Por Osvaldo Conegundes
Após o rompimento de duas barragens em Mariana (MG) e Brumadinho (MG), Macacos (MG) e Ouro Preto (MG) acabam de entrar em alerta máximo para risco de rompimento. Os recentes acontecimentos têm fomentado a discussão sobre a importância da manutenção preventiva realizada nestes locais e nos equipamentos utilizados para evitar novas tragédias.
A estrutura de uma barragem, assim como os equipamentos utilizados no controle da vazão de água, é projetada para durar e operar em longo prazo. Por isso, é imperativo que a segurança e o desempenho sejam garantidos durante todo o intervalo de vida útil estabelecido para o barramento. Ferramentas como piezômetro e sensores de nível de pressão podem ser utilizadas em diques, na medição preventiva de vazão de rios, em áreas sujeitas à movimentação de terra e em barragens de rejeitos. Estes sensores são aplicados para monitorar o deslocamento da barragem, bem como o nível de água e a tendência de aumento de carga e esforço na estrutura devido à adição da água, que pode ocorrer por conta de chuvas ou outras características do local.
Equipamentos como calibradores podem ser aplicados para realizar a calibração dos sensores de pressão e dos piezômetros. As barragens possuem sensores que mensuram o nível da água e dos rejeitos por meio da pressão. Para que a medição seja realizada corretamente os sensores precisam ser calibrados de tempos em tempos para assegurar a assertividade da medição do nível real da barragem. Por exemplo, quando a barragem é influenciada por uma chuva que pode aumentar o nível de água, o sensor deve estar apto para medir essas variações de níveis.
Quando um engenheiro percebe que o sensor da barragem não esta medindo corretamente, é necessário que a calibração seja realizada em campo. Além disso, é preciso ficar atento ao sinal de 4 a 20 mA, que deve ser checado constantemente, já que a comunicação entre o sensor e a sala de controle ou medidor pode ser interrompida. Assim, calibradores qualificados devem checar se a comunicação ou o loop de corrente está ativo, entre o sensor e o indicador.
Para verificar se o loop de corrente está descontinuado, os técnicos não precisam desligar os cabos para realizar essa verificação do loop. Geralmente, quando essa medição acontece, esse profissional acaba realizando a desconexão dos cabos, para conseguir realizar a verificação. Entretanto, atualmente, já existem ferramentas que conseguem fazer a medição preventiva sem que os técnicos precisem desconectar os cabos.
Desta forma, o profissional consegue engatar a ferramenta em um dos cabos e verificar se existe a passagem de 4 a 20 mA. Esta é uma questão crítica, pois por tratar-se de equipamentos de segurança, em alguns casos, se o técnico desconectar não será possível obter informações com relação à medição de nível. Por isso, é fundamental que o cabo nunca seja desconectado.
Desta forma, os técnicos precisam ficar atentos e utilizar instrumentos de medição que sejam seguros e qualificados para avaliar a estabilidade de taludes e aterros, verificar o comportamento e segurança de obras de contenção para por fim, determinar a necessidade e prazo para medidas corretivas.
A garantia da durabilidade das estruturas impõe a aplicação de procedimentos de inspeção, conhecimento do mecanismo e consequentemente, a adoção da decisão correta no momento certo, para execução adequada de serviços de manutenção e reparo. A manutenção preventiva tornou-se mais do que apenas prevenir problemas, pode salvar vidas.
Osvaldo Conegundes é Gerente de Produto da Fluke do Brasil, companhia líder mundial em ferramentas de teste e medição.
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