Projeto da Vale aprimora resultados operacionais da pelotização através da otimização de ativos físicos industriais
Dos autores Chanderson Conceição, Edvar de Oliveira, Elias Subtil, Flávio Geraldo de Oliveira, João Bosco de Oliveira, Júlio Cesar da Silva Pereira e Wesley Vicente Pereira, o trabalho “Inspeção Integrada como base de um programa de confiabilidade e gestão de ativos” foi um dos vencedores do 170 Prêmio de Excelência da Indústria Minero-metalúrgica Brasileira da revista Minérios & Minerales. O projeto refere-se às ações relacionadas à gestão da manutenção da pelotização, que contribuíram com o programa de confiabilidade e gestão de ativos.
Após a crise econômica de 2008, onde inúmeras empresas paralisaram suas atividades, a pelotização da Vale teve muita dificuldade para retomar os níveis de desempenho operacionais praticados até o início da crise. Somente a partir de 2011 foi possível reestabelecer seus padrões de resultados, porém, à luz de grandes investimentos realizados, tais como compra e substituições de ativos.
Surgia então o desafio de preparar a pelotização para novas sazonalidades, porque os investimentos realizados de 2009 a 2011 com a mudança do modelo de gestão começavam a apresentar bons resultados, mas era sabido que estes ativos ao “envelhecerem” teriam queda de performance caso não tivéssemos um bom gerenciamento de rotina.
A Inspeção Integrada é parte do Programa de Confiabilidade e Gestão de Ativos que foi implantado na Diretoria de Pelotização e tem como principais desafios manter e/ou melhorar de forma sustentável os resultados operacionais da Pelotização através da otimização de seus ativos físicos industriais.
Com a premissa de alavancar o resultado do desempenho de ativos, mediante apontamentos da Inspeção Integradano sistema especialista de inspeção, foi desenvolvido o Centro de Monitoramento de Ativos (CMA), com a missão de suportar as áreas na tomadas de decisão para manter / manutenir os ativos.
Padronizar as atividades da Rotina de Inspeção orientadas pelos métodos de manutenção, direcionados para aplicação dos seus recursos, aumento contínuo da disponibilidade e confiabilidade de seus ativos e melhorar a relação do custo benefício na manutenção dos ativos da Diretoria de Pelotização da Vale S/A. Toda atividade desta rotina tem como base a preservação da vida e segurança dos empregados bem como a sustentabilidade das operações.
A Manutenção Industrial é a combinação de ações técnicas, administrativas e de supervisão para garantir o adequado funcionamento das instalações produtivas, dos serviços e da instrumentação de uma empresa. Num processo produtivo, é a responsável pela integridade dos equipamentos e consumidora de boa parte do orçamento financeiro. Basicamente ocorre nas seguintes fases: estratégia, inspeção, planejamento, aprovisionamento, execução e controle.
Aliadas às técnicas já conhecidas e aplicadas à manutenção industrial, foi introduzido também o conceito de confiabilidade e gestão de ativos, principalmente nas grandes corporações com o objetivo de garantir estabilidade de plantas produtivas, garantir a integridade e tempo de vida dos ativos, redução de custos e otimizar produção.
Define diretrizes para as gerências de manutenção na Diretoria de Pelotização da Vale, nas sistemáticas da gestão da manutenção de forma evolutiva, considerando seus principais elementos. Estas diretrizes deverão ser aplicadas a manutenção com visão de um conjunto de tarefas orientadas pelos métodos de manutenção direcionados a aplicação dos seus recursos. A Gestão da Manutenção tem por objetivo adequar e padronizar os processos da Função Manter de cada unidade de produção através da metodologia de gestão pela rotina (SDCA) e melhoria (PDCA).
Várias metodologias e procedimentos foram revistos propiciando a gestão da manutenção como um todo onde o ciclo de ações inicia-se nas engenharias de manutenção e oficinas, passa pelas equipes de área (inspeção / PCM / execução), sendo checadas e, se necessário, revisto pelas Engenharias conforme macro processo de gestão
No macro processo de gestão estão relacionadas todas as frentes com ações envolvidas no gerenciamento da manutenção na Pelotização como estratégia, inspeção Integrada, Planejamento, Execução.
Consiste num modelo de inspeção que integra as disciplinas de inspeção dos ativos, contemplando mecânica, elétrica, instrumentação e algumas áreas de operação, com as suas respectivas técnicas de inspeção utilizadas no dia a dia das operações nas plantas de pelotização, tais como: inspeção sensitiva, análise de vibração, temperatura, pressão, vazão, análise de óleo, controle de desgaste entre outros.
Neste modelo, os técnicos de inspeção, além do conhecimento técnico também utilizam recursos tecnológicos (figura 6) como: coletor de dados, detector de vibração / temperatura (WMCD – Wireless Machine Condition Detector – Modelo CMVL 8000), câmera termográfica entre outros instrumentos para avaliação do parque de ativos da pelotização (figura 7), suportados por sistema especialista.
A demanda de trabalho da inspeção integrada é gerida no sistema informatizado de manutenção, onde planos de trabalhos cadastrados direcionam para rotas específicas no sistema especialista por meio da utilização de coletores de dados. A inspeção deve ser executada conforme política e métodos de manutenção definidos pela engenharia de manutenção.
Com a implantação da inspeção integrada, onde todas as coletas de dados foram estruturadas em checklists eletrônicos, suportadas tecnologicamente por instrumentos modernos e armazenadas em sistema especialista para as disciplinas envolvidas, surgiu então à necessidade de gerir este banco de dados extraindo informações para suporte a tomada de decisões e gestão do sistema. O processo de análises e monitoramento no CMA obedece basicamente ao fluxo de entrada e saída de informações.
Ações programadas da Vale visam melhorar os resultados operacionais da pelotização
Resultados
Com a implantação da Inspeção Integrada nas usinas de pelotização pode-se observar alguns pontos conforme descrito em sequência.
Quanto a cadastro no sistema especialista:
Objetos
600 Checklists de inspeção; 800 Rotas / Circuitos; 350.000 Pontos de inspeção |
Pessoas
80 Inspetores – 40 Operadores / Mantenedores; |
Quanto a comparação entre os modelos de inspeção:
Inspeção – Modelo Anterior |
Inspeção Integrada – Modelo Atual |
Falta de processo de execução;
Baixo conhecimento técnico; Excesso de OS´s em backlog; Baixa utilização da tecnologia; Informações fragmentadas; Dificuldade para tomada de decisão; Alta rotatividade de profissionais; Baixa moral dos inspetores; |
Visão holística sobre os ativos;
Informações e processos integrados; Checklists digitais; Redução de falhas; Sistemas inteligentes de suporte à decisão; CMA – Centro Monitoramento de Ativos; Pessoas com perfil adequado e capacitadas para a função. |
Observando o gráfico da figura 12 verifica-se que:
Redução do número de eventos de falhas a partir de 2011;
Redução do número de horas de ativos parados por falhas corretivas;
Outros resultados alcançados:
Melhora nos indicadores de Disponibilidade física (DF), Tempo médio entre falhas (MTBF);
Redução, indicada pela seguradora, de 25% da classificação quanto à vulnerabilidade* de riscos de 2012 para 2014 (Probabilidade de uma grande perda em um cenário normal de operação, baseado em 08 critérios de avaliação. Nota de 0 a 100).
Pelo descrito anteriormente, conclui-se que a implantação da Inspeção Integrada associada ao CMA, Centro de Monitoramento de Ativos, foi de extrema relevância na gestão da manutenção da Pelotização, contribuindo com o programa de confiabilidade e gestão de ativos. Os resultados melhoram a cada dia onde perdas e paradas reduziram consideravelmente. O comprometimento e a moral dos inspetores também melhoraram devidos os mesmos se sentirem apoiados em suas rotinas.
Conheça os autores do projeto
Chanderson Gomes da Conceição – Orientador Operacional Mineração/Portuário – Especializado. Orientador Operacional na Engenharia de confiabilidade e gestão de ativos na pelotização da Vale. Formação de Técnico em Eletrotécnica com 18 anos de experiência em inspeção eletromecânica nas áreas de manutenção preditiva, preventiva e corretiva em plantas industriais de pelotização (mineração)
Edvar de Oliveira – Técnico Especializado de Manutenção. Especialização em Engenharia de Produção e graduado em Engenharia Ambiental. Responsável pela gestão de dados e indicadores de desempenho da Inspeção Integrada na Engenharia de confiabilidade e gestão de ativos na pelotização da Vale. 14 anos de experiência em operação e manutenção de plantas industriais de pelotização (segmento da mineração) e em ações de PCM para serviços de rotina e de grandes paradas e intervenções.
Elias Subtil Neves – Analista Operacional Pleno. Graduado em Administração de empresas e Técnico Industrial Mecânico. Analista Operacional na Supervisão de Engenharia de Confiabilidade e Gestão de Ativos na pelotização da Vale. Atua no desenvolvimento de planos de manutenção e inspeção com base em estudos de confiabilidade. 12 de experiência em inspeção preditiva e ensaios não destrutivos (END) em plantas industriais de pelotização (mineração).
Flávio Geraldo de Oliveira – Analista Operacional Sênior. Especialização em Gestão da produção e manutenção. Analista Operacional Sênior na Engenharia de confiabilidade e gestão de ativos na pelotização da Vale responsável pelas atividades e desenvolvimentos de ações no sistema especialista de inspeção. 20 anos de experiência em manutenção industrial, inspeção preditiva, consultoria e implementação de sistema especialista de inspeção em diversas empresas.
João Bosco Macino de Oliveira – Inspetor de Manutenção Especializado. MBA em Gestão de pessoas, Administração de empresas e Técnico em Eletrotécnica. Atua no desenvolvimento de checklists para Inspeção Integrada na Engenharia de confiabilidade e gestão de ativos na pelotização da Vale. 30 anos de experiência em inspeção preditiva, ensaios não destrutivos (END), termografia e ensaios elétricos em áreas de negocio da mineração.
Júlio Cesar da Silva Pereira – Orientador Operacional Mineração/Portuário – Especializado. Orientador Operacional na Engenharia de confiabilidade e gestão de ativos na pelotização da Vale. Formação de Técnico Industrial Mecânico com 18 anos de experiência em inspeção mecânica nas áreas de manutenção preditiva, preventiva, corretiva, ensaios não destrutivos (END), inspeção de caldeiras, planejamento e lubrificação nos setores de celulose e mineração (pelotização).
Wesley Vicente Pereira – Supervisor de Engenharia de Manutenção – Mineração (Confiabilidade e Gestão
de Ativos). Supervisor de Engenharia de confiabilidade e gestão de ativos na pelotização da Vale. MBA em Gerenciamento de Projetos e especialização em Engenharia de Confiabilidade. Experiência de 18 anos em gestão e execução de serviços manutenção industrial. Implementação e coordenação de projetos e novas tecnologias voltadas para confiabilidade, manutenção preditiva / preventiva nos setores de mineração e celulose.
Leia a íntegra do trabalho “Inspeção Integrada como base de um programa de confiabilidade e gestão de ativos”.
Fonte: Revista Minérios & Minerales