O complexo Córrego do Sítio, de propriedade da AngloGold Ashanti, fica localizado no município de Santa Bárbara (MG), sendo constituído por duas minas subterrâneas, que extraem minério sulfetado e uma mina a céu aberto, que extrai minério oxidado.
A mina a céu aberto tem como principal contribuinte para a produção a cava de Rosalino, que tem uma movimentação anual da ordem de 7 milhões t.
O processo de tratamento dos minérios é feito por duas unidades de beneficiamento, planta sulfetado que trata o minério das minas subterrâneas, e planta HL (do inglês “heap leach” – lixiviação em pilhas), que trata o minério originado na mina a céu aberto.
Na planta HL, a rota de processo consiste em um circuito de britagem, aglomeração, formação de pilhas, lixiviação, adsorção, eluição e eletrodeposição.
Historicamente, a recuperação metalúrgica da planta HL foi determinada com base em dados históricos, tendo apresentado com esta metodologia uma aderência adequada entre recuperação prevista e real até o ano de 2013, com exceção dos anos de 2007 e 2009, quando ocorreram variações significativas.
Embora o ano de 2013 tenha apresentado variação adequada quando avaliado como um todo (-4,1%), foi indicada uma variação significativa verificada no Q4 do ano de 2013 (-23,0%), e em função disso foi iniciado um trabalho envolvendo as equipes de exploração, geologia, planejamento de mina e engenharia de processo para levantamento das causas da variação e implementação de ações para solucionar o problema.
DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO
O primeiro passo para entendimento da variação foi desenvolver testes de bancada exploratórios para avaliação da recuperação das cavas em operação, já no início de 2014. No final de 2013 e início de 2014, existiam três cavas em operação na mina a céu aberto: Rosalino, cava principal e com LOM mais extenso; Carvoaria Sul, com produção significativa, mas em final de vida útil; e a cava de JB, no início da operação. Foi realizada uma composição pela equipe de geologia de mina das três cavas e encaminhadas amostras à área de processo para testes de bancada.
Dada a diferença de comportamento verificada entre as cavas, foi definida a realização de um trabalho mais detalhado, para entendimento das variações na recuperação não somente entre as diferentes cavas, mas também dentro de cada uma.
Para determinação dos domínios a serem avaliados nesta segunda etapa, foi realizado um trabalho conjunto entre as equipes de exploração e geologia de mina, onde foram definidas regiões com base na cava de origem, nas características geológicas e posição do minério.
A partir destes domínios foram elaborados composites com amostras de sondagem de exploração disponíveis, e então encaminhadas as amostras para a realização de testes metalúrgicos.
Os testes realizados mostraram uma recuperação relativamente uniforme para JB e Carvoaria Sul, embora a recuperação de JB seja significativamente menor que os dados históricos. No entanto, para Rosalino foi verificada tendência na redução da recuperação com o aprofundamento da cava. Com base nas informações obtidas, foi definida a criação de uma rotina de caracterização tecnológica dos minérios a serem alimentados na planta, para determinação prévia da recuperação a ser obtida na planta.
Em consenso entre as áreas de exploração, geologia, planejamento de mina e engenharia de processo foi definido e implantado um fluxo de trabalho para atendimento desta necessidade. Uma vez determinado o fluxo de trabalho foram iniciadas as atividades, ainda no ano de 2014.
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RESULTADOS OBTIDOS
Com a revisão das recuperações previstas a partir do Q3 de 2014, ocorreu redução significativa na variação entre as recuperações prevista e real. O próximo gráfico mostra a variação entre a recuperação prevista e a real a partir do início dos trabalhos de caracterização tecnológica.Nota-se uma melhora significativa a partir da implantação das rotinas de caracterização, garantindo-se desta forma uma maior previsibilidade da produção na planta HL.
O projeto vem sofrendo melhorias ao longo dos anos, com a inserção da caracterização mineralógica, implantação de testes de rotina com amostras coletadas na planta, com o objetivo de fazer comparativo com as recuperações obtidas a partir de furos de sondagem, mais rotinas de reconciliação dos resultados.
CONCLUSÕES
A partir da introdução de rotinas de caracterização tecnológica dos minérios foi possível reduzir de forma significativa as variações entre recuperação real e prevista na planta HL. Dada a complexidade do trabalho, para o sucesso do projeto foi primordial o engajamento entre as equipes envolvidas, que participaram
ativamente de todas as etapas do projeto.
AUTORES: Alderney Moreira, Marcus Magalhães, Tatiane Fernandes, Juliano Maciel, Pedro Sales, Mateus Piermatei, José Wilson e Raphael Santos.
Fonte: Revista Minérios & Minerales