Desta vez foi a Lithium Ionic canadense que comprou a Neolit Minerals e ampliou seus horizontes para rastrear mineralizações de lítio nos distritos pegmatíticos de Araçuaí e Salinas no Vale do Jequitinhonha, ao norte de Minas Gerais, que tem potencial de se tornar uma das fontes globais de lítio associados a pegmatitos mineralizados (mineral de minério: espodumênio).

A Lithium Ionic, empresa canadense listada na bolsa de Toronto, divulgou em 13 de março que adquiriu 100% da Neolit Minerals, firma brasileira que controla 40% do projeto Salinas, em Salinas, MG, com direito a ampliar sua participação até 85% se determinados compromissos de exploração mineral forem cumpridos.

O projeto Salinas atualmente inclui 9 áreas de exploração, direitos minerários, somando 5713 hectares, localizado a 100 km do projeto Itinga operada pela própria Lithium Ionic, que contempla outros 7700 ha. As áreas da Neolit, com corpos de pegmatitos mineralizados em espodumenio, estão localizadas na região de Salinas, próximo à Vila Curralinho. O projeto Salinas ocupa setor adjacente ao depósito de lítio Colina, da Latin Resources, que contém uma estimativa de recursos com 13,3 milhões t com teor de 1,2% Li2 0. No projeto Salinas um programa de sondagem diamantado de 4000 m, distribuídos em 24 furos exploratórios executados em 2022, retornaram resultados expressivos, destacando-se: 1,53% Li2O sobre 11,36 m numa extensão de 43,84 m(SLOE-DO14) 1,22% Li2O sobre 13,76 m numa extensão de 36,60m (SLOE-DO15) 1,71% Li2O sobre 9,82 m num total de 97,70 m(SLOE-DO13) 1,19% LI2O SOBRE 13,35 m num total de 239,65 m(SLOE-DO18) Lithium Ionic planeja executar 20 mil m de sondagens a serem iniciados nos próximos meses, para atestar os resultados acima. O fundador da Neolit, geólogo André Guimarães, foi nomeado vice presidente de desenvolvimento da empresa canadense. Ele é o responsável pelos esforços de exploração que a Neolit vem desenvolvendo no projeto Salinas há três anos, tendo como resposta a descoberta de 5 alvos (pegmatitos mineralizados em espodumenio) concentrados em uma única área de direito minerário, dentro de um bloco de nove áreas negociadas. A empresa divulgou os termos do acordo de aquisição sobre 100% do capital da Neolit:

• Pagamento cash de US$2,031 milhões ao controlador da Neolit;

• Pagamento cash de US$2,570 milhões à Neolit para quitar compromissos existentes;

• Emissão de 4 milhões de ações da Lithium Ionic ao controlador da Neolit;

• Emissão de 1,5 milhão de direitos de compra de ações ordinárias da Lithium Ionic, ao preço de exercício de CAD$2,25, num prazo de 3 anos, válidos apenas se uma estimativa de recursos conforme norma 43-101 totalizar pelo menos 20 milhões t, ao teor médio acima de 1,3% Li2O no projeto Salinas;

• Pagamento cash de US$1,500 milhão ao vendedor no 18º mês de aniversário da transação.

A apenas 40 m da área do projeto Salinas, existe um pegmatito aflorando na superfície que foi lavrado de forma intermitente, produzindo feldspato, berilo e tantalita-columbita, denominado “Lavra do Zoe” que, segundo dados de levantamento realizado pelo Serviço Geológico do Brasil (ex-CPRM), se apresenta com 15 m de espessura e com extensão de aproximadamente 210 m, com registro de cristais de espodumenio de até 1 m em sua dimensão maior. Nesse pegmatito (Lavra do Zoé), a distribuição de espodumenio se apresenta em cerca de 30% a 40% do volume total na rocha. Antes do programa de sondagens iniciado em Agosto de 2022, a Neolit executou um programa de exploração agressivo com mapeamento geológico de detalhe e amostragem geoquímica de rocha, cujos resultados indicaram ocorrências de afloramentos de pegmatitos mineralizados em espodumenio com teores expressivos de Li2 0 nos resultados de analises geoquímicas. Cinco alvos identificados – Zoe, Oeste, Sobradinho, Cubo e Ju, mostraram excelente potencial para hospedar recursos minerais de Lítio relacionados a pegmatitos tipo LCT (Lítio-Césio-Tântalo), o que foi confirmado pelo programa de sondagem diamantada exploratória executada. Destaca-se o corpo de pegmatito, denominado Alvo Oeste, onde furos de sondagem confirmam mineralização ao longo de pelo menos 500 m ao longo de seu strike. Entretanto, dados de mapeamento de campo (follow-up) criam expectativas atrativas para a continuidade desse pegmatito, tanto ao longo de seu strike como em profundidade. Neolit está detalhando ainda um acordo definitivo com terceiros sobre um conjunto adicional de 10 áreas num total de 4140 ha, no qual pode adquirir até 90% de participação, desde que realize certos investimentos em exploração acordados. O geólogo Andre Guimarães, nomeado vice-presidente de desenvolvimento da Lithium Ionic, após aprovada a transação pela Bolsa de Toronto, Canadá, tem PhD em especialização em petrologia ígnea e 10 anos de experiência em exploração geológica. Fundou a Neolit no início de 2020 e participa ativamente na interpretação e análise de dados geológicos (modelamento geológico), em especial na leitura de dados geoquímicos. Trabalhou anteriormente como arqueólogo em projetos de estudo e avaliação de sítios arqueológicos em áreas de mineração no País, no tocante a aspectos sociais. A Lithium Ionic tem propriedades cobrindo 14.182 ha na região de Itinga-Araçuaí, MG, em fase avançada no seu programa de exploração. O projeto Itinga da Lithium Ionic está pocicionado nas vizinhanças da mina de lítio Cachoeira, da CBL-Cia.Brasileira de Lítio, principal produtor de lítio do País, e próximo ao projeto em fase de construção da Sigma, chamado Grota de Cirilo.