Embora os preços tenham dado sinais de ligeira recuperação a partir de níveis vistos como críticos, os prognósticos continuam controversos sobre as perspectivas da economia da China, e diante da possível retomada econômica do País no início de um novo ciclo—o cenário vivido pela indústria de mineração continua complexo.
As grandes mineradoras parecem seguir uma estratégia de manter seus níveis de produção, a despeito dos preços baixos, para desalojar seus concorrentes menores cujos custos perderam competitividade. Mas as ações listadas em bolsa dessas empresas globais tiveram perdas substanciais e os analistas começam a questionar como elas vão continuar a manter o serviço das suas dívidas nada modestas, contraídas no ciclo anterior de supervalorização das commodities.
O caso do cobre é um exemplo. As exportações do metal para China no 1º semestre de 2015 equivaliam à metade do volume comercializado em 2012—o pico da demanda. O gigante asiático consome 45% da produção mundial. A queda nos investimentos em infraestrutura nesse país afetou a demanda pelo cobre, que se agravou com o uso de cabos de alumínio nas redes de distribuição de energia, que é mais barato embora menos eficiente como condutor elétrico. A construção habitacional, outra consumidora de cobre, também caiu 15% em 2015.
Entretanto, no longo prazo, as perspectivas permanecem positivas. Na medida que a renda média da população se eleva, intensifica-se o consumo de cobre. China ainda demora para alcançar a renda média do Japão. As indústrias emergentes de energia eólica, solar e carros elétricos na China, intensivas em cobre, também vão ajudar ao longo da década. Ademais, outros mercados emergentes estão crescendo, como a Índia, que consome por ora apenas 2% da produção mundial de cobre.
Há estimativas de que 500 mil t de cobre em excesso chegaram ao mercado em 2015, repetindo o fenômeno de 2014, produzidas por minas novas ou em expansão iniciadas anos atrás. Países que tiveram moedas depreciadas, como Chile e Peru, têm estímulo adicional para manter suas produções de cobre.
Este fenômeno se repete no mercado de minério de ferro, onde quatro grandes produtores controlam 65% da oferta e continuam a expandir suas capacidades. Ao que parece, a indústria prefere manter as minas operando a longo prazo, mesmo deficitárias por algum tempo, do que reduzir a produção e perder mercado, além de manter seus quadros técnicos.
Esta estratégia empresarial cria enorme pressão sobre as equipes operacionais das minas e plantas, na busca de maior eficiência e custo decrescente. O 18º Prêmio de Excelência da Indústria Minero-metalúrgica Brasileira da revista Minérios & Minerales, cujos trabalhos eleitos estão publicados nesta edição, mostra que os profissionais de mineração no País estão respondendo à altura desse desafio – que chegou como um terremoto na crise de 2008 e se tornou permanente.
Minérios de ferro e cobre sofrem dupla pressão: oferta em excesso e preço deprimido
Operação na mineradora de ferro peruana Shougang Hierro
Fonte: Revista Minérios & Minerales
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