A marca sueca aproveitou a parada em Itajaí (SC) da regata Volvo Ocean Race, da qual é patrocinadora, para apresentar ao mercado seus projetos na área de automação, conectividade e eletromobilidade.
Lars Terling, vice-presidente global da Volvo Trucks, relatou que haverá um enfoque grande nos próximos anos para aumentar a segurança no sistema de transportes, sendo que a tecnologia será uma grande aliada nisso, com uso de sensores e câmeras capazes de identificar riscos de acidentes com antecedência.

Esse desenvolvimento, segundo especialista, será um passo importante também para o crescimento dos veículos autônomos. Ele cita alguns exemplos de segmentos hoje em que caminhões da marca são usados no modo autônomo.

Em uma mina subterrânea de minério de ferro, em Boliden, na Suécia, um caminhão autônomo tem sido utilizado para transporte de material lavrado. Outra experiência desse tipo, só que utilizando vagões elétricos de rodas, está em andamento em uma pedreira a céu aberto da Skanska, em Gotemburgo, também na Suécia.

Para Lars, equipamentos autônomos serão gradativamente introduzidos em aplicações específicas, como áreas confinadas. “A aplicação será adotada em lugares principalmente que não circula gente. Na área, urbana, por exemplo, veículo autônomo será de difícil implantação devido ao tráfego. Mas em áreas controladas são viáveis”, avalia.

Essa mina sueca que a Volvo está trabalhando com caminhão adaptado para autônomo, tem enorme vantagem por que, por exemplo, após detonação, ele já pode voltar a operar rapidamente com carga – caso o caminhão tivesse um motorista, teria que se fazer inspeção de área para gerar total segurança ao operador antes de retomar o trabalho, o que leva tempo. A precisão e produtividade garantem a efetividade da aplicação, segundo o especializa.

Massami Murakami, diretor de engenharia e suporte a vendas da Volvo CE Latin América, conta que esse projeto na pedreira visa essencialmente à sustentabilidade, já que equipamentos híbridos e elétricos são os adotados no campo de testes.

Essa iniciativa na Skanska está prevista para terminar no final desse ano e conta ainda com parceria da agência de energia sueca e universidades locais. O site possui escavadeira e carregadeira de rodas híbridas e unidades transportadoras autônomas elétricas – protótipos parecidos com vagões –, operados à distância a partir de uma central, que carrega material de um britador primário para um britador secundário.

“A questão de um site desse tipo é a infraestrutura de comunicação, por que os equipamentos precisam ‘se falar’. E sabe-se que operação de comunicação ao mesmo tempo cria-se problema de velocidade de informação”, explica Massami. “Isso é um dos gargalos que se precisa solucionar” já que se faz necessário estar atento a obstáculos e a manutenção da distância entre as unidades da operação, de forma que se possa corrigir eventuais problemas num curto espaço de tempo.

Ele cita, porém, alguns atributos dessas unidades transportadoras autônomas, além do uso de energia elétrica ao invés do caro combustível fóssil, como da não necessidade de fazer manobra de retorno, já que eles não têm frente nem traseira para carregamento, agilizando o uso.

Além disso, as unidades autônomas podem se adaptar aos diferentes terrenos, de acordo com Massami. Num site de mineração, onde a exploração de lavra muda a todo tempo, os veículos autônomos tornam-se mais viáveis do que correias transportadoras fixas, analisa ele.

O executivo acrescenta que a adoção da tecnologia vai depender muito da parceria com a empresa interessada, e vê oportunidade em ambientes mais agressivos. No Brasil, a Volvo tem já conversado com pelo uma mineradora pra estudar testes de veículos autônomos nos próximos anos.

A parada da regata Volvo Ocean Race em Itajaí, a única na América Latina, foi momento também para a marca ressaltar a importância de sua tecnologia embarcada nos barcos da competição.
Os barcos da mais desafiante competição a vela no mundo, com percurso de nove meses ao redor da Terra, são equipados com motores Volvo Penta, que não são usados para propulsão (claro!), mas para produção de energia.

Os sistemas eletrônicos de bordo, as telecomunicações e o sistema hidráulico que movimenta a quilha são movidos por motores Volvo Penta D2-75, de quatro cilindros e 264 kg. (Augusto Diniz – Itajaí/SC)