O enxugamento dos recursos no mercado financeiro secou também a fonte para os investimentos em pesquisas na área de mineração. Com o caixa mais curto, grandes mineradoras desistiram de explorar mais de três mil áreas desde o começo da crise econômica. O número é dez vezes maior que o total de devoluções e desistências registradas no mesmo período do ano passado, antes do estouro da bolha financeira.

As empresas devolveram à União 1.523 áreas de exploração de outubro até o início de janeiro. No mesmo período do ano anterior, as mineradoras renunciaram a apenas 188 áreas, chamadas tecnicamente de alvarás de pesquisa. Além de a devolução de terras ter crescido oito vezes, as desistências de novos direitos de pesquisa saltaram de 138 para 2.126, conforme o levantamento da Diretoria de Outorga do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para a Gazeta Mercantil.

A escassez de recursos já prejudica também os projetos na área de diamantes primários. A mais pura e valiosa pedra, que já foi chamada de diamante de sangue por provocar a ganância e financiar conflitos na África, foi encontrada em quatro estados brasileiros, como Mato Grosso, Rondônia, Minas Gerais e Bahia. O potencial das reservas de quimberlitos (rochas vulcânicas que originam os diamantes de primeira linha) se estende por Maranhão e Piauí, de acordo com o diretor-geral adjunto do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), João César Pinheiro. Com minas que demandam prazos da ordem de dez anos para começar a produção, a mineração de diamantes demora a dar retorno.
Fonte: Padrão