Em meio à mobilização crescente por mais inclusão, equidade e diversidade (DEI) na mineração, o Ibram dará início a um censo para mapear a atual situação do setor nessa área, disse à revista Minérios e Minerales a diretora de Relações Governamentais da Kinross do Brasil, Ana Cunha, que também é conselheira do instituto. “Precisamos saber de onde estamos partindo para alcançar as próximas metas e dar os novos passos nesse trabalho de inclusão”, disse Ana Cunha.

A medida foi anunciada pelos dirigentes da entidade no Diversibram – Semana de Diversidade e Inclusão da Mineração do Brasil – no momento em que o setor celebra a expansão de 13% para 15% do número de mulheres na mineração brasileira em 2021, como foi divulgado no evento pelo movimento Woman in Mining Brasil.

A Diversibram foi realizada pelo instituto, de forma online, entre os dias 14 e 18 de março. “Há três, quatros anos, quando apresentávamos a proposta do tema DEI para o ambiente da mineração, tínhamos uma dificuldade até para pautar o assunto. Hoje, quando colocamos essa demanda nos nossos eventos, são os mais concorridos por iniciativa das empresas, que têm interesse em mostrar o que estão fazendo”, afirma o diretor de Comunicação do Ibram, Paulo Henrique Soares.

Uma das metas estabelecidas pelas mineradoras associadas ao instituto é dobrar o número de participação das mulheres no setor mineral até 2030. Empresas com o percentual atual abaixo de 13% devem chegar a 25%; mineradoras com percentual atual entre 13% e 20%, devem dobrar esse número; e as organizações que atualmente tem mais de 20% de mulheres no seu quadro de funcionários devem aumentar para 45%.

Patrícia Procópio, presidente do Women in Mining Brasil (WIM Brasil), apresentou alguns números presentes no 1º Relatório de Progresso do Plano de Ação de Avanço das Mulheres na Mineração. “Apenas 15% da força de trabalho é feminina, o que representa uma alta de dois pontos percentuais na comparação com 2020. A presença delas em conselhos executivos é de 11% e nos conselhos de administração, 16%
“O relatório traz números muito sérios que mostram a fragilidade do nosso setor em relação à participação das mulheres na mineração. Temos um longo caminho. A gente precisa mudar, aumentar o engajamento, juntar as pessoas que são parte disso. Quando o Ibram coloca essa meta como compromisso, cria-se não somente um movimento de DEI no setor, mas todo um sistema de discussões e práticas, que é muito enriquecedor”, ressalta Procópio.

Para o diretor executivo de Finanças da Mineração Caraíba, Eduardo de Come, o setor mineral ainda é muito tradicional e sempre teve uma vanguarda técnica. Entretanto, quando se fala em DEI nas empresas é necessário evoluir. “É um desafio muito complexo a ser superado para que o nosso setor possa garantir que, finalmente, as pessoas sejam tratadas, reconhecidas, valorizadas da mesma forma, independente de gênero, orientação sexual, etnia. Estamos só começando”, avalia o diretor.

Come ainda fala sobre o trabalho que a Mineração Caraíba vem desenvolvendo nos últimos anos em prol da DEI. “As nossas instalações são da década de 70, quando esse tema nem era cogitado. Temos trabalhado para adaptar a empresa para que a DEI aconteça de forma efetiva e que a gente possa, junto ao IBRAM e às outras empresas do setor, colaborar para que, de fato, a inclusão e a diversidade saiam do campo e ideias e virem realidade nas nossas empresas”, afirma.

Marina Antwarg, gerente de gestão de talentos da Mosaic Fertilizantes e coordenadora do Grupo de Trabalho (GT) Diversidade e Inclusão do IBRAM, finaliza ressaltando a relevância da Diversibram para a indústria mineral. “É um marco extremamente importante de um processo de educação da DEI do setor mineral. Temos um desafio enorme para os próximos anos e o trabalho do GT do IBRAM continua a todo vapor”, ressalta.