A suspensão em Minas Gerais da formalização de processos de licenciamento ambiental de novas barragens de contenção de rejeitos no método de alteamento a montante, e de ampliação de barragens de contenção de rejeitos existentes que utilizam o mesmo sistema, reforça a adoção de filtros de disco a vácuo.

 O rompimento da barragem de Mariana (MG), em novembro do ano passado, foi a responsável pela medida adotada pelo governo do Estado.   A finlandesa Minexcell, com vasta atuação no fornecimento de produtos e serviços neste segmento à mineração em todo o mundo, possui 17 tipos de filtros de disco a vácuo com capacidades unitárias que variam de 1 m² a 200 m². A companhia oferece ainda filtros prensa de alta tecnologia, que complementa o portfólio, viabilizando ao cliente uma alternativa a mais para a adequação das necessidades específicas na obtenção do melhor resultado através de solução por filtragem.  

A empresa conta com referências de diversas aplicações, inclusive no Brasil, em projetos de larga escala – a empresa já entregou com sucesso 17 filtros para clientes brasileiros. Os filtros de disco a vácuo da empresa são indicados para filtragem de concentrados e rejeitos.   Um aspecto positivo na utilização da filtragem é a regularidade no teor da umidade do produto, em um processo totalmente seguro que isenta a utilização de barragens de rejeitos.

A Minexcell fabrica filtros fáceis de operar e de manutenção segura, equipados com componentes de reconhecida qualidade no mercado, como motores da Sew, bombas de vácuo da Nash, bombas de água da KSB e PLC da Siemens.   Os filtros da marca são totalmente fabricados em aço inoxidável, operando com baixíssimo consumo de energiaem relação ao volume de produção e nível mínimo de ruído durante as operações, obtendo água filtrada e limpa como subproduto, para reutilização no processo.  

As aplicações são variadas, incluindo operações em diferentes tipos de minérios, como ferro, ouro, níquel, cobre e zinco.   Em Congonhas (MG), a Ferro+ Mineração adotou a solução de filtros de disco a vácuo com placas de cerâmica fornecidos pela Minexcell, obtendo reaproveitamento de 46% da água utilizada no processo. “Antes da implantação dos filtros, passamos por alguns transtornos operacionais com a utilização de canais para fazer a decantação, tanto do rejeito quanto do concentrado fino. São desgastes acentuados dos equipamentos móveis, excesso de umidade no produto, tempo de espera para possibilitar o transporte, excesso de lama ou sujeiras nas pistas, ou seja, operações delicadas e de custos elevados. Além da logística complexa, algumas perdas de material eram inevitáveis”, lembra José Eustáquio Vieira, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da mineradora.  

O projeto começou em 2012, quando a Minexcell envio à planta da Ferro+ Mineração técnicos para a realização de testes do produto a ser adotado. Um equipamento em escala industrial da empresa finlandesa foi instalado e testado com rejeitos e concentrados por um período de três meses, apresentando a eficácia prevista na avaliação prévia. Hoje, a mineradora conta com sete filtros KS100 em operação, sendo quatro na linha de rejeitos e três na linha de concentrados.   O representante da mineradora explica que anteriormente, após a concentração magnética de alta intensidade, os concentrados e rejeitos eram destinados aos canais de decantação, onde a infiltração natural no solo gerava perdas substanciais, além do excesso de água transportada para os estoques de produtos.  

Agora, o destino dos concentrados e rejeitos são os espessadores de polpa, que realizam o adensamento, onde se recupera cerca de 65% da água recebida. Após esta etapa, a polpa passa por um refinamento ainda mais cuidadoso nos filtros cerâmicos a vácuo.   “Ao contrário dos filtros convencionais que utilizam telas grossa de nylon e perdem partes dos ultrafinos no filtrado, os equipamentos da Minexcell contam com placas de cerâmica, que possuem capilaridade, possibilitando que a água filtrada fique totalmente cristalina. O resultado final é um material na faixa de 10% de umidade para o concentrado e 14% para o rejeito.

Sem os filtros, estes números eram de 16% e 26% respectivamente. Com isso, eliminamos as etapas dos canais e o tempo necessário para a secagem nos pátios”, conta o gerente.   Novos projetos em importantes mineradoras no Brasil estão em andamento pela Minexcell, relata Lu Zheng, diretor da empresa, e Raissa Vieira, representante da marca no País. De acordo com os executivos, elas fizeram a aquisição do equipamento em consonância com nova realidade pós- -rompimento da barragem de rejeitos em Mariana, onde o uso desse tipo de recurso tornou-se bastante questionável.  

A suspensão em Minas Gerais dos procedimentos de licenciamento ambiental de novas barragens de rejeitos nas quais se pretenda utilizar o método de alteamento à montante, não tem o objetivo de travar o desenvolvimento econômico, avalia Romeu Thomé, professor do mestrado em Direito Ambiental e líder de grupo de pesquisa sobre a gestão do patrimônio ambiental e a mineração.   De acordo com o professor, a suspensão implementada pelo poder público estadual tem respaldo em inúmeros acidentes, verificados ao longo da história da mineração, decorrentes do rompimento de barragens de rejeitos.   “O alteamento, prática recorrente entre as mineradoras, tem como objetivo alongar a vida útil das barragens de rejeitos, aumentando sua capacidade de estocagem.

Ele pode ser realizado à montante ou à jusante em relação ao dique inicial da barragem. O método à jusante é mais seguro e, por isso, pode ser utilizado, inclusive, em locais sujeitos a vibrações e a abalos sísmicos. Já o método a montante utiliza menor volume de material e apresenta custos mais baixos. Todavia, ele se apresenta menos seguro em relação ao método à jusante”, explica o professor, em artigo publicado na imprensa.  

“A vedação, desde que se afigure razoável e proporcional, de determinado método utilizado na disposição final dos rejeitos, difere da vedação do exercício de uma atividade econômica e, nesse contexto, pode contribuir para aprimorar a sustentabilidade da mineração”, avalia Romeu Thomé.   Ele destaca que provavelmente esta não será a única medida a ser tomada pelo poder público após o acidente de Mariana, e que é necessário buscar novos padrões técnicos mais rigorosos e seguros na exploração mineral.