Augusto Diniz, Santiago (Chile)

A empresa dinamarquesa FLSmidth vê potencial de crescimento no Brasil, principalmente na otimização de plantas de mineração, digitalização de processos e soluções para projetos de menor porte, que estão em desenvolvimento no país.

Durante encontro com a imprensa em Santiago, capital chilena, no último dia 5, a companhia expôs focos de atuação na América Latina e o esforço realizado pela empresa nas últimas décadas para ampliar mercado na mineração.

Criada em 1883, 100 anos depois a empresa percebeu potencial de expansão no mundo na área de mineração, fruto de um ciclo de alta vivido pelo setor. Nos anos 1990, 70% dos negócios da FLSmidth eram voltados para atender o segmento de cimento e 30% à mineração.

Hoje, a atuação na área de mineração ultrapassou a de cimento, passando a representar 60% de suas transações comerciais – com o restante voltado ao segmento de cimento. Projetos em clientes centrados em aumento de produtividade impulsionaram o desempenho positivo da companhia na mineração.

Parte desse incremento foi possível a partir de ações de aquisições da empresa, no final dos anos 1990, tornando-se líder em alguns nichos. O objetivo central da nova política da empresa foi expandir os negócios na América Latina, África, Ásia Central e Índia, mercados em ascensão na indústria mineral global.

Uma das marcas da FLSmidth que se tornaram conhecidas na América Latina foi a Krebs de bombas, ciclones e válvulas.

E um dos progressos da empresa foi oferecer melhorias na produção do moinho SAG, que é sempre um fator de restrição no processo mineral. A companhia passou a colocar no mercado o moinho com revestimento composto de cerâmica de borracha ao invés de revestimento de aço. Isso melhorou a descarga de lama em seis por cento em alguns clientes da empresa.

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Avanço da tecnologia

Na década presente, a mineração foi atingida fortemente por práticas com auxílio da tecnologia digital objetivando melhorias no beneficiamento, em meio às necessidades de adequação e redução de custos do setor em suas operações.

Nessa direção, a FLSmidth realizou (e ainda realiza) a aproximação com novos mercados se centrando no oferecimento de soluções integradas, suporte no ciclo de vida, aumento da especialização, transformação digital e otimização de ativos.

A companhia, por exemplo, lançou o programa full flow sheet, que é uma linha completa de soluções para atender o fluxograma tanto para a área de cimento como de mineração, envolvendo equipamentos como moinhos SAG e bolas, ciclones, bombas, central de flotação, espessadores, filtros, entre outros itens que ela própria fabrica.

Na prática, a solução permite visão completa do ciclo de vida de equipamentos e processos, alcançando-se alto nível de produtividade.

Uma central de monitoramento das operações recém-inaugurada em Santiago mostra também esforço da empresa em ampliar serviços às mineradoras na região.

A mineração tem aumentado a eficiência com monitoramento remoto dos equipamentos. Um contrato de serviços específico com a FLSmidth pode-se otimizar pró-ativamente o desempenho de operação, com monitoramento remoto contínuo, com ajustes de vários parâmetros nos equipamentos quando autorizado pelo cliente. O serviço combina suporte on-line, suporte presencial e treinamento.

Há pelo menos 50 equipamentos da empresa conectados no mundo. A transformação digital, na cartilha da FLSmidth, passa pela redução de energia, incremento da produção, redução da variabilidade e melhoras consideráveis nos serviços de manutenção.

Ainda no âmbito da digitalização, para a empresa, a otimização da moagem em circuito fechado, por exemplo, monitorando suas condições, num processo proativo de avaliar a saúde do equipamento, tem sido cada vez mais essencial na mineração.

Nesse campo, a empresa dispõe de uma ferramenta chamada SmartCyclone capaz de acompanhar as condições do sistema de otimização de processos, utilizando detectores de desgaste sem fio e sensores combinados.

Isso permite medição do ganho de eficiência operacional de ciclones individuais bem como todo o seu circuito, incluindo cabeamento e dados de desgaste. Com monitoramento das condições do fluxo da lama para cada ciclone individualmente, pode-se otimizar o tamanho das partículas a jusante, com impacto na flotação.

Outra solução da empresa é capaz de reduzir o tempo de parada da vida útil dos meios filtrantes. A prática remete à substituição do pano de filtro antes do limite de vida útil para se evitar falhas.

O sistema ainda detecta, localiza e alerta a violação de sólidos, maximizando a vida útil do tecido. A solução personaliza os limites para corresponder às características da lama. Caso a média de sólidos exceda o limite estabelecido, um alarme será acionado e o operador poderá ajustar rapidamente a posição.

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América do Sul

Andrés Costa, presidente da FLSmidth na América do Sul, diz que além de Chile, Peru e Brasil, a empresa também quer desenvolver os mercados do Equador, Colômbia, Paraguai e Uruguai.

Atualmente, 50% dos seus negócios na América Latina estão no Chile; 35% no Peru; 10% no Brasil e o restante dividido por outros países da região.

No Brasil, a empresa mantém escritório em Belo Horizonte (MG) e Votorantim (SP). A empresa vê foco na otimização de plantas no Norte do país, onde fará visitas já agendadas para apresentar soluções nesse campo.

Com a aquisição (concluída no ano passado) pela FLSmidth da área de mining system da Sandvik, onde as soluções dentro desse sistema estão instaladas no projeto S11D, da Vale em Carajás (PA), a dinamarquesa crê em oportunidade de avanço no Brasil com a oferta de tecnologia e competências de manuseios de materiais.

A implementação de digitalização no Brasil para ganho de produtividade nos mercados de ferro, cobre e ouro é visto como promissor pela multinacional.

Os equipamentos Summit Valley ADR, da FLSmidth, são capazes, na visão da empresa, de oferecer soluções completas em plantas de ouro, hoje em expansão no país, principalmente para dessorção e recuperação.

No campo de equipamentos para o segmento de cimentos, o fato de muitos empreendimentos serem antigos e ineficientes, também abrem oportunidade à multinacional no Brasil.

A queda da produção de cimento nos últimos anos no país – de aproximadamente 70 milhões anual para cerca de 50 milhões – abre possibilidades à FLSmidth para otimizar estes tipos de planta e torná-las mais produtivas.