Após registrar prejuízo líquido de R$ 50 milhões no segundo trimestre deste ano – uma reversão ao lucro líquido de R$ 511,0 milhões apurado em igual período de 2022 – a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) anunciou que vai redistribuir os projetos de investimentos, que serão executados até 2027. E que o valor projetado para elevar a capacidade de processamento de sucata do metal – na controlada Metalex – está mantido.

O resultado foi impactado pela redução da receita líquida, que somou R$ 1,7 bilhão no período, em queda de 29% na comparação com o 2T22, e de 13% em relação aos primeiros três meses de 2023, além de outros resultados operacionais. A empresa havia informado, em 2021, que faria investimentos de R$ 2,5 bilhões entre 2022 e 2025, para projetos como aumento da produção de metal primário e reciclado, disposição de resíduos a seco da lama vermelha de alumina e energias renováveis, além da  modernização das salas de fornos.

Deste total, R$ 1 bilhão foi investido somente no ano passado. Mas, diante do cenário incerto dos mercados local e global, somado à queda do preço do metal, ampliou em dois anos o prazo previsto neste cronograma anterior.

O cenário seguiu desafiador para a indústria global de alumínio, refletindo os efeitos do preço médio do alumínio na LME (London Metal Exchange) de U$ 2.258/tonelada, que recuou 21% em comparação ao segundo trimestre do ano passado. Em relação ao primeiro trimestre deste ano, o preço médio na LME caiu 6%, refletindo as preocupações com o cenário macroeconômico. 

A receita líquida do negócio de alumínio da CBA atingiu R$ 1,6 bilhão no 2T23, o que representa uma redução de 31% em comparação ao mesmo período do ano anterior, afetada, principalmente pela queda no preço médio do alumínio na LME, além da redução de 6% no volume vendido de alumínio. 

Apesar das incertezas de curto prazo, a demanda do mercado brasileiro segue consistente. No segundo trimestre de 2023, as vendas de alumínio primário totalizaram 53 mil toneladas, mantendo-se estáveis em relação ao 1T23, entretanto, com leve piora do mix de vendas, em função da redução da proporção de produtos de valor agregado (VAP). Na comparação com o 2T22, houve queda de 3% no volume de vendas. Apesar disso, a participação de VAP aumentou, com destaque para tarugos, produto destinado principalmente para o segmento de construção civil.    

Ainda no segmento de alumínio primário, o crescimento do mercado de cabos de alumínio contribuiu para o aumento das vendas de vergalhões no segundo trimestre. O bom desempenho do setor de transporte tem favorecido as vendas de lingote de alumínio-silício, utilizado nas rodas automotivas.  

Houve uma redução nas vendas de lingotes em comparação com o mesmo período do ano anterior em decorrência da instabilidade operacional das salas-fornos. Nos últimos meses, a CBA  concentrou esforços na recuperação operacional das Salas Fornos e já observa-se avanços importantes, após a adoção do novo blend de coque e piche. Em julho operamos em condições próximas do nível normalizado e até outubro planejamos religar todos os fornos que foram desligados por conta da instabilidade.   

Ajustes

O cronograma dos projetos de expansão da CBA será alongado, com alteração da conclusão prevista de alguns projetos em 2025 para 2027, sendo as principais postergações o restart da Sala Forno 1 e a modernização de tecnologia das Salas Fornos. Já os investimentos em reciclagem seguem conforme previsto, com a inauguração de uma linha de tratamento de sucata para 2023.  

Em abril, a empresa anunciou a venda da unidade de níquel (GO) para avançar no plano estratégico de focar no alumínio. A operação já foi aprovada pelo CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).  

Em relação à agenda ESG, a empresa realizou no segundo trimestre a 2ª edição do Diálogos CBA, com o tema descarbonização, quando foi anunciado o CEO da empresa, Luciano Alves, como porta-voz ODS-13, Ação contra Mudança Global do Clima, dentro do Programa Liderança com Impacto da Rede Brasil do Pacto Global da ONU. O objetivo é engajar lideranças empresariais para acelerar a implementação dos ODS até 2030.