Agentes do desenvolvimento econômico social, as empresas do setor minero-metalúrgico há muito contribuem com as comunidades onde estão inseridas, atuam para a elevação da condição social dos municípios, criam oportunidade de educação, saúde, profissionalização e cultura.

Na última terça-feira, 11 de agosto, essas empresas deram mais um passo à frente ao abrir a discussão para a avaliação das ações e investimentos sociais, um dos pontos nevrálgicos da responsabilidade social corporativa. Os debates aconteceram na sede da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), durante o 5º Workshop de Responsabilidade Social.

“Acredito que o surgimento desta questão revela o amadurecimento da gestão social por parte das empresas”, ressaltou o diretor-executivo da entidade, Horacídio Leal Barbosa Filho ao dar as boas-vindas aos participantes. “O movimento da responsabilidade social corporativa deixou a filantropia no passado. Não bastava somente dar: era preciso fazer, ensinar a fazer. Agora, temos diante de nós um outro avanço: não basta ensinar a fazer. É preciso conhecer a efetividade da ação, dimensionar seu impacto, não pelo simples conhecimento, mas para corrigir rotas, aplicar racionalmente os recursos e obter o melhor custo-benefício possível do projeto”.

No decorrer dos trabalhos, a importância da avaliação econômica de projetos sociais ficou bastante clara. Em forma de talk show, representantes de fundações, instituições e consultorias sociais disseram que é preciso aprimorar a gestão de projetos sociais, através de instrumentos que propiciem uma prestação de contas mais crível à sociedade.

“Apesar de bilhões de dólares serem gastos todos os anos com projetos sociais, muito pouco se sabe do seu impacto sobre beneficiários e sua viabilidade econômica”, falou a diretora da Fundação Itaú Social, Ana Beatriz Patrício, citando dados do Banco Mundial.

Para Rosana Junqueira, fundadora da ONG Sementeira de Projetos, ao tomar a decisão de investir no social, uma instituição ou empresa deve pensar também em como vai mostrar, de forma quantitativa, se o projeto teve o impacto almejado. “Quais os benefícios que o programa trouxe para o indivíduo ou a comunidade envolvida depois de concluído? Esta é a resposta que se deve dar à sociedade”, defendeu ela.

Segundo a diretora operacional do Instituto Olga Kos, Maisa Signor, há ainda uma certa confusão de conceitos, pois o investidor sempre quer saber se existe uma avaliação econômica do projeto, sem entender que a avaliação de que se fala é para medir o retorno para a sociedade e não para quem vai fazer o investimento.

Para Joana Monteiro, que ministrou o curso Introdução à Avaliação Econômica de Projetos Sociais da Fundação Itaú Social, a boa notícia é que muitas empresas já fazem algum tipo de avaliação. “Há uma preocupação em fazer o monitoramento, o acompanhamento de um indicador para ver se ele melhorou ou piorou, se atingiu a meta”.

Ela explica, porém, que poucas o fazem de uma forma científica, sistemática, para saber se a evolução do indicador foi devido ao projeto ou a qualquer outro fator externo. “Muitas vezes um aumento de renda do meu público-alvo deveu-se a melhora das condições econômicas do país, abertura de uma empresa na localidade ou mesmo a existência de outros programas com objetivo similar”.

Então, como assegurar que os resultados foram provocados pelo meu projeto? Uma das formas, segundo ela, é definir grupos de controle com participantes e não-participantes que tenham as mesmas características para poder comparar os resultados, utilizando método da medicina de tratamento e controle.

Para definir esses grupos de controle, Joana sugere fazer uma seleção aleatória, através de sorteio. “Além de ser mais democrática, os dois grupos são estatisticamente iguais”, explica.
Em resumo, Joana explicou que a avaliação econômica conjuga dois tipos de avaliação que se complementam: a avaliação de impacto e o cálculo de seu retorno econômico. A avaliação de impacto tem por principal objetivo inferir causalidade entre o projeto ou programa e os resultados obtidos, ou seja, pretende responder à pergunta: o que teria ocorrido aos beneficiários caso eles não tivessem participado do projeto?

Já o retorno econômico compara o investimento no projeto com os benefícios gerados ao longo da vida de seus participantes. Trata-se, portanto, do retorno social do projeto, uma medida econômica relevante para a própria gestão do projeto, e também para a comparação de resultados entre projetos sociais.

Também participaram dos debates o diretor da Txai Consultoria e Educação, Reinaldo Bulgarelli, o conselheiro do Fundo Ethical da Santander Asset Management, Roberto Gonzalez e a consultora em projetos sociais e de desenvolvimento comunitário, Rosaly Todeschi Bandeira, que atuou como mediadora.


Fonte: Padrão