Num momento em que o Brasil importa mais de 95% do potássio que utiliza, o pequeno município de Autazes, no Amazonas, caminha para sediar o complexo industrial e a mina subterrânea da Potássio do Brasil– para reduzir a dependência que o País tem do mercado internacional de fertilizantes. O gerente administrativo financeiro da empresa, Davidson Aquino, apresentou no Workshop Opex 2023 o andamento do projeto e falou de alguns de seus desafios.
Com cerca de 40 mil habitantes, a cidade fica a 120 km de Manaus e tem a logística como complicador. “Temos duas travessias de rios e um caminho de 100 km por estrada, que hoje estão com duas pontes caídas”, disse Aquino em sua palestra. Segundo ele, o início das operações de lavra deve ocorrer dentro de cerca de 5 anos, principalmente pelo prazo necessário para escavar os shafts – que são os poços verticais de acesso ao minério de silvinita a ser lavrado e que está a cerca de 800 m de profundidade.
O investimento na mina, planta de beneficiamento, estrada, porto e na linha de transmissão e nas estruturas de infraestrutura é da ordem de US$ 2,5 bilhões e a expectativa de vida útil é de 23 anos. “Vamos retirar a rocha silvinita (composta pela halita que é o cloreto de sódio, o nosso sal de cozinha, e também pela silvita que é o cloreto de potássio, nossa matéria prima para a produção do fertilizante) do subsolo e tratá-la na planta industrial, para que ela se transforme em fertilizante.
Esse produto enriquecerá a terra na superfície e ajudará a melhorar a qualidade das plantas que são colhidas do solo”, explicou. “Hoje 98% do potássio usado na agricultura no Brasil é importado. A única mina em operação, em Sergipe, produz apenas 2% da demanda nacional e está em fase de exaustão, daí a importância do nosso projeto”. O projeto em Autazes está em fase de licenciamento e consultas às comunidades locais, especialmente as indígenas. As consultas às comunidades indígenas cumprem 7 Passos de um protocolo elaborado desde 2019, seguindo as premissas previstas na Convenção 169 da OIT – Organização Internacional do Trabalho e o processo está hoje entre os Terceiro e Quarto Passos.
De acordo com a empresa, durante a fase de estudos prévios ambientais foram realizados vários encontros com representantes da sociedade, tanto indígenas quanto não indígenas, que está direta e indiretamente envolvida no Projeto Potássio Autazes, para apresentar os detalhes do complexo industrial e tirar dúvidas dos moradores da região. A presença nas Audiências Públicas foi superior a 4.500 pessoas tanto na Vila de Urucurituba, onde ficará o porto, quanto na sede do município. “Também elaboramos um relatório de impacto ambiental abrangente, com mais de 30 planos e programas socioeconômicos e ambientais para eliminar, controlar, minimizar e compensar os possíveis impactos do empreendimento. Respeitamos o meio ambiente e os direitos dos povos indígenas e não-indígenas da região amazônica”, diz Aquino.
De acordo com Davidson, as ações fazem parte da política de ESG da Potássio do Brasil, estruturando os princípios de governança, dando suporte aos pilares da sustentabilidade e da excelência de gestão de suas operações. “Queremos diminuir a enorme dependência das importações de fertilizantes, sendo um fornecedor-chave para o agronegócio brasileiro”. Segundo ele, a maior parte do potássio usado no nosso país vem de minas que estão a mais de 20.000 km de distância, no Canadá, Rússia, Bielorrússia, Alemanha e Israel. “Queremos reduzir a dependência do Brasil em cerca de 20%. O país hoje consome cerca de 12 milhões de toneladas, e o Projeto Autazes vai produzir cerca de 2,2 milhões de toneladas por ano”, disse Aquino.
TRANSPORTE PELOS RIOS E GERAÇÃO DE EMPREGOS
Como o Projeto Potássio Autazes, no município de Autazes no Amazonas, fica a poucos quilômetros de um dos principais rios da Amazônia – o Rio Madeira, o transporte para os mercados consumidores será fluvial. Com isso, a emissão de gases de efeito estufa produzidos pelo transporte terrestre também diminuirá de forma drástica, tendo em vista a maior eficiência energética.
Somada à utilização de energia elétrica renovável, que no caso do Brasil chega a atingir 85%, a redução da emissão de gases pode ser de até 79% na comparação, por exemplo, com o potássio extraído nas reservas de Saskatchewan, no Canadá, ou na Rússia e na Bielorrússia, onde a matriz energética tem como base o gás natural e o carvão.
O potássio que vem do exterior passa por ferrovias, navios e caminhões até chegar ao destino final no Brasil, emitindo milhões de toneladas de CO2 ao longo dos anos. Levando em conta uma taxa de produção do Projeto Potássio Autazes de 2,2 milhões de toneladas por ano e trocando as importações do Canadá pelo mineral de Autazes, será possível uma redução das emissões de gases de efeito estufa equivalentes ao plantio de cerca de 57 milhões de novas árvores. O empreendimento industrial da Potássio do Brasil vai gerar uma média de cerca de 2.600 empregos diretos e diversos indiretos durante as obras de implantação.
Na fase de operação serão cerca de 1.300 postos de trabalho diretos e 16.900 indiretos, tendo a Potássio do Brasil assumido o compromisso de empregar um mínimo de 80% com trabalhadores locais, que passarão por programas de treinamento organizados por entidades parceiras deste importante projeto de desenvolvimento do interior do Amazonas. O projeto já possui um plano de fechamento da mina, ao final das suas atividades.
O resíduo da produção, a halita, ou sal de cozinha, será temporariamente estocado na superfície até que haja espaço no subsolo para receber de volta este material. Esta prática é utilizada em diversos projetos de mineração no Brasil e no mundo e é conhecida internacionalmente como backfill. Ou seja, não haverá nenhum resíduo na superfície quando o Projeto Potássio Autazes atingir o fim de vida operacional.
A área onde será implantada a unidade fabril da Potássio do Brasil em Autazes é uma antiga área de pastagem que será reabilitada com espécies nativas da Amazônia durante e ao final do projeto. A empresa já mantém um extenso viveiro de plantas na localidade e mais de 42.000 mudas já foram doadas para prefeituras, escolas e órgãos públicos do Estado do Amazonas.
PALAVRA DO PRESIDENTE
“O Projeto Potássio Autazes está planejado dentro de rígidas normas de ESG que nada mais é a vanguarda da sustentabilidade, primando por ações que respeitem o meio ambiente e a sociedade, aliadas à uma governança que se pauta nas Leis brasileiras, normas, melhores práticas e condutas éticas. Para isso temos programas socioeconômicos e ambientais que serão postos em prática para deixar um verdadeiro legado de desenvolvimento sustentável para a população da região antes, durante e após o fechamento da mina de potássio. Vamos também reflorestar uma área dez vezes maior da que vamos ocupar na superfície, como forma de também deixar um legado para a Amazônia” destaca Adriano Espeschit – Presidente da Potássio do Brasil.
Últimos Comentários