Após detectar capacidade limitada no silo intermediário (SL-1) da Mina Cuiabá em relação à taxa de produção da britagem, a AngloGold apurou que as paradas do circuito secundário não estavam sendo totalmente absorvidas e acabavam propagadas para o circuito primário. A empresa investiu na instalação de um software para solucionar o “gargalo do sistema”. E os ganhos foram consideráveis na primeira avaliação: aumento na utilização e eficiência da britagem, além de ganho na produtividade. A aplicação de um sistema especialista de controle no processo de britagem da mina Cuiabá teve como objetivo o aumento de produtividade. A solução adotada foi a aplicação do software Leaf, da empresa I.Systems, que usa controladores Fuzzy e lógicas personalizadas. Comparando os períodos pré e pós instalação, foi observado mais 19 t/h na produtividade. No sistema de britagem em questão, a alimentação de minério pode ser feita de três modos: via shaft, praça, ou ambos concomitantemente. O minério da mina Cuiabá é içado via shaft e pode ser britado diretamente, ou em caso de indisponibilidade da britagem, estocado na praça. A praça recebe, majoritariamente, minério da mina Lamego, que chega via caminhões. Ambas as fontes possuem medição dinâmica de taxa de minério através de balanças nas correias, tendo suas produções direcionadas para a mesma correia (TC-429-3), passando por uma grelha, que classifica o minério que vai para o silo de armazenamento (SL-3), enquanto o material mais grosseiro segue para a primeira britagem e depois para o silo intermediário (SL-1). O material do SL-1 é alimentado no circuito secundário, que consiste de um conjunto de correias, duas peneiras e dois britadores. O circuito secundário possui uma recirculação para realimentar o material não classificado em um dos britadores, enquanto o produto passante segue para o SL-3. O SL-1 apresenta capacidade limitada em relação à taxa de produção da britagem e paradas do circuito secundário não podem ser totalmente absorvidas, sendo propagadas para o circuito primário. A taxa do circuito secundário pode ser entendida como o gargalo do sistema. Variações do minério e desgaste dos equipamentos tornam difícil a regulagem da alimentação do circuito pelos operadores e isso pode gerar paradas por sobrecarga dos equipamentos ou manutenção de taxas conservadoras. Apesar da taxa do shaft ser definida através de um set point pela operação, a moega de armazenamento do minério içado também é pequena e paradas da mina devem ser evitadas ao máximo. Logo, pode-se interpretar que a taxa do shaft apresenta uma demanda empurrada. A qualidade do minério das duas minas é distinta. Na avaliação dos responsáveis pelo estudo, seria interessante manter um blend relativamente estável para maior eficiência dos processos de tratamento. Logo, apesar da produção do poço ser empurrada e ter prioridade em relação à praça, seria interessante manter a praça em operação juntamente com o poço. SOFTWARE LEAF O software Leaf, da empresa I.Systems, foi configurado para atuar de forma automática em três pontos: 1) Definição da taxa do circuito secundário – neste caso, o controle manual foi substituído por uma lógica automática que leva em consideração todas as restrições dos equipamentos do circuito e define a taxa máxima de acordo com a condição mais crítica. 2) Definição da taxa da praça – um controlador Fuzzy foi aplicado para definir a taxa adequada da praça em função do nível do SL-1. Um override de segurança foi aplicado levando em consideração a taxa total máxima do circuito primário e a taxa atual do poço evitando sobrecarga nos equipamentos. 3) Controle automático da taxa do poço – o controle PID foi substituído por Fuzzy na modulação da velocidade da correia de alimentação. Com um ajuste mais fino, foi possível manter o atendimento da taxa desejada limitando os eventos de overshooting da taxa e sobrecarga. Após a configuração e início dos trabalhos, observou-se, em análises preliminares, o aumento de 0,80% na utilização da britagem e 0,73% na eficiência, equivalente a um aumento de 19 t/h na produtividade.

Autores: Celso Ruela, Leonardo Baptista, Lucas Gomes, Maurício Toledo e Xisto Viana