Empreendimento, vizinho ao megaprojeto S11D, em Carajás (PA), possui minério de cobre de alta qualidadee se beneficia de uma região dotada de infraestrutura, instalações de fabricantes de equipamentos e serviços Com o bom andamento das obras do projeto de cobre Rio Verde, localizado em Curionópolis, no Pará, a australiana Avanco Resources pretende iniciar a operação da planta de beneficiamento até o início de março de 2016. A unidade, que recebeu investimentos de US$ 60 milhões e irá produzir 45 mil t de concentrado de cobre por ano (12 mil t de cobre contido), tem a vantagem de estar perto do projeto de ferro S11D da Vale, em Canaã dos Carajás, na mesma região, e considerado o maior empreendimento minerário em curso do mundo.  

A jazida do projeto, denominada Antas North, possui um teor de cobre entre 2,5% e 3%, sendo quatro vezes superior ao do depósito de Sossego, que fica cerca de 100 km e pertence à Vale. Além disso, a unidade terá fácil acesso à infraestrutura local, composta por estradas pavimentadas, ferrovias e o Porto Vila do Conde, de onde a empresa pretende exportar o concentrado por contêineres e a granel.

A região, principalmente a cidade Parauapebas, possui oficinas de muitos fabricantes de equipamentos e serviços de engenharia para mineração, como Metso, ABB e ThyssenKrupp. No município, também se encontram pequenas e médias empresas que foram criadas nas últimas décadas e ganharam espaço por meio dos programas de desenvolvimento de fornecedores, promovidos pelas mineradoras que atuam na região e pela Fiepa – Federação das Indústrias do Pará.

“As reservas da Avanco envolvem um minério de excelente qualidade, com alto teor de cobre e baixos índices de impurezas. A ideia é iniciar a operação até março, mas podemos antecipar o start-up em função da boa evolução das obras”, afirma Luís Azevedo, diretor executivo da Avanco, que conversou com exclusividade com a revista Minérios & Minerales.

De acordo com Azevedo, outra vantagem do empreendimento refere-se à equipe operacional, formada por colaboradores com grande experiência no setor mineral. “Todo o projeto de engenharia está sendo desenvolvido pelos nossos profissionais, com o auxílio de empresas locais”, ressalta.

O diretor conta que a empresa possui um bom relacionamento com a vizinha Vale, mantendo um diálogo aberto e troca de informações em relação a serviços, máquinas e equipamentos oferecidos na região. A Vale mineradora está presente na região desde 1978 quando teve início as obras do Projeto Carajás. “A forte presença da Vale na região é uma vantagem em relação à oferta de empresas e prestadoras de serviço à mineração. Por meio de Nelcindo Gonsález (diretor de Metais Básicos da Vale) temos mantido um bom relacionamento”, comenta.

Unidade de cobre da Avanco irá produzir 45 mil t por ano

As obras de terraplanagem, montagem elétrica e construção civil estão sendo realizadas pelas empresas IRF, MCM e Compacta, respectivamente. Além disso, a mineradora contrata serviços com muitas empresas locais, como LUK, Interativa, Minas Pará, JD Barreto, EJ Serviços, Equatorial e L Morgado.

A Avanco fechou um contrato (Carta de Intenção) com a Maca Mineraçãoe Construção Civil para realizar a operação e o gerenciamento da mina. Azevedo explica que a escolha da empresa, que possui extenso know-how na área minerária, se deve à geografia da mina, que possui um formato de funil, o que dificulta o acesso e a movimentação dos equipamentos. A Maca trará uma escavadeira Liebherr R910, sete caminhões de transporte Volvo AF40 e 2 perfuratrizes CAT 5150.

Mineradora optou pela compra de alguns equipamentos recondicionados, como um moinho de bolas, fabricado pela Metso

“Após uma otimização do desenho do pit, realizamos uma mudança na configuração da frota. Teremos caminhões articulados de seis rodas capazes de enfrentar rampas íngremes. Isto permite uma redução do estéril na extração, com uma ligeira melhoria em toneladas de minério”, ressalta Azevedo.

O depósito do projeto Rio Verde abrange recursos de 2,649 milhões t de minérios, com teor de 3.19% de cobre e 0,66 g/t de ouro, totalizando 84.518 t de cobre e 56.277 onças de ouro. As pesquisas exploratórias, concluídas em maio de 2014, contemplaram 89 furos, totalizando 14.800 m. O desmonte será feito com explosivos e a empresa está definindo a contratação de uma empresa especializada na atividade, como a Orica e Britanite, que possuem forte presença na região.

Atualmente, cerca de 300 pessoas trabalham na construção da unidade, podendo esse número aumentar até o fim do ano. Em julho, a Compacta instalou os pilares das estruturas que irão receber o moinho, o sistema de flotação e os filtros. Em setembro, o avanço das obras era de 35%, com a conclusão dos alojamentos, repartições administrativas, refeitório e ambulatório.

A Avanco, listada na bolsa australiana ASX (AVB), tem como controladores majoritários as empresas Glencore, Blackrock World Mining Trust, Appian Natural Resources e Greenstone Resources. Juntas, as quatro companhias possuem participação de cerca de 56% na empresa. A mineradora foi criada em 2007 e possui escritórios em Perth, na Austrália, no Rio de Janeiro e emParauapebas, no Brasil.

Investimentos do projeto (em milhões de US$)

Construção da planta25,0
Infraestrutura de mina7,4
Mina a céu aberto5,0
Construção do reservatóriode rejeitos3,4
Custos de engenharia5,0
Contingenciamento7,0
Custo com mão de obra7,0
Total60,0

Máquinas e equipamentos

Diante da oportunidade de bons negócios e cumprir o Capex de US$ 60 milhões previsto para o projeto, a empresa optou, após estudos e avaliações, pela compra de alguns equipamentos recondicionados, como o moinho de bolas 12×24 (1,3 MW), fabricado pela Metso, e as células de flotação da empresa Outokumpu. Os galpões da unidade também foram adquiridos no mercado secundário.

Luís Azevedo ressalta que esses equipamentos estão em boas condições e foram revisados pelos fabricantes. A unidade, que tem layout parecido à planta de cobre da Vale em Sossego, inclui uma cava simples a céu aberto, área para estocagem e homogeneização de minério bruto, planta de britagem em dois estágios, circuito fechado de moagem, três estágios de flotação, sistema de desaguamento e filtragem e instalações para o manuseio de rejeitos.

“Se optássemos por um moinho novo teríamos que gastar até cinco vezes mais, além de esperar dois anos para recebê-lo. Tivemos vantagem ainda em adquiri-los antes do início das obras, com um prazo maior de negociação”´, comenta.

Já os equipamentos novos referem-se a um filtro de prensa vertical de alta pressão da Metso (modelo VPA 1540-20) e um britador Simplex. O filtro, que foi entregue no início deste ano e que está em fase de montagem, possui capacidade para processar cerca de 90 mil t de concentrado por ano.

Para Ricardo Takeda, gerente de Vendas da Metso, o diferencial da empresa foi oferecer uma solução de filtragem robusta que atendesse às necessidades da planta. “A Avanco é, sem dúvidas, um cliente muito importante e promissor, pois está iniciando suas operações no Brasil”, afirma Takeda.

Da esquerda para direita: Scott Turow, diretor Financeiro, Anthony Polglase, CEO, Wayne Philips, diretor de Operações, José Mauro, engenheiro Chefe, e Luis Azevedo, diretor Executivo

O gerente ressalta a estrutura que a Metso possui para dar suporte ao novo projeto: uma fábrica de serviços e um centro de distribuição localizados a cerca de 15 km da planta da Avanco. “Além disso, temos vasta experiência em operações de processamento de cobre, o que nos torna aptos a contribuir ao desenvolvimento e o sucesso deste projeto”, comenta.

Entre as características do filtro de prensa fornecido, Takeda destaca a construção robusta, adequada para atividades de mineração; a precisão na fabricação das placas das câmaras de filtragem usinadas de polipropileno; a facilidade e rapidez na troca de tecidos do filtro (operação que pode ser realizada em minutos); poucas peças móveis que garantem a baixa manutenção e alta disponibilidade; e um sistema de controle por CLP (controlador lógico programável), para operação de filtragem automática e inteligente.

As obras de terraplanagem, montagem elétrica e construção civil estão sendo realizadas por IRF,MCM e Compacta, respectivamente

Fase II: Projeto Pedra Branca

Em paralelo, a empresa júnior trabalha com a fase II do projeto de cobre. Denominado Pedra Branca, o depósito está localizado em Carajás (PA) e dista cerca de 50 km de Rio Verde. Em agosto, a empresa enviou o estudo de viabilidade econômica do empreendimento para o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

Segundo informações da empresa, Pedra Branca contém um volume de cobre três vezes maior que Rio Verde, com teor médio de 2,45% e cut-off de 0,9%. As reservas indicadas e inferidas somam 18,5 milhões t com 2.45% de cobre e 0,61g/t de ouro, para 454.000 t de cobre e 363.000 onças de ouro. Na região, a empresa possui 28 licenças de exploração, que abrangem uma área de 172.000 ha.

A companhia estima um custo de US$ 200 milhões para implementar uma unidade com capacidade anual de 30 mil t de cobre e 25 mil onças de ouro. A previsão para início das operações é 2018 e a vida útil da mina é de 12 anos, podendo ser estendida com a aquisição de áreas adjacentes ao projeto.

Conheça a equipe do projeto

Tony Polglase – CEOCom quase 40 anos de experiência em mineração em 10 países diferentes, Polglase é formado em engenharia mecânica e elétrica, com uma licenciatura em Metalurgia pela Camborne School of Mines, do Reino Unido. O engenheiro possui largo conhecimento em relação ao desenvolvimento e operação de projetos de ouro, cobre, chumbo, zinco e estanho. Participou do comissionamento de mais de sete projetos de mineração. Possui passagens pelas empresas Iberian Resources, Ivernia Corp, Rio Tinto, TVX e Ashanti Goldfields.

José Mauro Maciel – engenheiro chefeCom mais de 30 anos de experiência nas áreas de mineração e implantação de projetos, José Mauro Maciel atuou na gestão da construção, operação e manutenção de usinas de beneficiamento mineral, tendo trabalhado na Rio Tinto e Kinross. Formado em Engenharia Mecânica pela PUC-MG, Mauro participa do projeto da Avanco desde o início, em 2014. Com presença constante na obra, o executivo e sua equipe atuam para garantir a qualidade dos trabalhos.

Luís Azevedo – diretor executivoFormado em Geologia pela Universidade do Rio de Janeiro e Direito pela PUC-RJ, Azevedo possui mais de 35 anos de experiência na indústria mineral, atuando nas áreas de desenvolvimento e de apoio jurídico e técnico especializado para empresas de recursos minerais que operam no Brasil. Ocupou cargos importantes nas empresas Western Mining Corporation, Barrick Gold e Harsco. Em 2004, o executivo fundou FFA Legal, no Rio de Janeiro, que fornece assessoria jurídica para empresas de recursos naturais.

Wayne Phillips – diretor de OperaçõesCom
carreira consolidada no setor mineral, Wayne Phillips foi diretor técnico da Kinross para América do Sul, sendo um dos responsáveis pela implantação e expansão da unidade de ouro de Paracatu. Formado em engenharia química, Wayne participou de comissionamentos de projetos importantes de ouro e cobre, localizados no Brasil e no exterior.

Otávio Monteiro – gerente da PlantaO engenheiro Otávio Monteiro tem longa atuação em projetos de mineração e químicos. Monteiro participou de projetos importantes no Estado do Pará, sendo conhecedor das legislações e políticas estaduais voltadas à indústria extrativista. Com bom relacionamento em órgãos públicos e autoridades portuárias, Monteiro ocupou uma série de cargos executivos, incluindo gerente-geral de mineração.

Tim Wither – gerente de mina – Tim Wither possui vasta experiência em mineração, incluindo implantação de projetos a céu aberto de cobre. O engenheiro tem mais de 15 anos dentro da indústria mineral, onde ocupou cargos importantes na Austrália e em outros países. Whither traz seus conhecimentos relacionados com perfuração, desmonte e gerenciamento de mina.