O rompimento da barragem em Brumadinho (MG), três anos após o semelhante incidente em Mariana (MG), parece suspense de filme de terror. A impressão que se tem pelo noticiário da imprensa traz a sensação de que o programa sobre segurança das barragens articulado pelo Ministério das Minas e Energia (MME) e Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), hoje Agência Nacional de Mineração (ANM), foi inócuo.

A jornalista Cristina Serra, que escreveu um livro sobre o acidente em Mariana, afirmou em entrevista na televisão que o governo só dispõe de alguns geólogos para fiscalizar as cerca de 600 barragens de rejeitos que o DNPM mapeou no País.

Não podemos apenas esperar pelos resultados das investigações mais uma vez — para apontar os responsáveis e calcular as indenizações. Uma nova regulamentação mais rigorosa sobre as barragens de rejeitos será decretada, mas cuja praticabilidade o tempo se encarregou de mostrar duvidosa.

Como essa questão adquiriu contornos de calamidade pública em Minas Gerais, é hora de mobilizarmos todos os recursos disponíveis para fazer uma abordagem imediata —retomando-se a iniciativa.

O MME, governos estaduais, instituições de mineração e entidades de engenharia poderiam se articular para montar uma força tarefa com notáveis especialistas em geotecnia, projeto e construção de barragens — que vai vistoriar o grupo de barragens considerado de maior risco; segundo a Agencia Nacional de Água (ANA), são cerca de 50 estruturas com elevado risco.

Esses especialistas poderão propor diagnósticos mais detalhados dessas barragens por empresas especializadas, ou início imediato de obras de reforço nos casos em que o risco é iminente.

O BNDES poderia abrir linha de crédito para financiar esses trabalhos de diagnóstico e reparos imediatos dessas barragens, conforme a avaliação da força tarefa de especialistas. É sabido que o custo desses trabalhos de engenharia sempre foi o maior obstáculo.

A engenharia brasileira que construiu barragens gigantescas do porte de Tucuruí, Itaipu e Belo Monte, tem totais condições de enfrentar esse desafio — mas ela precisa ser convocada e se pôr em campo.

O País tem obrigação de romper esse ciclo de desastres — que tem um absurdo custo ambiental e de vidas humanas, fora o prejuízo colossal da sua imagem na comunidade global.

Chega de discussões intermináveis em gabinetes — vamos partir urgente para o ataque nessa área.