Bucyrus lidera o mercado de escavadeiras comandadas a cabo

A aquisição da Joy Global pela Komatsu cria um grupo de dimensões parecidas com a Caterpillar, que havia absorvido a Bucyrus há alguns anos. Neste embate os usuários serão os principais beneficiados, porque as duas marcas globais valorizam a inovação tecnológica na corrida sem fim na busca de menores custos por tonelada produzida, sem prejuízo da segurança nas operações.

A Caterpillar é considerado o maior fabricante global de equipamentos de construção e mineração, com vendas de US$ 48 bilhões em 2015. Ela é conhecida também por algumas inovações tecnológicas que vão contra a tendência dominante no mercado na época, como o uso de transmissão mecânica nos caminhões de mineração de grande porte, quando os concorrentes adotaram a tração elétrica com motores alojados em cada roda.

Outra questão foi a introdução de escavadeiras hidráulicas na mineração, concorrendo de frente com as escavadeiras comandadas a cabo e acionamento diesel-elétrico que dominavam o mercado das minas de grande porte, produzidas pela então concorrente Bucyrus. Em 2011, a Caterpillar assumiu o controle desta marca tradicional e incorpora uma vasta linha de equipamentos, principalmente para lavra no subsolo onde e empresa de Peoria, nos Estados Unidos, pouco atuou.

A Komatsu anunciou em 21 de julho passado que vai assumir o controle da Joy Global americana por US$ 2,9 bilhões e afirmou que busca sinergias para quando o mercado de equipamentos de mineração retomar sua expansão, possivelmente em 2019. É uma aposta ambiciosa em vista dos baixos preços atuais para minério de ferro, metais e carvão, que levaram a cortes de investimentos por parte das mineradoras nos anos recentes, o que afetou a indústria de equipamentos de mineração que movimenta cerca de US$ 50 bilhões/ano, segundo analistas financeiros.

Komatsu é reconhecido como o segundo maior fabricante global de equipamentos de construção e mineração e gera 80% dos seus negócios fora do Japão. A aquisição da Joy Global é um movimento estratégico e complementa suas linhas de equipamentos, mormente para subsolo — o que se alinha com a tendência de longo prazo que favorece as lavras subterrâneas, com a exaustão dos depósitos de superfície e por crescente pressão ambiental — ninguém quer uma mina no “seu quintal”.

Nesse ciclo de baixa de preços dos minerais, a pressão formidável é pela redução de custos de produção nas minas e plantas. Um dos recursos adotados é a supervisão das operações das frotas de equipamentos por softwares que tomam decisões em frações de segundos e se ajustam às condições mutantes do sitio. A Caterpillar oferece o programa MineStar que pode automatizar um único processo ou uma frota de máquinas e caminhões.

Caterpillar, conhecida pela constante inovação, adotou transmissão mecânica nos caminhões de mineração

Na mina Khumani da Assmang, que produz minério de ferro na África do Sul, o MineStar faz a alocação automática de 32 caminhões 789C de 200t para a posição de carregamento que proporcione o melhor tempo de ciclo. Após alguns meses de adaptação dos controladores e dos operadores dos caminhões, a produção por turno saltou 30% a despeito de uma queda de 8% na disponibilidade dos equipamentos de carga no mesmo período.

A Caterpillar também foi um dos primeiros fabricantes a valorizar equipamentos remanufaturados que ganha uma nova garantia de desempenho. Há caminhões de mineração que já ganharam uma segunda vida produzindo como se fosse novo.

Komatsu continua a apostar alto em escavadeiras hidráulicas

A Komatsu, cujas vendas líquidas atingiram US$ 15,45 bilhões em 2015, tem mostrado avanço significativo nos caminhões de operação autônoma, com uma frota de 69 unidades trabalhando em três minas da Rio Tinto na Austrália, como parte do programa chamada Mina do Futuro desta mineradora. A frota autônoma tem mostrado consistência na sua produção, superando os caminhões tripulados por operadores em 12% em produtividade média, reduzindo em 13% os custos de carregamento e transporte.

Em programas de gerenciamento de frotas em tempo real e geoposicionamento por GPS, Komatsu incorporou em 1996 a tecnologia já testada da Modular Mining, que lançou o primeiro sistema de despacho para caminhões do mercado três décadas atrás. É o sistema com maior numero de usuários no mercado de mineração, inclusive no subsolo. Um programa similar pode gerenciar as condições operacionais do motor e sistemas críticos, prevenindo paradas não programadas.

Na Bauma deste ano em Munique, Alemanha, a marca lançou a nova escavadeira PC7000, de 677 t, alimentada por dois motores de 1250 kW diesel e disponível também com sistema de acionamento elétrico. Equipada com caçamba de 36 m³, ela é ideal para carregar caminhões de 240 a 290 t, como os modelos 830E e 860 Komatsu.

A aquisição recente da Joy Global traz junto a linha P&H de equipamentos para minas de superfície, onde se destacam as escavadeiras elétricas a cabo. A longa tradição da Joy está na mineração subterrânea, principalmente de carvão, para a qual oferece uma vasta linha de equipamentos, de longwall a câmara e pilar, escavação de túneis, e sistemas de britagem e correias transportadoras no subsolo. Há quem duvide do futuro do carvão como combustível para termelétricas, mas ainda é largamente utilizado em muitos países, a despeito da emissão de gases de efeito estufa. O carvão recebeu uma “ajuda” do seu maior concorrente fóssil — o gás natural — com as recentes denúncias sobre ocorrência de gás metano lançado na atmosfera nas atividades de exploração dos seus depósitos.

A aquisição da Joy Global complementa a linha da Komatsu