Num momento em que a crise na oferta e consequentemente a disparada nos preços dos fertilizantes tem abalado a economia mundial, investidores e empresas do setor tentam destravar empreendimentos para diminuir a dependência do Brasil desses insumos, essenciais à produção de alimentos. Um deles é o Projeto Potássio Autazes (AM), da Potássio do Brasil, que aguarda o sinal verde dos órgãos ambientais para começar a ser implementado.
A empresa calcula que, levando-se em conta um prazo de implantação de três a cinco anos, a produção média será de 2,4 milhões t de cloreto de potássio por ano, 20% do que o Brasil consome.
“O prazo de implementação do Projeto Potássio Autazes varia de 3 a 5 anos e buscaremos todas as otimizações possíveis para atender as necessidades do mercado brasileiro, no menor prazo possível , ou seja, esperamos estar produzindo em Autazes no início de 2026”, disse à Minérios e Minerales o presidente da Potássio do Brasil, Adriano Espeschit.
Ele disse ter a expectativa de que a licença para Autazes, que depende da consulta ao povo indígena Mura, saia nos próximos meses. O processo da licença começou em 2017. A partir desse licenciamento ambiental e da licença prévia, a companhia vai requerer autorização para instalação da mina.
Segundo Espeschit, a empresa também avaliará as alternativas para atingir cerca de 5 milhões de t de cloreto de potássio por ano, através de expansões e projetos adjacentes em desenvolvimento pela empresa. Outros dois empreendimentos em vista no Estado estão em Itapiranga e Itacoatiara, cidades que ficam a 100 km e 70 km de Autazes, que, por sua vez, fica a 120 km de Manaus.
Canadá elevará exportações em 10%
O Brasil importa hoje 96,5% do cloreto de potássio que utiliza para fertilização do solo, boa parte da Rússia. Também ostenta o título de maior importador mundial do mineral, cujos preços triplicaram de valor com a guerra na Ucrânia. Essa alta tem sérios impactos nos preços dos alimentos.
No último dia 13, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, esteve no Canadá negociando com empresários e representantes do governo canadense sobre a possibilidade de um aumento das exportações de potássio para o Brasil. Os donos da Potássio do Brasil, que são canadenses, participaram do encontro. Estima-se que essa viagem tenha como resultado um aumento de 10% nas importações do insumo proveniente do Canadá, algo como 400 mil toneladas a mais por ano.
De acordo com o Informe Avaliação do Potencial de Potássio no Brasil, até o momento, pode-se afirmar a existência de depósitos no estado do Amazonas, em Nova Olinda do Norte, Autazes e Itacoatiara, com reservas em torno de 3,2 bilhões de toneladas de minério, além de ocorrências em Silves, São Sebastião do Uatumã, Itapiranga, Faro, Nhamundá e Juruti. Além do Amazonas, outras áreas do país, como Minas Gerais, por exemplo, têm jazidas de potássio.
Como será a operação do Projeto Autazes
O Projeto Potássio Autazes colocará o Amazonas no ranking de maior produtor do fertilizante no país e ajudará o Brasil a reduzir a importação do potássio do exterior (Rússia, Bielorrússia, Canadá, Alemanha e Israel). Quando atingir a produção média de 2,4 milhões de toneladas de cloreto de potássio por ano, a oferta desse insumo corresponderá a cerca de 20% do volume consumido no Brasil.
No plano de operação da Potássio do Brasil, a empresa prevê a extração do potássio a 800 m de profundidade e por meio de sistema de alta tecnologia. A lavra do minério será totalmente subterrânea. Este minério, ao chegar na superfície, passará por processamento.
O processamento consiste na separação do cloreto de potássio dos demais materiais presentes na rocha. O produto da Potássio do Brasil terá teor de 95% de KCl , atendendo as especificações do mercado consumidor. Os resíduos, basicamente cloreto de sódio (sal de cozinha), serão empilhados com total segurança em relação ao meio ambiente e, depois de alguns anos, retornaram para os espaços vazios no subsolo criados com a retirada do minério. Ao final da vida útil do projeto, nenhuma estrutura e nenhum resíduo permanecerão na superfície. Os efluentes serão reaproveitados na planta de fabricação de fertilizantes em circuito fechado, para não serem lançados no solo ou nos cursos d’água.
Controlada pelo banco canadense Forbes & Manhattan, do investidor Stan Barthi, a Potássio do Brasil é uma empresa privada brasileira, com atuação na região desde 2009. Possui investidores brasileiros, ingleses, australianos e canadenses, somando 15% de investidores nacionais e 85% estrangeiros, com perspectivas de atração de mais investidores brasileiros à medida que o projeto é desenvolvido.
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