A empresa completa 1/4 da construção da mina e planta, que irão produzir lítio sem barragem de rejeito

Uma rápida visita aos shoppings é suficiente para perceber que os carros elétricos já são uma realidade no Brasil. Pode ser até que você não veja ainda muitos modelos rodando por aí, especialmente devido ao alto preço. Mas, na era do combate ao aquecimento global, esse é um mercado que tem atraído investimentos pesados de toda a cadeia produtiva, uma vez que a indústria automobilística busca baterias mais eficientes, duráveis e que carreguem mais rápido.
No Brasil, a subsidiária brasileira da canadense Sigma Lithium Resources Corporation, a Sigma Mineração, está em fase adiantada de construção de uma planta para o beneficiamento de lítio – matéria-prima usada na produção de baterias (íon de lítio) para os carros elétricos. De acordo com um relatório recente da International Energy Agency (IEA), as vendas de carros elétricos vêm batendo recordes. No ano passado, foram vendidos 6,6 milhões de unidades em todo mundo – 8,57% do mercado.
A unidade fica no Vale do Jequitinhonha (MG), com fácil acesso ao Porto de Ilhéus (BA), por onde a produção será escoada para o mercado internacional. Terá potencial para fornecer lítio para bateria recarregável por 13 anos pela estimativa atual de recursos e já está com 25% da construção concluída. O projeto foi dividido em fases, sendo que a primeira está voltada para o mercado mundial de baterias para veículos elétricos.
Trata-se de uma planta green tech, já que usará 100% de energia limpa, de matriz hidrelétrica. E o circuito é back to back, com empilhamento a seco que vai evitar a contaminação da água saturada de sal onde se encontra o carbonato de lítio, além de dispensar a necessidade de construção de barragens de rejeitos.
No Brasil, a exploradora de minerais canadense foi beneficiada pelo Decreto nº 11.120, publicado no início do mês no Diário Oficial da União (DOU), que permite as operações de comércio exterior de minerais e minérios de lítio e de seus derivados. Segundo o site do governo brasileiro, a medida promove a abertura e dinamização do mercado brasileiro de lítio, com o objetivo de posicionar o Brasil de forma competitiva na cadeia global e atrair investimentos para pesquisa e produção mineral, e para avanço da capacidade produtiva em etapas de processamento,
produção de componentes e baterias.
Ao prover maior previsibilidade e condições de competir no mercado internacional, o governo espera atrair investimentos para desenvolvimento sustentável de uma das regiões economicamente mais pobres do Brasil, que é o Vale do Jequitinhonha.” O novo decreto é um passo positivo e significativo para o Brasil para modernizar e integrar ainda mais o setor de lítio junto às cadeias globais de fornecimento. Ele cria as condições regulatórias para que o Brasil amplie ainda mais sua posição em concentrados pré-químicos de lítio ambiental e socialmente sustentáveis a jusante em produtos químicos refinados e precursores de cátodos&quot”, destacou Ana Cabral-Gardner, co-CEO da Sigma Lithium.
Na avaliação da empresa, ao atualizar o marco regulatório do setor, o decreto elimina a exigência de solicitação de cotas e autorizações de exportação às autoridade, modernizando e desregulamentando positivamente todo o setor de lítio, além de criar condições para que o Brasil amplie sua posição em concentrado de lítio pré-químico socialmente sustentável a jusante, também afetados pelas quotas de exportação e pedidos de autorização à autoridade nuclear.
A Grota do Cirilo tem o maior depósito de rocha dura de lítio das Américas. No local, a Sigma produz concentrado de lítio de grau bateria, ambientalmente sustentável, em escala piloto desde 2018. A operação comercial é planejada com capacidade para 220.000 toneladas (33.000 toneladas de LCE) por ano na Fase I, subindo para 440.000 toneladas (65.000 toneladas de LCE) na Fase II.
O projeto, de US$ 5,1 bilhões, é abastecido pelo rio Jequitinhonha, que fica bem ao lado, e está localizado a cerca de 50 km da Usina Hidrelétrica de Irapé, que fornece energia elétrica. O empreendimento tem acesso às principais rodovias e portos, de onde seu produto pode ser embarcado para os mercados no exterior. A Sigma Lithium informou, também, que a expansão em fases de seu projeto integrado em Minas Gerais – sua única operação no país – pode tornar a empresa a quarta maior produtora de lítio do mundo.
“Continuamos focados em estabelecer a Sigma Lithium como um dos maiores produtores de lítio do mundo, progredindo significativamente para um fluxo de caixa positivo ao entregar lítio sustentável para bateria em curto prazo. Nossa equipe operacional vem entregando consistentemente todos os marcos de execução da construção e licenciamento, posicionando a companhia para potencialmente participar como produtora no que pode ser um dos mais favoráveis mercados de lítio de todos os tempos”, afirmou Calvyn Gardner, co-CEO e co- presidente da Sigma Lithium.

Cavas norte e sul serão lavradas ao mesmo tempo
A empresa obteve a prorrogação solicitada de suas licenças ambientais atuais para permitir a lavra simultânea da cava norte e da cava sul na Fase I. Com isso, conseguirá expandir a capacidade de produção na Fase II e aumentar a área onde é permitido o empilhamento a seco dos rejeitos da planta de produção. A decisão de realizar a lavra simultânea da cava norte e da cava sul da Fase I foi norteada pela estratégia ESG da companhia, permitindo que o município de Araçuaí também tenha direito a receber parte dos royalties do governo – compartilhada com Itinga, onde estão localizadas a planta de produção e a cava norte.
Em 27 de junho, o Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) emitiu o Certificado duplo LP e LI nº 4497, por um período de seis anos – com vencimento em 24 de junho de 2028.
Fase I tem várias frentes concluídas
A mineradora celebra os avanços na construção da Fase I da mina Grota do Cirilo. Vários fluxos de trabalho já foram 100% concluídos, entre eles a terraplenagem necessária à construção das fundações da planta de produção, além da drenagem protetora do local (canais e tubulações), construção de área de fossa e melhorias na estrada de desvio, no entorno do projeto.
A montagem eletromecânica (incluindo mainframes para o britador primário, planta DMS e outras infraestruturas) começou fora do local, e a companhia espera que os equipamentos comecem a chegar no final de agosto.
Os próximos fluxos a serem finalizados, de acordo com comunicado divulgado pela companhia, são a construção de fundações de equipamentos para as áreas de britagem, peneiramento e DMS (concretagem), ROM pad, ROM wall e da subestação de AT do projeto, além da montagem eletromecânica e a fabricação de chapas e estruturas metálicas.


A Sigma também avançou na engenharia de detalhamento juntamente com as atividades de construção: cerca de 65% foi concluída em julho de 2022. Confira o resumo detalhado do processo:
Placas de aço 94%
Processo 89%
Mecânico 88%
Gerenciamento de Projetos 88%
Engenharia Geral 85%
Estrutural 80%
Concreto 80%
Elétrica e Instrumentos 60%
Tubulação 37%
Controles 12%