A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) continua promovendo transformações inovadoras em sua Mineração Sustentável. Com o desenvolvimento da tecnologia do Beneficiamento Móvel e a produção de Tecno-solo, reutilizando os argilominerais separados na concentração da bauxita, a empresa avança para estruturar o primeiro processo de concentração via úmida do mundo a produzir um solo pronto para aplicação imediata na reabilitação ambiental das áreas lavradas, sem qualquer geração de rejeito ou necessidade de barragens.
O projeto é desenvolvido em conjunto com a equipe do Departamento de Solos (DPS) da Universidade Federal de Viçosa (UFV), sob a coordenação do professor Ivo Ribeiro, e a empresa Haver & Boecker Latinoamericana (HBL).
Com características disruptivas e de circularidade, o Beneficiamento Móvel consiste em uma instalação compacta e semimóvel para a concentração da bauxita. O processo passará a ser feito nas proximidades das frentes de lavra, reduzindo as distâncias de transporte e as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEEs) e eliminando a geração de rejeitos e, consequentemente, o uso de barragens. Tampouco serão geradas pilhas de rejeito a seco, também sujeitas a vários limitantes de ordem ambiental.
Nesse novo modelo, os argilominerais são separados da bauxita e transformado dentro da usina em solo pronto e melhorado – o Tecno-solo -, que será imediatamente aplicado na reabilitação ambiental das áreas mineradas, gerando ganhos ambientais e de produtividade. A lavra da bauxita na Zona da Mata mineira difere das demais tipologias de mineração por ser pontual, superficial, temporária e progressiva.
O processo de lavra e de recuperação das áreas são desenvolvidos praticamente de forma concomitante, viabilizando a aplicação imediata do Tecno-solo à medida que o mesmo for produzido. Com isso, o produtor rural cuja propriedade passar pelos processos de lavra e reabilitação ambiental com o Tecno-solo receberá uma área ainda melhor que o processo atual –por meio de técnicas de reabilitação ambiental aprimoradas em conjunto com a UFV, a CBA já devolve a propriedade ao produtor rural áreas reabilitadas em condições melhores que as de origem, possibilitando retornar rapidamente à atividade produtiva.
Esse solo melhorado possibilitará ganhos nos fluxos hidrológicos, pela maior infiltração e menor repelência da água no solo, melhor desenvolvimento da cobertura vegetal, pela condição favorável ao crescimento das raízes e, por consequência, uma produtividade ainda maior das culturas , além de aprimorar a qualidade ambiental da propriedade rural, em função das técnicas embarcadas no processo.
O Tecno-solo viabiliza o retorno dos argilominerais para sua origem, com ganhos de qualidade ambiental, ao reaproveitar o material gerado na etapa de concentração da bauxita de modo que o mesmo possa ser utilizado como insumo para reabilitação ambiental do terreno minerado, particularmente em subsuperfície, recriando um horizonte de solo subsuperficial muito maior do que o original, acelerando a cobertura vegetal.
Segundo Christian Fonseca de Andrade, gerente das Unidades de Mineração da CBA na Zona da Mata mineira, houve avanços significativos com a aplicação do Tecno-solo em áreas experimentais que passaram pelo processo de lavra. “Poder contar com toda expertise desenvolvida em conjunto com a UFV nos processos de reabilitação ambiental, associada à aplicação em campo das receitas deste ‘novo solo’ , nos propicia amadurecer a nova forma de reabilitar e, principalmente, trazer elementos para planejar a transição tecnológica entre o modelo atual e o futuro com aplicação do Tecno-solo”, afirma.
HISTÓRICO
A ideia de uma peneira em substituição ao scrubber (equipamento utilizado para transformar o minério extraído em uma polpa) surgiu em 2012, entre a CBA e a Haver & Boecker , a qual sugeriu à época o desenvolvimento de um sistema similar ao utilizado no xisto betuminoso no Canadá. Três anos depois, o projeto implantou na Unidade de Miraí uma usina-piloto.
Já em 2017, com o objetivo da inclusão da etapa de separação sólido-líquido na planta-piloto, vindo a produzir uma “torta de argilominerais”, surge a ideia de desenvolvimento do Tecno-solo. No início do ano passado, a CBA obteve junto ao órgão ambiental licença para transferir a sua planta-piloto para uma frente de lavra no município de São Sebastião da Vargem Alegre, permitindo avaliar todos os parâmetros em um ambiente real e controlado.
RESULTADOS DO TECNO-SOLO
Os estudos foram conduzidos em conjunto com a UFV em áreas experimentais. Segundo o professor Ivo Ribeiro, os primeiros resultados apontam para maior produtividade das culturas agrícolas e florestais na região, além de favorecerem os fluxos hídricos e a captura de carbono. “Na atual área experimental, em uma mina exaurida localizada em propriedade rural do município de São Sebastião da Vargem Alegre, estamos simulando algumas receitas de maior sucesso desenvolvidas na Casa de Vegetação, e os resultados iniciais indicam que as doses de aglomerante orgânico ideal deve ficar abaixo de 5% para área com gramínea forrageira (primeiro ano), o que garantirá o início da recuperação da qualidade estrutural, química e biológica do Tecno-solo, suportando um ótimo crescimento de planta e sem comprometer a qualidade da água subsuperficial.
Finalmente, além de todos esses benefícios, tem se detectado uma elevada potencialidade do Tecno-solo sequestrar e estocar carbono no curto e longo prazo. Os números vêm sendo avaliados pela equipe da UFV, mas os resultados iniciais já se mostram positivos”, frisa o professor, que neste projeto conta com a parceria dos professores Rafael Teixeira e Raphael Bragança.
ELIMINAÇÃO DE BARRAGENS
O Beneficiamento Móvel trará a circularidade para o processo de extração de bauxita e uma série de vantagens para toda a cadeia de operação da CBA, já que as instalações podem ser facilmente desmontadas e movimentadas para novas frentes de lavra da região. “Estamos caminhando para sermos a primeira mineradora de bauxita metalúrgica a implantar um processo de concentração via úmida sem a geração de rejeitos durante o processo de beneficiamento mineral. Também seremos a primeira e única mineração no mundo a produzir solo enriquecido para aplicação imediata na reabilitação ambiental”, comemora Christian Fonseca de Andrade. Os argilominerais segregados da bauxita no beneficiamento mineral via úmida passam pela etapa de desaguamento em centrifuga decanter.
Posteriormente, mas ainda dentro do processo industrial, são combinados com insumos orgânicos e minerais, formando o Tecno-solo, de onde saem para aplicação imediata nas minas de reabilitação ambiental, retornando assim à sua origem, mas de uma forma melhorada. A primeira vantagem do Beneficiamento Móvel está na etapa de desagregação da bauxita, na qual o equipamento é substituído por uma nova tecnologia que consome menos água e energia, fazendo a desagregação com jatos de água de alta pressão, ao invés do scrubber. Atualmente, o consumo na Usina de Beneficiamento da Unidade da CBA em Miraí é de 2,5 m³ de água por tonelada de minério beneficiado produzido. No Beneficiamento Móvel, a expectativa é reduzir o consumo de água em torno de 1,7 m³. Ainda vale ressaltar que 100% da água será reaproveitada no processo de concentração.
A operação da usina-piloto com diversos fabricantes do equipamento aponta que é uma alternativa viável, muito melhor do que a disposição hidráulica em barragem. Além disso, com a aproximação da usina às frentes de lavra, a circulação de caminhões diminui, contribuindo para a redução das emissões de CO², visto que, atualmente, no modelo tradicional, a distância média de transporte da mina até a Usina de Beneficiamento é de 12 km, e com o Beneficiamento Móvel passará para algo em torno de 3km.
A expectativa é que as novas tecnologias envolvidas no processo do Beneficiamento Móvel recebam investimento ao longo dos próximos anos, permitindo a transição do modelo tradicional pelo novo modelo de mineração. O desenvolvimento do Beneficiamento Móvel com a produção de Tecno-solo está diretamente atrelado ao objetivo de zerar a disposição de rejeitos em barragens, um dos propósitos listados na Estratégia ESG da CBA.
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