A necessidade da empresa em aumentar a metragem das escavações de túneis primários e secundários, como também expandir de forma significativa a produção de minério sem elevar custo com equipes topográficas para realizar marcações, cadastros topográficos e monitoramento em poligonais, levou ao desenvolvimento do dispositivo de centragem forçada.
Entre os principais problemas nas marcações topográficas estão a manutenção da posição de pontos de uma poligonal e o monitoramento do alinhamento e inclinação das escavações.
OBJETIVO
Desenvolver e propor uma nova metodologia para execução de poligonais e marcações de frentes de desenvolvimentos em mina subterrânea, com baixo custo, precisão, otimização de tempo da equipe em campo e praticidade nas marcações.
Para se entender melhor o novo processo de marcação de frente, é necessário, primeiro, compreender como eram marcadas as frentes de direcionamento de galeria no método convencional: no início, são locados dois pontos topográficos no teto da galeria, formando um segmento de reta, ou seja, um direcionamento. Em seguida, é gerado um projeto em offset com as devidas distâncias do ponto topográfico ao ponto em que se quer chegar.
Após a liberação do projeto, tem início à marcação da frente pelo método convencional utilizando os dois ontos topográficos no teto e linha de nylon; o responsável pela marcação da frente amarrava as linhas nos pontos topográficos (parafusos) e, através da projeção entre as duas linhas ou um balizamento marcavam a direção na face galeria e assim sucessivamente. Para tal marcação tinha-se dificuldades que ocasionavam os erros em direções e grande índice de over break, com retrabalhos e excesso de contenção – no valor aproximado de R$ 1 milhão durante o ano.
AS DIFICULDADES ERAM AS SEGUINTES:
– Lonas de Sansuy (ventilação) sobrepondo-se os pontos para marcação das frentes
– Ventilação balançando as linhas de nylon, provocando erros de direção para o marcador
– Difícil acesso ao teto, local onde há maior ocorrência de choco
– Movimentação de equipamentos nas galerias
– Dificuldade para os marcadores em colocar as linhas de nylon nos grampos dos pontos
Para o processo de realização das poligonais utilizava-se os pontos topográficos (ganchos instalados no teto da galeria) no teto como referência topográfica calculando azimutes, coordenadas e ajustamento das poligonais para erros relativos e angulares.
Para instalar cada ponto era necessário a utilização de um veículo adaptado com escada ou cesto, cujo custo foi em torno R$ 600 mil, sem contar as manutenções preventivas e corretivas no equipamento que seriam
gastos mensais. Contudo, era extremamente necessário o equipamento para acesso na implantação dos pontos e utilização nas atividades da mina, necessitando assim interromper o uso dos acessos e rampas para que a topografia realiza-se as marcações e o monitoramento dos poligonais.A nova técnica para marcação consiste eliminar os pontos no teto e somente implantação e cadastramento topográfico dos pontos de grades que são instalados na lateral das galerias com 1,6 m acima do piso. Após cadastro topográfico das grades é enviado uma nota topográfica contendo o projeto offset e as informações para marcação da direção e inclinação.
Para tal marcação com projeto segue-se as seguintes etapas:
– Amarrar as linhas nos pontos de grade conforme projeto
– Medir (distância indicada) com trena dos pontos de grade para o centro do projeto e amarrar uma nova linha na posição vertical
– Fazer projeção da direção nas linhas verticais e horizontais para marcação de direção e grade na face da galeria
– Realizar marcação do plano de fogo com as referências topográficas marcadas na face da galeria
A nova técnica para monitoramento e implantação de poligonais consiste na utilização de uma base de centragem forçada (DCF). A poligonal de apoio será materializada, em cada campanha, utilizando dispositivos de centragem forçada (DCF) projetados pela equipe envolvida no projeto. Estes serão encaixados em parafusos de aço fixados na parede. A DCF foi confeccionada de forma que não haja movimentos no instante das medições da poligonal. As bases dos instrumentos ficarão fixas em três DCF do começo ao fim do levantamento. Num momento um DCF será o ponto de ré, com um prisma instalado, outro terá uma estação total e outro será o ponto de vante com outro prisma instalado.
Terminadas as medidas neste ponto, a estação total será instalada no ponto seguinte e, o DCF de ré irá para o ponto onde a estação total estava instalada. Se tratando de uma poligonal de precisão que tem a finalidade de apoiar a determinação de coordenadas tridimensionais de pontos de interesse, alguns cuidados devem ser tomados. Para a obtenção de uma coordenada altimétrica precisa, as alturas dos instrumentos devem ser medidas com precisão ou simplesmente devem ser excluídas dos cálculos. O procedimento de se manter as alturas dos alvos iguais e constantes, inclusive a altura da estação total, simplifica os cálculos, tornando desnecessária a medida de tais alturas.
Nova técnica otimiza a operação
 
CONCLUSÃO
Com a introdução das novas técnicas, trabalha-se com um maior número de frentes de desenvolvimento e lavra; e com a quantidade de equipes reduzida, realizam-se todas as poligonais pendentes nas minas. Os projetos executivos são ainda enviados em tempo hábil diminuindo os erros operacionais de direção e inclinação, assim diminuindo significativamente os custos excessivos com contenção, concreto projetado, explosivo, correção em projetos e insumos utilizados em uma mina subterrânea.
No item segurança, deixa-se de ficar expostos ao trabalho em altura e consequentemente ao teto da galeria onde é maior o número de chocos.
Na produtividade, deixou-se de paralisar as rampas para execução das poligonais, os trabalhos ficaram significativamente mais ágeis, hoje atendendo mensalmente a realização de 1.500 m de desenvolvimento em cinco minas simultaneamente, com distâncias de ate 11 km entre minas, 13 blocos de lavras, 10 equipamentos de sondagem, cadastro semanal de pilhas de minério, cadastro e monitoramento da barragem de rejeito, monitoramentos de pontes e taludes das unidades, cadastro tridimensional atualizados de 52 frentes de serviço, monitoramento de aderência e ritmo do desenvolvimento, plantas e perfil atualizados, execução de projetos nas frentes de serviço a cada 30 m e monitoramento de todas as poligonais das minas na unidade da JMC.
Além disso, como citado anteriormente contribui com uma redução de custo na ordem de aproximadamente de R$ 1 milhão em desvios e over break em galerias e em R$ 600 mil em equipamentos e manutenções dos mesmos.
A consolidação deste projeto resultou do trabalho e dedicação da equipe de Topografia Subterrânea da mina JMC em Jacobina, Bahia, a qual, na busca pela melhoria contínua, não economizou esforços para aperfeiçoar o processo, seguindo sempre as diretrizes e valores da empresa e valorizando seus funcionários.
O dispositivo de Base de Centragem Forçada (DCF) e a técnica de marcação de frente pelos pontos de grade foram totalmente implantados no processo e aproveitados em outras operações da empresa.
AUTORES: Marcus Antônio Sangalo Bicelli e Adauto Silva dos Santos.

Fonte: Revista Minérios & Minerales