Por José Mendo Mizael de Souza*

mendodesouza@jmendo.com.br

Como bem destaca a Adimb – Agência para o Desenvolvimento Tecnológico da Indústria Mineral Brasileira – da qual tive o orgulho de, em representação do Instituto Brasileiro de Mineração – Ibram e juntamente com o Ministério de Minas e Energia/DNPM e do então Ministério da Ciência e Tecnologia, ser um dos fundadores –, em sua recente e oportuna publicação “Pesquisa Mineral e Mineração para Todos”, lançada no VII Simexmin, em Ouro Preto, MG, em maio do corrente ano – por sinal um grande sucesso! –, “A pesquisa ou exploração mineral é a primeira fase do ciclo de vida do depósito, que, em geral, tem início com a visita de um geólogo a uma ocorrência mineral”.

E continua a Adimb: “A execução da pesquisa ou exploração mineral inclui atividades de procura, localização e delimitação de áreas mineralizadas, bem como de qualificação e quantificação das reservas existentes. Para terem interesse econômico, essas mineralizações devem possuir volume e teores que permitam a realização de uma lavra rentável. Assim, toda mina tem o seu início em um projeto de pesquisa, porém, nem todos os projetos de pesquisa se tornam minas. A pesquisa mineral pode visar minerais não metálicos de uso industrial, materiais para construção civil, metais ferrosos (ferro e manganês), metais preciosos (ouro e prata), metais básicos (níquel, cobre, zinco e chumbo), diamante, pedras coradas, fertilizantes inorgânicos, combustíveis fósseis, minerais radioativos e água mineral, dentre outros. A pesquisa mineral pode ser realizada em diferentes situações, como: 1.buscar um recurso mineral de interesse em uma área onde esse recurso nunca foi explorado; 2.buscar novos depósitos em uma área onde a ocorrência do recurso mineral já é conhecida; 3.ampliar as reservas de um depósito que já está sendo lavrado. A taxa de sucesso da exploração mineral (para metais ferrosos, metais preciosos, metais base e diamante) é extremamente baixa para a pesquisa citada no item 1. Estima-se que, nesse caso, menos de uma em cada 1.000 ocorrências minerais se torne uma mina. Além disso, a pesquisa mineral é um processo muito lento. Quando uma ocorrência promissora é descoberta, leva-se de 7 a 10 anos para se iniciar as atividades de lavra. Em alguns casos, pode demorar mais tempo, dependendo de uma série de fatores, como a disponibilidade de recursos financeiros a serem investidos, a existência de infraestrutura e, principalmente, a aprovação do projeto pelos órgãos ambientais nas esferas federal, estadual e municipal”.

O fato, como destaca a Adimb, de a taxa de sucesso na exploração (pesquisa) mineral ser extremamente baixa – “menos de uma em cada mil ocorrências minerais se torne uma mina” –, aconselha e recomenda que estimulemos a alocação de recursos financeiros para esta etapa inicial e primordial da Mineração.

Na esteira desta visão da necessidade de virmos à estimular a pesquisa mineral no nosso País, volto aqui a defender a necessidade e a importância de passarmos a considerar, para todos os efeitos práticos, a descoberta de uma jazida mineral e sua definição como uma inovação tecnológica radical.

E, a meu ver, argumento para tanto nós temos, com já destaquei na “Coluna do Mendo” publicada na nossa querida “Minérios” em sua edição de setembro/outubro de 2006, que aqui rememoro: “ ‘Mas, afinal, o que é inovação?’, pergunta a Revista Veja (Edição 1969, ano 39, nº 32, 16 de agosto de 2006, Página Amarelas – Carlos Rydlewski) ao físico Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), ex-Reitor da Unicamp, que responde: ‘Uma empresa inova quando coloca no mercado, com êxito, produtos, serviços ou processos que não existiam anteriormente. Essa é uma inovação radical. É possível inovar também modificando alguma característica de algo que já existe. Chamamos de inovação tecnológica aquela que se baseia no conhecimento científico para sua realização’ (nossos os destaques). E o que é colocar uma jazida mineral no mercado, sabendo-se que antes de ter sido revelada sua existência ela era um produto que ‘não existia’? É exatamente o que o físico Carlos Henrique de Brito Cruz define como ‘inovação radical’, ou seja, ‘a colocação no mercado, com êxito, de um produto (a jazida mineral) que não existia anteriormente (pelo menos para o mercado)’ e cuja revelação teve como fundamento o conhecimento científico, como bem destaca o citado professor”.

Como se vê, a descoberta de uma jazida mineral é uma inovação tecnológica radical, e, sempre, em benefício do País, devendo, pois, fruir todos os benefícios conferidos à PD&I. Assim, no momento em que, no Brasil, estamos desafiados à, com sucesso, revertermos a maior crise econômica da nossa História (segundo a opinião da maioria dos analistas econômicos), temos a convicção de que considerar a descoberta de uma jazida mineral PD&I é um pleito coerente, justo e estimulador à concretização do incremento da Pesquisa Mineral, ou seja, à geração de novas jazidas minerais, que irão aumentar o ativo patrimonial da Nação.

Fonte: Revista Minérios & Minerales