, inclusive dos caminhões Randon fora de estrada usados nas Pedreiras Itapeti e Juruaçu.

A mineradora investe em seus funcionários e prefere treinar seus operadores internamente e não contratá-los diretamente de outras empresas, como explica o gerente. “Todos os operadores começam trabalhando na lubrificação, mas a sequência natural é passarem para o treinamento da Randon e da Caterpillar, para aí sim iniciarem a operar com os rodoviários, depois com os Randon e, por fim, com os Caterpillar”, finaliza.

Para cada caminhão forade estrada seriamnecessários cinco rodoviários na mina de cobre

Consideradabenchmarkna utilização e vida útil de equipamentos fora de estrada para transporte de minério, a mina de cobre Chapada, da Mineração Maracá Indústria e Comércio, em Alto Horizonte (GO), utiliza desde 2009, quando trocou seus caminhões rodoviários, por caminhões de mineração de grande porte para movimentar anualmente cerca de 60 milhões t.

Segundo Carlos Eduardo Paraízo Borges, gerente Geral da mina, as aquisições dos caminhões de mineração foram feitas principalmente pelo desenvolvimento da mina, que teve um incremento substancial na movimentação, e pelo número excessivo de veículos rodoviários e trabalhadores, explica. “Antes eram mais de 30 pessoas e chegamos a ter em média 80 caminhões rodoviários, isso aumentava o risco de acidentes e precisava de uma logística muito maior, pois eram mais equipamentos rodando. Além disso, o número de funcionários maior demandava gastos proporcionais com encargos trabalhistas e até mesmo com refeitórios. Outro problema estava em relação ao estoque de peças, que era elevado para conseguir abastecer toda a demanda com aquele número de caminhões”, conta.

Hoje a mina tem 13 caminhões fora de estrada Cat 785F e seis Cat 777G transportando todo o minério e parte do estéril na mina, isso reduziu o número de caminhões, escavadeiras e até mesmo de desmontes, afirma o gerente. “Um único equipamento desses equivale a cinco rodoviários, então o quadro de pessoal é menor e o transporte de massa se tornou maior e mais rápido. Antes precisávamos de pelo menos nove escavadeiras, agora usamos apenas três e o número de desmontes também diminuiu, passando de um por dia para apenas dois por semana”, diz.

Em relação à manutenção, a mineradora optou por contratar o serviço MAQ Extra Proteção da fabricante dos equipamentos. Com esse sistema, há a cobertura dos componentes do trem de força da máquina como motor, transmissão, diferencial, comando final e componentes do sistema hidráulico, e a equipe de manutenção do distribuidor Caterpillar realiza todas as revisões corretivas e preventivas. A mineradora só arca com peças caso alguma seja danificada em acidente e há uma fiscalização diária nos equipamentos para garantir que o serviço esteja ocorrendo da maneira adequada.

Em relação a mão de obra, o treinamento é feito pela Cat e está previsto no contrato de compra dos equipamentos. Há um instrutor interno na mina, habilitado pela for
necedora e respo
nsável pelos treinamentos ao longo do ano.

Operação mista entre caminhões rodoviáriose fora de estrada

Em entrevista com Edil Pimentel, engenheiro de minas da Mineração Paragominas, e com Ronan Candido, gerente de Terraplanagem e Infraestrutura de Mina, a Norsk Hydro explicou como funciona o seu sistema misto de transporte na lavra de bauxita em Paragominas (PA), realizado atualmente tanto por caminhões rodoviários, quanto fora de estrada.

Segundo Ronan Candido, “para o transporte de minério a longa distância, são ao todo 38 caminhões de 38 t Scania P420, já para o estéril, com granulometria muito maior, é necessária a utilização de equipamentos maiores, por isso utilizamos quatro caminhões Cat 777. Na mina, que trabalha com a técnicastrip mine, os caminhões rodoviários são compatíveis com os equipamentos de lavra e com as especificações do minério, sendo assim, não temos a necessidade de alterarmos a frota”, finaliza,

No momento, a mina movimenta cerca de 103 milhões t/ano só de estéril e opera com 186 equipamentos entre lavra, decape e infraestrutura, numa equipe de 539 pessoas e mais 360 na manutenção, que é responsável pelo gasto anual de cerca de R$ 50 milhões. Em relação à mão de obra, a mineradora já habilitou nos sete anos de sua gerência cerca de 600 pessoas.