A presença feminina em todos os setores das indústrias e organizações, já não é apenas uma tendência, mas uma realidade no mundo corporativo. De acordo com o especialista, David Braga, CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent, empresa de busca e seleção de executivos, que atua em todos os setores da economia na América Latina, não há mais espaço para empresas com práticas machistas e excludentes.

“Nos processos seletivos, há uma crescente busca por diversidade, em todas as esferas e, principalmente, de ideias. Ignorar essa questão pode levar ao fracasso e à falência das organizações, uma vez que os consumidores exigem diversidade e inclusão de forma contundente”.

Isso significa, por exemplo, ir atrás de colaboradoras dispostas a ocupar posições historicamente dominadas por eles, como motorista de caminhão. Foi assim com Gesinéia Costa Azevedo, 31 anos, que se tornou a primeira condutora de carreta da Aperam BioEnergia, empresa que produz energia renovável para a siderúrgica Aperam.

Se por um por um lado a empresa buscava diversificar seu time, por outro, Gesinéia, que sempre gostou de desafios, havia acabado de concluir a habilitação na categoria E – ela dava aulas de direção em uma autoescola de Capelinha.

“Eu não pensava em ser motorista de caminhão. Tirei a carteira porque queria melhorar meu currículo e já trabalhava em autoescola”. “Néia” conta que muitas pessoas falaram que ela não iria conseguir, porque tratava-se de uma profissão de “homem”.

“Estou muito orgulhosa por poder exercer uma função que é, em sua maioria, executada por homens, e o meu sentimento de gratidão vem do fato de a Aperam BioEnergia ser uma empresa em que todos da minha região têm o desejo de trabalhar. E agora eu consegui! Estou muito feliz em poder representar as mulheres nessa área”, comemora.

Ela dá um conselho para outras mulheres. “Gostaria de dizer para outras meninas que buscam posições tidas como masculinas que sigam em frente. Não desistam diante do preconceito. Não existe trabalho que é só para homem ou só para mulher. Você consegue”, ensina.

Jessica Fernandes Carvalho Sudário, 33 anos, também trabalha na Aperam, mas na siderúrgica de Timóteo (MG), em uma função que ainda hoje, segundo ela, “muitos dizem ser para homem”. Ela foi a primeira forneira da empresa – do alto forno 2 da usina, onde as temperaturas costumam bater os 1000 graus -, e se diz feliz porque agora tem duas colegas na mesma função.

“O apoio da Aperam para que eu pudesse conquistar o meu espaço foi fundamental. Desde tornar a área mais acessível para mim, construindo, por exemplo, banheiro feminino, a promover uma mudança de mentalidade junto aos colaboradores homens”. Assim como sua colega do Jequitinhonha, Jessica aconselha mulheres que buscam seus espaços que não desanimem diante do machismo. “Essa é uma mudança cultural, leva tempo, por isso precisamos persistir”.