Barbara Mattos, vice-presidente sênior da Moody’s, e Thiago Ojea, vice-presidente de pesquisa de matérias básicos da Goldman Sachs, em suas palestras nesta quarta (25/11), pela manhã, no painel de tendências atuais da mineração, dentro da programação da Exposibram 2020, que ocorre 100% em formato virtual, colocaram o impacto da mineração nos próximos anos como tema premente.

A executiva da Moody’s aponta crescimento mais lento da mineração nos próximos 10 anos em relação aos 10 anos últimos, por conta de um avanço econômico mais contido na Ásia, especificamente na China, grande consumidor de metais básicos e principalmente minério de ferro.

Porém, a urbanização dos países emergentes deve manter aquecido o setor e é um ponto positivo, de acordo com ela, inclusive na América Latina. Mas o grande desafio vem das discussões em torno do impacto da mineração, afirma Barbara.

Thiago Ojea, da Goldman Sachs, avalia mais restrições de operação da mineração, com a necessidade de as empresas continuarem adotando crescentes medidas socioambientais por conta das mudanças cada vez mais restritivas do setor.

Na terça (24/11), no painel Diálogos Mineração & Sociedade, como parte da programação da Exposibram, o secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, Alexandre Vidigal de Oliveira, havia defendido que “é preciso uma conjunção de esforços, do poder público, das empresas e da sociedade. É o melhor modelo de pacificação do convívio social da relação entre o público e o privado”. 

Luiz Eduardo Osorio, diretor-executivo de Relações Institucionais, Comunicação e Sustentabilidade da Vale, comentou no mesmo painel sobre o tema segurança operacional. 

“Trabalhar a cultura de percepção de risco da população em geral foi o primeiro grande aprendizado que tivemos”, após os rompimentos de barragens ocorridos em Mariana e Brumadinho. Outro aprendizado, segundo ele, foi “ter humildade para reconhecer, olhar para ‘dentro de casa’ e ver o que precisava melhorar e consertar com a maior velocidade possível”. 

Juan Luis Dammert, da Natural Resource Governance Institute (NRGI), ressaltou no painel Diálogos Mineração & Sociedade que “as empresas precisam tomar medidas para não pôr em risco a vida de ninguém, nem o ecossistema”, como uma das formas de buscar a recuperação da confiança junto à população. 

“Eu acho que o Brasil está muito bem posicionado para se tornar uma referência no nível da região da América Latina e também em temas vinculados à economia circular, com reciclagem, empresas de mineração, de energia renovável. É uma grande oportunidade que o Brasil tem”, afirmou. 

Otavio Carvalheira, da Alcoa, ressaltou no painel do dia 24/11 que o empreendimento mineral tem potencial de causar impactos positivos na vida das pessoas, mas nem sempre são perceptíveis pela sociedade em geral. Ele citou o projeto da companhia em Juriti (PA). 

“A legalização fundiária, por exemplo. A chegada do nosso projeto foi uma alavanca fundamental para que uma população tradicional viesse de fato a conseguir o título da terra e hoje podem usufruir os benefícios da participação do resultado da lavra e buscar melhorias para sua condição de vida”.