O sucesso de um projeto de restauração de área degradada deve ser avaliado por meio de indicadores de avaliação e monitoramento. Através desses indicadores, é possível definir se o projeto necessita sofrer novas interferências ou até mesmo ser redirecionado, visando acelerar o processo de sucessão e de restauração das funções da floresta, bem como determinar o estágio em que a floresta plantada apresenta sinais de estar se tornando autossustentável, dispensando intervenções de manejo.

A implantação de um modelo de restauração, por mais bem planejado que seja, e com maior embasamento ecológico que tenha, não garante, necessariamente, que determinada área que foi degradada terá, no futuro, uma cobertura florestal com capacidade de regeneração, com efetiva proteção do solo e cursos d’água, com atratividade à fauna etc.
Neste contexto, foi firmado um convênio de pesquisa, desenvolvimento e assessoria entre a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) e o Laboratório de Restauração Florestal (LARF) da Universidade Federal de Viçosa, visando à aplicação de bioindicadores para avaliar e monitorar áreas em restauração pela empresa na Zona da Mata mineira. Através desse processo é possível avaliar o nível de sucesso de um determinado projeto de restauração implantado em uma área que foi diretamente minerada ou em outra área que foi destinada a compensação ambiental, bem como corrigir eventuais desvios de rota considerando as metas propostas.
Neste período foram aplicados os seguintes bioindicadores: banco de sementes do solo, regeneração natural, mortalidade de mudas, abertura do dossel com fotografias hemisféricas, produção e decomposição de serapilheira. Outro tipo de ação dentro do projeto consiste na implantação de experimentos de restauração de áreas mineradas.
Foram implantados experimentos de enriquecimento através do plantio de mudas de espécies nativas no sub-bosque de uma área em restauração com problemas de regeneração natural, experimentos com transposição de solo de mata (top soil) e serapilheira para área recém-minerada, experimento de plantio consorciado de mudas de espécies nativas com milheto, crotalaria, feijão guandu, experimento de comparação do plantio de mudas em tubetes e sacos plásticos e experimento com poleiros.
A ação de avaliação e monitoramento de áreas restauradas através dos bioindicadores utilizados é inovadora no setor de mineração.
Poucos estudos desta natureza envolvem um conjunto tão grande de bioindicadores, o que é extremamente importante para traçar o perfil real da trajetória das áreas restauradas, sugerir alterações e melhorias.
CAPACIDADE DE MOBILIZAÇÃO
Para execução do projeto foram envolvidos funcionários ligados diretamente à empresa, como engenheiros, analistas ambientais e funcionários do setor terceirizado, além de estudantes de graduação, mestrado e doutorado da Universidade Federal de Viçosa.
Os funcionários da empresa contribuíram nas discussões sobre os resultados obtidos, nas análises dos dados e divulgação. As informações são incorporadas nos procedimentos operacionais para que as melhores técnicas possam ser replicados professores e estudantes contribuíram na coleta e análise de dados de campo e elaboração de artigos científicos e teses, configurando assim a ação numa importante forma de aprendizado e treinamento.
Estes ao voltarem para a universidade que estão vinculados e para suas cidades levam consigo uma imagem positiva da empresa para com o meio ambiente o que tendem a propagar entre os colegas e familiares.
Os funcionários terceirizados, a comunidade e representantes de órgãos públicos participaram de visitas de campo. Percebe-se que o envolvimento destas pessoas vem representando uma mudança de suas opiniões e sentimentos quanto ao compromisso da empresa com a área ambiental. Uma área que foi restaurada e está sendo monitorada passa a ter mais valor emocional, à medida que tomam conhecimento sobre o investimento em pesquisa que a empresa vem fazendo, para que aquela área funcione como um ecossistema o mais similar possível ao que havia antes da mineração.
A metodologia de avaliação e monitoramento das áreas bem como os experimentos de restauração são perfeitamente replicáveis em outras áreas da empresa no médio e longo prazo. O protocolo de atividades que vem sendo montado permitirá que a empresa possa no futuro implantar novas unidades demonstrativas.
A avaliação de áreas implantadas em tempos diferentes e com variadas metodologias possibilita definir novas estratégias de restauração e selecionar espécies mais adequadas para condições ambientais especificas de cada região, como altitude, microclima etc. Desta forma, aumenta-se as chances de sucesso dos novos projetos o que obviamente reduz os custos da atividade de mineração como um todo.
RESULTADOS DO PROJETO
O projeto tem produzido uma série de benefícios para a empresa, tanto econômicos como ambientais. Uma vez que se avalia uma área em restauração já nos primeiros meses da sua implantação é possível corrigir eventuais desvios de meta que poderiam levar ao insucesso ou sucesso parcial do projeto, que normalmente resultam em elevados custos para serem revertidos num estágio mais avançado.
Floresta com oito anos restaurada pela CBA
 
CONCLUSÃO
Até o momento foram quantificadas a produção e decomposição de serapilheira, o fechamento do dossel com fotos hemisféricas, o número de espécies e de plântulas no banco de sementes do solo e no estrato de regeneração natural, a compactação do solo e a mortalidade de mudas nos plantios mais recentes e nos experimentos.
A avaliação do impacto do projeto é medida através da comparação com ecossistemas de referência, isto é, florestas em bom estado de conservação presentes nas proximidades das áreas avaliadas.
As metas futuras para continuidade do projeto são a avaliação e monitoramento de novas áreas em restauração, a inclusão de novos indicadores de forte apelo ambiental e a implantação de novos experimentos de restauração com novos tratamentos que visem à redução dos custos e o atingimento da sustentabilidade das áreas restauradas em um tempo mais curto que o conseguido atualmente.
AUTORES: Aldo Teixeira Lopes e Sebastião Venâncio Martins.