Propostas para redução da evasão e para o preenchimento das vagas ociosas dos cursos de engenharia de instituições públicas e privadas farão parte do Plano Nacional de Engenharia, que estará concluído até o final do mês e será entregue ao governo com o objetivo de aumentar a oferta de engenheiros no mercado de trabalho.
O Plano está sendo elaborado pelo Comitê de Engenharia da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que tem a participação da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do programa Inova Engenharia. O programa foi criado pela CNI em 2006 para aproximar os currículos dos cursos de engenharia das necessidades do mercado de trabalho.
O economista Marcos Formiga, assessor da diretoria da CNI, informa que a evasão nos cursos de engenharia é superior a 50%. A maior parte das desistências ocorre nos dois primeiros anos da graduação. Uma das possíveis causas do problema, segundo ele, é a distância entre os currículos dos cursos e a solução de problemas concretos imposta pela realidade do mercado.
Formiga ressaltou a importância do Plano e da articulação entre diferentes segmentos da sociedade para ampliar a quantidade de engenheiros no país. "É cada dia mais importante valorizar essa profissão, necessária para se fazer inovação e aumentar a competitividade da indústria brasileira", enfatizou.
Se a economia brasileira crescer mais de 4,5% ao ano, a oferta de engenheiros no mercado de trabalho não será suficiente para atender à demanda da indústria, da agroindústria, do comércio e das áreas de tecnologia em geral em 2020. A conclusão é do estudo Potenciais Gargalos e Prováveis Caminhos de Ajustes da Engenharia no Brasil, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
"Se o Brasil quer crescer mais de 4,5% em média até 2020, teremos de ajustar essa capacidade de oferta. Mas não basta formar mais engenheiros. Será necessário melhorar a qualidade desses profissionais", enfatizou o técnico do IPEA Divonzir Gusso.
De acordo com o IPEA, se a economia crescer 6% anualmente, a quantidade de engenheiros necessários para a área de petróleo e gás subirá 19,3% até 2020. Mas o número de profissionais não será suficiente para atender a essa demanda. Nesse mesmo cenário, a indústria extrativa mineral precisará de 10,3% a mais de engenheiros e a procura na indústria de transformação crescerá 8,4%. A pesquisa foi discutida na terça-feira, 12 de abril, no Ipea, por técnicos do programa Inova Engenharia.
Formiga revela que o Brasil forma menos engenheiros por ano do que a Rússia, a Índia e a China, integrantes do chamado grupo dos BRICs, os países emergentes.
Enquanto no Brasil esse número é inferior a 40 mil profissionais por ano, na Rússia chega a 120 mil, na Índia alcança 300 mil e, na China, ultrapassa 400 mil. "O engenheiro foi um dos agentes propulsores do crescimento acelerado da China e da Índia. Para o Brasil ter um projeto de nação, sairmos da 7ª maior economia do mundo para a 5ª, esse profissional é indispensável", destacou o economista da CNI.
Fonte: Padrão
Últimos Comentários