O VII Workshop de Redução de Custos na Mina e na Planta da revista Minérios & Minerales ganhou ingredientes novos: a seca histórica que assola o País e a vertiginosa alta do preço de energia elétrica. Diversas fontes já confirmaram o fenômeno climático El Niño este ano, que deve agravar os extremos de temperatura baixa e alta, bem como as secas e inundações em diversas regiões do planeta. Os reservatórios das hidrelétricas no País estão em nível baixíssimo, obrigando ao uso intensivo de geração termelétrica pelo Governo, cuja conta salgada foi repassada aos consumidores.

Tanto é que numerosas indústrias estão recorrendo a geração própria de energia nos horários de pico, que já traz economia com relação às tarifas da rede pública nesse período. Outra solução que está se difundindo em diversos países é a geração distribuída nos locais de consumo empregando painéis fotovoltaicos, cujos preços estão em franco declínio, juntamente com os sistemas correlatos de controle e distribuição. Essa tecnologia já ganha preferência em alguns países de consciência ambiental mais rigorosa, cuja população considera as fazendas eólicas barulhentas e de estética sofrível. Mas a geração solar distribuída somente vai decolar para valer se for estipulado um preço interessante para se vender a sobra (pós-consumo próprio) para a rede pública, por parte de quem gera.

Nas plantas industriais existentes, ganha prioridade a busca da eficiência energética, conforme mostrou a Cemig que possui uma controlada – Efficientia – dedicada a esta atividade. Num diagnóstico realizado na usina siderúrgica de Ipatinga (MG), da Usiminas, foi possível instalar inversores para controlar a velocidade do motor de diversos equipamentos, em especial bombas e ventiladores centrífugos, possibilitando uma economia de 19.140 MWh/ano — 1% do total consumido – um número apreciável numa instalação daquele porte.

Quanto aos recursos hídricos, existia há tempo a consciência de se reduzir a captação de água nova dos rios pelas mineradoras, com o crescente reuso de água de processo nas plantas. Essa racionalização agora se estende a oficinas, pátios e escritórios, onde pequenas quantidades poupadas acabam somando um volume considerável ao longo de um ano.

As tecnologias de purificação da água usada em processos industriais existem disponíveis na prateleira – o único obstáculo é o custo desse tratamento que o usuário esteja disposto a pagar. Como apresentou o eng. Carlos Rodrigues, da W.Este, no workshop, “quando você não tem água, o preço do tratamento para reúso torna-se secundário”. O processo de purificação por osmose reversa já teve sua eficácia comprovada há anos, mas demanda alto consumo de energia. A água de esgoto pode ser purificada por osmose reversa para tornar-se potável novamente, como já se tornou rotina em Singapura, onde 30% da água consumida pela população é de reuso. Las Vegas, nos Estados Unidos, também adotou esse processo há anos.

O mais importante nessa questão é uma mudança cultural: Singapura conseguiu incutir na população o conceito de que a água deve ser reciclada, para uso infinitas vezes, ao invés de ser descartada. Água não se joga fora. A água purificada por osmose reversa, destinada ao consumo humano naquele país, chama-se literalmente New Water.


Mineradoras intensificam programas de reúso de água em suas unidades

Instalação de inversores de motor reduziram o consumo de energia da unidade da Usiminas em Ipatinga (MG)

Processo de purificação de água por osmose foi aplicado em mineradora na Argentina

Reservatórios das hidrelétricas no País estão em nível baixíssimo, obrigando ao uso intensivo de geração termelétrica